segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Fedor volta contra zebra

Evento japonês mostra que russo merece oponentes mais fortes



Após o afastamento dos ringues com o fim do Pride, o peso-pesado nº1 do mundo Emelianenko Fedor retornou ao trabalho dessa vez encarando o gigante coreano de 2,18m Hong Man Choi na madrugada anterior no evento Yarennoka! apontado como sucessor de sua antiga casa.

Apesar da altura e do apelido de “Techno Goliath” (Golias Tecnológico em tradução livre) e de seus potentes socos, o campeão de sambo não aparentou ser nenhum Davi e finalizou no 1º assalto aos 1min54seg com um armlock.

Adversários para Fedor

Infelizmente os principais adversários para o russo estão no outro lado do mundo nas mãos de Dana White que alias não é muito fã dele Man Choi é uma boa oposição para Giant Silva, Bobby Sapp, Zuluzinho e outros super-pesados, essa foi sua segunda luta, na primeira derrotou o nigeriano Bobby Ologun que possui o cartel de duas vitórias e mesmo número de derrotas.

É possível que vejamos lutas de Emelianenko contra Josh Barnett que também não assinou com o UFC e de Randy Couture que após seu contrato com o evento gostaria de enfrentar o russo. É triste ver o maior predador excluído dos principais concorrentes.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Retrospectiva 2007


O que marcou o ano de 2007 no mundo das lutas

Este ano o mundo das lutas teve uma zebra africana nos ringues, a coroação do embaixador da paz e maior lutador de todos os tempos, o retorno de um veterano em uma luta lembrando o filme Rocky Balboa (2006) e também o regresso de um anti-herói para o cárcere.

Embaixador Muhammad Ali

Muhammad Ali é muito mais que um personagem do boxe, ele está eternizado na história. Em 2007 foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pela Children’s General Assembly (Assembléia Geral das Crianças) idealizada por ele juntamente com Peter Georgi, seu antigo consultor humanitário. A instituição dá voz à embaixadores mirins na ONU.

Chuck Liddell derrota Wanderlei Silva na luta mais esperada do ano

O clima de final de copa do mundo tomou o Mandalay Bay Events em Las Vegas no dia 29 de dezembro, E.U.A. O Cachorro Louco encarou seu principal rival o Homem de Gelo após uma espera de 6 anos. O campeão do Pride foi derrotado pelo moicano em uma decisão unânime. Com a vitória o estadunidense fica à um passo de desafiar Quinton Jackson pelo cinturão dos meio-pesados, já o paranaense cai na tabela.

Êxodo

Murilo Ninja e Maurício Shogun deixaram a Chute Boxe em dezembro, outubro foi a vez do Cachorro Louco. No passado lutadores importantes como Pelé, Assuério Silva, Nino Schembri, Gabriel Napão e Anderson Silva, atual campeão médio do UFC deixaram a equipe de Rudimar Fedrigo.

O fim de Ryan Gracie

Dezembro também ficou marcado como um dos capítulos mais tristes na história dos Gracies, o rebelde Ryan morreu na cela de uma delegacia em São Paulo, após voltar do hospital. O médico fez exames que indicavam consumo de crack ou cocaína, maconha e Frontal, um calmante. O campeão de jiu-jítsu foi preso por roubar um carro, uma moto, tentativa de furto de outro automóvel e esfaquear o proprietário do primeiro veículo.

Com sua morte sua equipe tem que definir seu rumo enquanto seus alunos ficam órfãos de seu sensei.

Evander Holyfield – O Desafio Supremo

Em uma luta amarrada contra Oleg Maskaev, Evander “Real Deal” Holyfield disputou o cinturão da Organização Mundial de Boxe no dia 10 de outubro na Rússia. A história que configurou a luta tem elementos de dois filmes de Sylvester Stallone, Rocky IV (1982) e Rocky Balboa (2006).
Assim como o Garanhão Italiano, o Real Deal seguiu para Rússia para enfrentar um adversário preparado pela forte escola russa de boxe, assim também como o herói cinematográfico em sua sexta aventura, o boxeador da vida real apresentava idade avançada, 44 anos.

A luta não teve muita emoção, mas serviu para mostrar que Ibragimov respeitou o adversário e não é o melhor campeão peso-pesado da atualidade. Em seu futuro encontro com Wladimir Klistchko no mês de fevereiro pela unificação dos cinturões da IBF, IBO e WBO em seu poder, ele provavelmente não sairá vitorioso.

Com essa luta Holyfield mostrou que ainda pode incomodar muita gente, mas basta saber se ele pode lutar sem passar vergonha por alguns anos ou se terá um fim triste como o do campeão meio-pesado Archie Moore que se arrastou nos ringues após seu primor.

Cho Yoi-Sam em coma

A véspera de natal foi marcada não apenas pela vitória de Cho Yoi-Sam que defendia seu título de boxe peso-mosca contra Heri Amol, mas principalmente por ficar em coma após o combate. O reflexo desse drama é o aumento de preocupação das condições do esporte e seus atletas.

Morte no telecatch

24 de junho foi a data da morte do pro-wrestler Chris Benoit que assassinou sua esposa e filho e depois se enforcou em sua residência em Atlanta no estado norte-americano da Geórgia. O performer passava por crise de depressão e uso descontrolado de anabolizantes, os quais a mídia americana culpou pelo incidente.

Apesar de participar de um show com lutas coreografadas como em um filme de ação, Benoit era conhecedor do submission wrestling e do amauter wrestling, ambos treinos durante sua infância, adolescência e vida adulta com a família Hart, famosos canadenses no cenário do pro-wrestling.

Em 28 de setembro o também pro-wrestler Brian Adams morreu devido ao uso excessivo de anti-depressivos e analgésicos.

Zebra Africana no vale-tudo

Este ano um africano treinado por Dan Henderson surpreendeu Minotouro com um nocaute em apenas 23 segundos e depois seu vingativo amigo Ricardo Arona também nocauteado com um minuto e meio de luta no tablado do Pride. Com o fim da companhia o judoca camaronês rumou para o UFC onde foi parado pelo invicto carateca brasileiro Lyoto Machida.

Fedor fora do número principal

Infelizmente não apenas para os fãs do vale-tudo, mas para o universo desse esporte Emelianenko Fedor não assinou com o UFC e não enfrentará a elite de sua categoria o que impede de fazer novamente as apresentações que empolgaram os entusiastas nos últimos anos. Dana White criticou o atleta, mas de acordo com o europeu as condições de contrato do evento eram insatisfatórias.

Couture, um veterano de guerra

Aos 43 anos Randy Couture derrotou em março Tim Sylvia pelo cinturão de peso-pesados do UFC e meses após o defendeu contra Gabriel Napão. Suas vitórias mostram que independente da idade a maturidade e o coração são mais influentes nas lutas de verdadeiros campeões. Infelizmente o Capitão América deixou o UFC por desentendimentos com o dirigente Dana White.

Diogo Silva abre o Pan

O taekwondoista Diogo Silva conquistou a primeira medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, mostrando que apesar das diversidades o Brasil pode florescer em outras modalidades que não sejam o futebol. Agora seu grito é por honestidade na confederação de Tae Kwon Do e assim como Aurélio Miguel fez no judô, o atleta pretende seguir seu exemplo. Infelizmente Diogo ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 em razão de sua agenda com a mídia.

O exemplo do judô brasileiro

Com uma administração e base honesta e coerente o país assiste a constante evolução do judô brasileiro no cenário mundial. Atletas consagrados como João Derly, João Gabriel Schlittler e Tiago Camilo são exemplos dos resultados do investimento feito por essa luta.

As outras modalidades poderiam seguir seu rumo se quiserem realmente evoluir, principalmente seu primo, o jiu-jítsu, que carece de seriedade.

RioHeroes

O evento RioHeroes chocou o Brasil ao ser mostrado pela Rede Record de Televisão, há anos o vale-tudo não ganhava tanta exposição na televisão aberta. O organizador Jorge Pereira se valeu de Nelson Rodrigues “A vida como ela é” e montou um espetáculo que remete o pancrácio da Grécia Antiga.

Os lutadores se enfrentam num tatame, sem luvas ou limite de tempo, como assinala Pereira “No Hollywood Stuff”. Os fãs do esporte se dividem entre aqueles que são totalmente contra, pois acreditam que impede a chegada do M.M.A à televisão aberta e aqueles que são a favor, pois assim eram as disputas feitas pelos Gracies décadas atrás.

Muitos veículos especializados em lutas criticaram Pereira, mas aproveitaram toda a movimentação para obter entrevistas com o homem por trás de tudo e seus lutadores. Como conseqüência da mídia negativa o lutador Flávio Álvaro foi feito de boneco de Judas, pois era o mais famoso nas arenas, além de alguns organizadores anunciarem que vetariam sua participação em eventos com luvas.

Cidadania que vem do córner

Nilson Garrido ganhou destaque na mídia por seu trabalho com excluídos sociais através de aulas de pugilismo embaixo do Viaduto do Café na Bela Vista na cidade paulista. Depois acabou ganhando um espaço no bairro do Brás na maior metrópole da América Latina.

Seus ensinamentos formaram um campeão sul-americano, um brasileiro e um paulista, além de melhorar a vida de 3 mil pessoas através da disciplina do esporte de Joe Louis.

A ascensão de Anderson Silva

Após o afastamento dos ringues do Pride três anos atrás e apresentações em eventos menores, O fã do Homem-Aranha causou impacto na luta contra Chris Leben no UFC – Ultimate Fight Night 5 e que o levou à vitória contra Rich Franklin e a conquista do cinturão de peso-médio do evento.

Silva que saiu da Chute-Boxe e montou sua própria esquadra é considerado o melhor lutador peso-por-peso por renomados críticos do esporte.

Fim do Pride

Com a junção do UFC e do Pride na compra dos irmãos Fertitta era esperado um encontro entre seus campeões e também que os japoneses continuassem tendo o histórico evento, porém ocorreu o contrário.

Órfãos do Pride em outubro, os apreciadores e lutadores devem recorrer à eventos como M-1, K-1 Heroes e Yarennoka! para apreciarem lutas de alguns dos principais lutadores que não assinaram com Dana White.

Os ringues do Pride foram palco de marcantes apresentações de Rickson Gracie, Wanderlei Silva, Maurício Shogun, Don Frye, Mark Coleman, Emelianenko Fedor, Mirko Cro Cop, Minotauro, Hidehiko Yoshida, Kazushi Sakuraba, Murilo Bustamante, Paulo Filho e Takanori Gomi.

Fuga frustrada dos boxeadores cubanos

Em uma fuga frustrada do regime de Fidel Castro, os pugilistas Guillermo Rigondeaux Ortiz e Erislandy Lara Santoya tentaram escapar durante o Pan do Rio. Incrivelmente a polícia brasileira mostrou uma eficiência jamais apresentada em defesa ao seu próprio povo, mas quando entram os interesses de Castro e Cuba foram mais rápidos que capitães do mato.

De qualquer maneira Rigondeaux e Santoya não estariam fechando contrato com um empresário honesto, mas sim com uma figura tida como desonesta no meio do boxe. Infelizmente também acabaram tendo seu direito de ir e vir podado pelo líder latino.

Mike Tyson volta à cadeia

Após ser preso por consumo de cocaína enquanto dirigia, o Homem Mais Temido do Mundo voltou ao cárcere por um dia e foi condenado a prestar serviços comunitários e ficará três anos em condicional.
Listado como 14º maior peso pesado de todos os tempos da Ring Magazine, Tyson foi o mais jovem campeão do esporte com apenas 20 anos e 4 meses. Tyson é ídolo de muitos por seus nocautes, porém com a morte do seu técnico e figura paterna Cus D’Amato sua vida se perdeu.

Bom 2007 foi repleto de baixos momentos, mas principalmente vimos a glorificação de lutadores dentro e fora dos ringues. Outros fatos importantes ocorreram neste ano, mas se eu me estender muito você pode ficar entediado. Agora vamos ver o que 2008 guarda para nós.

Abraços e Feliz 2008

Foto: Museu Nacional de História Americana

sábado, 29 de dezembro de 2007

Entrevista com Joice Silva



Como lutadora a Educação Física me ensinou a cuidar melhor da saúde do meu corpo

Joice Silva é fruto de um projeto social para crianças carentes no bairro de Quintino na zona norte carioca onde o técnico Cássius Marcelo começou a moldar uma das principais wrestlers das Américas. Nos Jogos Pan-Americanos do Rio não passou das quartas de final terminando com o 8º lugar na categoria até 55kg, mas 2007 foi também o ano que ela venceu dois torneios importantes no Canadá: o Toronto Open e o Concórdia International Invitational.

Entre sua carreira de apenas seis anos já figuram seis títulos nacionais e duas medalhas de bronze em edições de Pan-Americanos de wrestling 2005 e 2006. Em entrevista ao Córner do Leão a lutadora revelou seu início, o caminho para o Pan, treinos no Canadá e o que acha de cotas para negros nas universidades.

Como foi seu início nas artes marciais?

Comecei treinando jiu-jitsu na aula de Educação Física no ensino médio. Meu professor foi Cássius Marcelo. Escolhi a modalidade por curiosidade, pois ouvia falar muito, mas não sabia o que era. Depois de dois anos que já praticava conheci a luta olímpica. Meu professor de Jiu-Jitsu me falou sobre a modalidade e disse para que eu treinasse também. Então fui até a Gama Filho e comecei a treinar com o Jeferson Teixeira depois veio o professor Gilberto Arbués, com quem treino até hoje.

Entre as modalidades que treina qual é a sua favorita? Qual sua graduação nelas?

A favorita é a que tem me dado muitas felicidades, me permitiu viajar por vários países, conhecer pessoas e outras culturas diferentes e até estudo me proporcionou. Atualmente tenho meus objetivos voltados para a luta olímpica, logo ela é prioridade para mim. Treino há seis anos e não temos graduação. Além da luta treino submission na Black House. Sou faixa marrom de jiu-jitsu, mas faz anos que não coloco um quimono pra treinar, mas também sou apaixonada, porém tenho que estabelecer as prioridades.

Pensa em competir no vale-tudo?

Já penso nessa possibilidade sim.

Você sempre acreditou na possibilidade de disputar os jogos Pan-Americanos do Rio?

Depois que perdi a seletiva para os Jogos Pan-americanos de Santo Domingo em 2003, já sabia quais eram os passos que tinha que dar e então tracei meus objetivos. Sempre acreditei que podia chegar lá.

Como foram seus treinos para entrar na seleção brasileira?

Foram feitos alguns campeonatos qualificatórios para se formar a equipe que ia disputar os Jogos Pan. Os pontos iam se somando e no final entraria aquela que tivesse o maior somatório. Então me preparava para cada campeonato de uma vez. Sempre buscando montar uma tática para cada adversária que eu fosse enfrentar.

Atualmente treina no Canadá. Como são os treinos?

Passei uma temporada de dois meses no Canadá para intercâmbio. Os treinos são divididos em físico e técnico. O físico se compõe de corridas, natação, musculação e o treino técnico de posições e luta.

E as condições dos locais de treinos diferentes das que você tinha no Brasil?

Muito diferente sim. Lá as instalações são da melhor qualidade com tudo que um atleta precisa para se desenvolver bem. Aqui no Brasil muita coisa tem que ser adaptada. Inclusive o local de treino.

E quanto aos wrestlers, como é o estilo do canadense de lutar e o do brasileiro?

Existe sim diferença, mas sinceramente não sei te responder essa pergunta. Acho que é porque o atleta tem muitas características do seu professor. No clube onde estava o professor é russo, logo seus alunos têm estilo diferente dos outros canadenses.

Conte como foram suas conquistas nos campeonatos sediados no país:

Participei de três campeonatos, sendo campeã em dois e vice em outro. Lutei contra as segunda e terceira melhor atleta de lá além de outras meninas bem técnicas e fortes. Foi um ótimo intercâmbio.

Acredita que projetos sociais na evolução da nação?

Acredito que projetos sociais podem ajudar na evolução social sim. Mesmo que não aconteça para toda uma sociedade, pelo menos ele pode interferir na vida de algumas pessoas.

Além de ser atleta, você é universitária e cursa Educação Física. O que o conhecimento acadêmico agregou a sua carreira de lutadora?

Formei-me em 2006 pela universidade Gama Filho. Como lutadora a Educação Física me ensinou a cuidar melhor da saúde do meu corpo. Perceber quando um exercício pode prejudicar ou quando pode não estar fazendo efeito. E tudo de positivo que estudar pode trazer a uma pessoa.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apenas 2% dos universitários no país são negros. A política de Cotas possui apóio e desaprovação de grupos de movimentos negros. Qual a sua opinião sobre a medida?

Enquanto as escolas públicas não puderem disputar em igualdade com cursinhos e escolas particulares acho as cotas devem continuar sim.

Foto: Arquivo Pessoal

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Dr. Casca-Grossa

Orgulho acima do ouro no ringue

O ringue armado embaixo do viaduto recebeu algumas lutas insossas naquela tarde de sábado, o campeonato de amadores na quinta-feira foi mais emocionante. O dia chuvoso e cinzento ajudou a tirar o ânimo dos poucos espectadores sentados em suas cadeiras de plástico doadas pelos bares das esquinas.

A música no último volume anunciava a entrada do ex-desafiante ao cinturão nacional dos peso-pesados, ele mudou para a categoria de cruzadores, precisava de um oponente, porém “é difícil achar gente corajosa hoje em dia”. Do fundo surgiu uma figura de musculatura densa, braços de super-herói, estava em sua melhor forma.

Os fãs mal escutaram o nome do adversário, subiu ao ringue um homem alto que pode ser considerado forte, mas nada extraordinário, não tinha sapatilhas então usou sapatos e para completar um “shorts que ele deve ter vindo direto do churrasco, olha a pança dele” gritou um pugilista profissional na platéia.

Uma seqüência de gargalhadas se seguiu, uma chegava a ser a de um louco, pois não parou durante o combate inteiro, o jovem estava sofrendo um ataque de risos. “Aff... O cara trouxe o filho pra vê-lo ser surrado”, o mesmo pugilista que criticou sua indumentária ria de sua conduta. O garoto estava ao lado do ringue e a cena parecia saída do filme O Campeão.

Aquele lutador era um caso inesperado, um novato com mais de 40 anos que estava lá para testar o seu valor, mas diferente dos outros homens maduros que buscam adversários de semelhante idade este topou encarar um dos principais nocauteadores da região. A cada soco de seu algoz, um som de agonia, seguido pela gargalhada do louco.

O que se seguiu no ringue foi um massacre, mas o homem que foi bombardeado pelo canhão de um tanque Panzer não se rendeu de joelhos. Jogaram a toalha, mas ele não pediu e sentiu-se frustrado pelas atitudes de seus segundos. O outro não foi em nenhum momento covarde, apenas cumpria sua tarefa.

Daquele sábado aquele foi o homem de maior valor, alguns “atletas” se jogavam ao chão para receberem sua bolsa sem se machucar muito.

O gladiador anônimo abraçou seu executor ao término da contenda, não guardava rancor, pois estava feliz, escutou que foi um dos mais corajosos que já subiram no ringue com ele. Acostumado com as batalhas verbais nos tribunais e firmas de advogados, seus olhos, músculos e coração clamavam por um combate real e foi isso que o colega de luvas lhe deu, a chance de se sentir vivo.

O boxe é muito mais que cinturões, troféus, medalhas, coroas, cetros, ele é o orgulho do ser humano que entra no ringue, e naquela tarde um combatente venceu, porém outro ganhou algo mais importante, o direito de erguer sua cabeça e dizer “eu fiz”. Muitos “campeões” que se escondem atrás de cinturões e cifras, mas poderiam aprender algo com esse verdadeiro CAMPEÃO.



Foto: Dr. Marcelo de Jesus Cortez (centro) e Pedro Otas (direita)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Wanderlei Silva X Chuck Liddell


A luta mais esperada do ano

Para encerrar 2007, o Ultimate Fighting Championship colocará no dia 29 dois dos maiores gladiadores na sua jaula, Wanderlei Silva e Chuck Liddell. Não se trata de uma disputa de cinturões, mas sim do próprio orgulho. Assim como Muhammad Ali e Joe Frazier lutaram em 1975 na sua terceira disputa pela qual estava em jogo algo maior que a coroa dos peso-pesados.

No passado os dois já demonstraram vontade de se enfrentar numa luta de campeão contra campeão, o Cachorro Louco representando o Pride e o Homem de Gelo defendendo o UFC. Tudo ficou nas provocações e nas trocas de empurrões.

Agora a dupla estará na mesma jaula, vindos de duas derrotas consecutivas e quem sair vencedor volta a ser considerado um desafiante pelo cinturão dos meio-pesados em poder de Quinton “Rampage” Jackson, este que justamente derrotou Liddell pelo cetro. Quem perder fica no limbo e terá que fazer boas lutas para voltar a cena.

Se Liddell perder terá menores chances de voltar ao cenário como desafiante já que está com 38 anos enquanto o rival tem 31.

Estratégia

Tanto Silva quanto Liddell são bons trocadores, porém o primeiro é mais agressivo enquanto o contra-ataque do segundo pode ser uma ameaça em cima da impetuosidade da iniciativa. O Iceman não é um grappler que não se garante contra um franco atirador, ele sabe muito bem o jogo de socos e chutes.

Wanderlei Silva possuí uma faixa-preta de jiu-jítsu, mas não é um grande jiu-jitsuca e pode encontrar dificuldades para colocar o oponente no chão, pois Liddell tem passagem pelo wrestling desde garoto e principalmente nos anos universitários. Mesmo não sendo do nível de Matt Lindland ou mesmo de Ken Shamrock, o treinamento de luta olímpica nos E.U.A está muito além do nível brasileiro.

Um dos trunfos do curitibano reside nos treinos com Randy Couture que já perdeu e derrotou seu adversário. Assim como o Capitão América dos gibis ensina os outros super-heróis a lutar, o do M.M.A pode ter dado dicas importantes ao “Axe Murderer”.

Silva tem 37 vitórias, sendo 21 nocautes, 7 derrotas, 1 empate e 1 No Contest, enquanto Liddell contabiliza 20 vitórias com 13 nocautes e 5 derrotas.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Jack Johnson


Jack Johnson

Eu sou Jack Johnson. Campeão mundial dos peso-pesados. Sou negro, eles nunca me deixam esquecer disto. Eu sei que sou negro! Eu nunca os deixarei esquecerem disto.” – frase atribuída a Jack Johnson no disco "Tribute to Jack Johnson" de Miles Davis.

Em 26 de dezembro de 1908 há exatamente 99 anos atrás, Jack Johnson derrotou Tommy Burns pelo cinturão dos peso-pesados do boxe. O pugilista foi o primeiro negro a conquistar o título e conforme Ken Burns autor de um documentário sobre sua vida: “Por mais de treze anos Jack Johnson foi o mais famoso e mais notório afro-americano na Terra”.

Nascido John Arthur Johnson no dia 31 de março de 1878 em Galveston, Texas, filho de ex-escravos e membros da religião metodista Tina e Henry e irmão de outras cinco crianças, já era controverso desde pequeno quando na escola questionou a existência de Deus e o domínio da igreja sobre a vida das pessoas. Sua educação foi formal por cinco anos e o resto complementou sozinho, gostava dos livros de Alexandre Dumas e da biografia de Napoleão Bonaparte com quem se identificava.

Com 15 anos conquistou sua primeira vitória no ringue e em 1897 já era profissional, seu estilo prezava o contra-ataque, esperava um vacilo do oponente para favorecê-lo, diferente dos seus contemporâneos, mas conforme a passagem dos rounds tornava-se cada vez mais agressivo.

Em 1901, recebeu uma lição de boxe do veterano Joe Choynski, lutador fumante e na época com 32 anos, sendo nocauteado no 3º assalto. O durão James J. Jeffries descrevia Choynski como o dono do soco mais duro que o atingiu em sua carreira.

Como combates profissionais eram proibidos no Texas, ambos foram presos e a fiança era de US$ 5 mil, mas nenhum podia pagar. O xerife permitiu que ambos fossem para casa de noite, porém deveriam fazer sparrings na cela, uma enorme plateia ia assistir aos treinos. Após 23 dias o tempo de cárcere foi reduzido e o grande júri recusou indiciar ambos. O negro Johnson teve no branco Choynski seu primeiro grande desafio e também seu grande mestre que lhe ensinou dentro da cadeia não só a brigar, mas o jogo do boxe.

Jack Johnson (esq.) e Joe Choynski (dir.) / (foto: Chicago Daily News)

Seu estilo era tido como “covarde” pela imprensa branca, porém o ex-campeão Jim Corbett lutava da mesma maneira e era vangloriado como “O homem mais inteligente do boxe”. O primeiro cinturão do rebelde Johnson veio contra Ed Martin em 1902 o título de Campeão de Cor dos Pesos-Pesados (apenas para negros). O atual campeão mundial James. J. Jeffries se recusava uma lutar com ele por racismo.

Contando com vitórias sobre nomes renomados como o ex-campeão do mundo Bob Fitzsimmons, ele finalmente teve a oportunidade de enfrentar o então detentor da coroa Tommy Burns em Sydney, Austrália. Com 20 mil espectadores conseguiu um nocaute técnico após uma surra no oponente.

Após essa luta Burns ficou taxado como o homem que falhou com a própria raça. Então James J. Jeffries voltou de sua aposentadoria para enfrentá-lo. O campeão já derrotará um numeroso contingente de desafiantes brancos. Até mesmo o jornalista e escritor Jack London que era socialista pediu por uma “Esperança Branca” capaz de aniquilar sua vida. Com a superação sobre Jeffries, os negros celebraram em encontros e acabaram sendo linchados em todos os cantos da América por aqueles que não aceitaram o resultado. O saldo foram 25 pessoas mortas (23 negros e 2 brancos).

O que pouco se menciona em suas biografias é que evitava adversários negros, principalmente Sam Langford que era a maior ameaça ao seu reinado e foi considerado pelo editor da Ring Magazine Nat Fleischer um dos dez melhores peso-pesados de todos os tempos. Outro fato não exposto muito nos livros é que seu último combate foi uma revanche concedida para o compatriota Brad Simmons em 1931, e após simularem alguns golpes no qual Simmons cairia a luta foi declarada como nocaute no 2º assalto, após o resultado controverso ambos foram banidos de se apresentar em qualquer ringue no estado de Kansas.

Em 1915 Johnson perdeu sua coroa em Havana, Cuba para Jess Willard por um nocaute no 26º round de uma luta de 45 assaltos. Durante sua carreira o campeão dos negros fez fortuna não apenas com as bolsas, mas também com merchandising de diversos produtos.

Johnson gostava de automóveis esportivos e mulheres brancas, foi casado duas vezes e teve diversas amantes. Seu jeito era para provocar os modelos de sua sociedade. Certa vez foi preso por sair do seu estado para outro transportando em seu carro uma branca. A polícia alegou que era tráfico de prostituta e lhe foi imputada a sentença de um ano na penitenciária, onde desenvolveu uma ferramenta que foi patenteada.

Lutou até os 46 anos e manteve um cartel de 92 vitórias, sendo 51 por nocaute, 14 derrotas, 11 empates e 14 No Contest. Foi um erudito quebrando também o paradigma de que lutadores são burros, gostava de ópera e história. Faleceu em 10 de junho de 1946.

Legado

Jack Johnson foi mais que um campeão, é um legado cultural. Sua história está eternizada em The Great White Hope (1970) com James Earl Jones foi indicado ao Oscar pela interpretação de Jack Jefferson, personagem inspirado no biografado deste texto. Em 2005 Ken Burns fez um documentário chamado Unforgivable Blackness: The Rise and Fall of Jack Johnson baseado no livro homônimo de Geoffrey C. Ward.

Por causa dele Joe Louis foi privado de lutar pelo cinturão de peso-pesado até provar que podia se comportar de maneira aceitável para os brancos, o Brown Bomber de Detroit evitava a companhia de mulheres não negras.

Muhammad Ali teve uma leve influência do campeão do passado, ambos eram contestadores do sistema, só que o Maior de Todos tinha uma consciência racial que faltava ao seu antecessor.

Graças a Johnson, os negros estadunidenses e depois do mundo começaram a contestar o sistema deixando de ser submissos, sua voz ecoa nos raps de Tupac Shakur e Public Enemy, nos filmes de Spike Lee, no tributo gravado pelo jazzista Miles Davis em 1970 (A Tribute to Jack Johnson).

O Gigante de Galveston como também foi chamado abriu portas não só para Ali, mas também para a existência de Larry Holmes, Floyd Mayweather, Mike Tyson e todos aqueles que com luvas lutam contra um sistema opressor de seu povo.

Foto: Livraria do Congresso Americano

Jack Johnson X James J. Jeffries

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Cho Yoi-Sam vence, mas termina noite em hospital


campeão da OMB Cho Yoi-Sam vence luta, mas segue inconsciente para tratamento

O pugilista sul-coreano Cho Yoi-Sam, campeão peso-mosca da OMB e ex detentor do cinturão do CMB derrotou na madrugada de ontem o indonésio Heri Amol em Seul. Conforme representantes do hospital da Universidade de Soonchunhyang o atleta sofreu uma lesão no cérebro e precisou passar por uma cirurgia.

Yoi-Sam foi declarado vencedor por decisão unânime dos árbitros, porém após o final do 12º round, o lutador caiu inconsciente. Recebeu os primeiros socorros no local e foi removido por uma ambulância em seguida.

Dirigentes da comissão de boxe sul-coreana anunciaram que estudarão novas medidas de segurança.

Acidentes no ringue

Não é este caso que vai mostrar que o boxe é um esporte que deveria ser banido. Corridas automobilísticas também têm alto índice de mortes, o último caso foi na Stock Car Light que envolveu o piloto Rafael Sperafico no dia 9 deste mês. O futebol mesmo que é uma paixão do povo tem seus atletas morrendo de parada cardíaca em pleno campo. Ambos os esportes não possuem críticos tão ferrenhos quanto os do pugilismo.

O filme O Campeão (1979) de Franco Zefirelli mostra a morte do ex-campeão Billy Flynn que ao retornar derrota seu adversário e morre em frente ao seu filho após a disputa. Morreu com a honra de um lutador, a despedida que a maioria gostaria de ter.

Dificilmente Cho Yoi-sam retornará ao tablado e se ele falecer... Bom morrerá com a honra de um gladiador.

Fonte: Terra
Foto: Cho Yoi-sam de vermelho e Heri Amol de Branco/AP

Cena do filme O Campeão

Nesta cena Billy Flynn (Jon Voight) morre no vestiário enquanto seu filho T.J (Ricky Schroder) se despede.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Educando o lutador mirim


As crianças encontram valores morais em tatames e ringues

“A educação tem como objetivo a formação do caráter”. O filósofo britânico Herbert Spencer (1820 – 1903) das escolas evolucionistas e positivistas fez essa frase que é aplicável às crianças e pais que buscam nas artes marciais um complemento para a formação.

Mas de acordo com o jornalista estadunidense Heywood Broun (1888 – 1939) “o esporte não construí o caráter, apenas o revela”. Em casos é possível ver campeões que agem de má fé dentro do ringue, como Mike Tyson ao morder a orelha de Evander Holyfield em 1997 ou o uso de esteróides anabólicos que resultam em tantos casos de doping expostos na mídia atualmente.

Acredito que tanto o filósofo como o jornalista estão certos, pois realmente já vi casos de dependente químicos e ex-criminosos tomarem rumos melhores assim como já vi falta de honra nesse meio.

Essa função cabe aos pais, professores, senseis, técnicos e todos aqueles que os jovens procuram como mentores. O Brasil e o mundo precisa de exemplos e isso é o que está em falta no campo esportivo que no passado fora tão rico.

Desejo nesse natal uma vida melhor para as crianças e futuros representantes do nosso país.

Foto: Carlos Balboa e Jaílton Souza (campeão brasileiro de boxe meio-médio-ligeiro pela FNBPB)

domingo, 23 de dezembro de 2007

Aprendendo em 10 lições


Manuais práticos infestam as bancas de jornal com promessas de ensinar a lutar

Toda banca de jornal que passo tem sempre uma sessão com diversas revistas de artes marciais que prometem ensinar o leitor a ser um praticante com apenas 10 lições. “Os golpes mais mortais da capoeira”, “Aprenda auto-defesa com mestre de jiu-jítsu”, “ninjitsu para iniciantes”. Alguma são realmente incrementadas com pôsteres e DVDs.

O que muita gente se esquece é que para aprender com esses manuais é necessário praticar a arte marcial, senão só de assistir aos filmes de Bruce Lee qualquer um poderia manejar o nunchaco e voar pelo ar direto contra o peito do oponente.

Livros com técnicas de combate são importantes principalmente quando são extensos e escritos por pessoas sérias, mas devem ser vistos como complementação ao aprendizado e não como curso.

Agora só falta o livro: A arte do Hadouken – Aprenda com Dan Hibiki como soltar bolas de fogo.

Foto: Dan Hibiki da série de games Street Fighter da Capcom – Divulgação

sábado, 22 de dezembro de 2007

Mayweather no vale-tudo


Maior boxeador da atualidade pensa em lutar M.M.A

Floyd Mayweather eleito pelo ESPY Awards e pela The Ring Magazine o melhor pugilista da atualidade tem interesses em lutar vale-tudo. Conforme Mark Cuban empresário estadunidense e dono do evento HDNet Fights em entrevista a ESPN afirmou: "Floyd está considerando lutar no HDNet Fights. Vamos deixar que ele visite algumas academias, converse com alguns caras sobre o que seria necessário aprender. Ele sabe que não será fácil, mas ele está se envolvendo com o HDNet Fights e o MMA de um jeito ou de outro. Ele está animado, quer partir para uma outra grande coisa. Floyd é um homem de marketing brilhante. Ele vai onde o dinheiro está".

“Se eu dissesse que pagaria US$ 30 milhões, Floyd aceitaria” declarou Cuban que também é proprietário do time de basquete da NBA Dallas Mavericks. Caso não entre no ringue, Cuban está interessado em ver o boxeador pelo menos treinando os atletas de sua empresa na nobre arte.

Floyd Mayweather possui o cartel de 39 vitórias, nenhuma derrota e 25 nocautes. Campeão 6 vezes em 5 diferentes divisões de peso, no último dia oito nocauteou Ricky Hatton que também estava invicto. Seu currículo mostra que já superou nomes relevantes como Oscar De La Hoya, Carlos Baldomir, Zab Judah, Arturo Gatti e Angel Manfredy. Em 1996 ganhou a medalha de bronze como peso-pena nos Jogos Olímpicos de Atlanta atualmente é o campeão de meio-médios do Conselho Mundial de Boxe (CMB).

Interesse de boxeadores pelo vale-tudo

Em agosto deste ano George Foreman declarou que prefere o vale-tudo e vem acompanhando o UFC, se o esporte fosse popular em seu período ele seguiria carreira nessa área e ninguém usaria a tática ‘rope-a-dope’ com ele como ocorreu no Zaire (atual Congo) em 1974 na sua derrota para Muhammad Ali. Meses antes se mostrou indignado com a forma física dos pugilistas de seu país.

O próprio Muhammad Ali participou de um vale-tudo contra o pro-wrestler japonês Antonio Inoki em Tóquio no ano de 1976. A luta foi considerada pouco empolgante com o pugilista não acertando nenhum golpe e o pro-wrestler apenas chutando sua coxa a partir do chão.

Outros pugilistas não encontraram grande sucesso no vale-tudo dentre eles Butterbean, Francois Botha e Ray Mercer. Mike Tyson já pensou em migrar para a modalidade, mas ficou apenas nas palavras.

Foto: Divulgação / Fonte: Sherdog

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Entrevista com Munil Adriano


Munil Adriano Jr. capturou a atenção de todos no meio das lutas ao aceitar um número grande de combates e mostrar sua evolução neles, o que aponta o seu futuro como um dos futuros destaques do vale-tudo mundial na categoria 67kg. Mesmo a derrota para Marcelo Giudici não impediu sua escalada.

O Chapolim de Bragança Paulista revelou sua entrada na Macaco Gold Team, detalhes sobre a última luta, eventos, política no muay thai e sobre o primeiro Munil Adriano, seu pai.

Você é Munil Adriano Jr. Descreva quem é Munil Adriano, seu pai?

MUNIL ADRIANO, o melhor pai do mundo!!! Acordava as 5/6horas da manhã para abrir sua mercearia, a qual fechava depois da meia noite, e assim era todos os dias. Trabalhador, honesto, enquanto ao mesmo tempo que era rígido e sério, possuía um humor fora do comum, fumante há cerca de 30 anos, quando largou o cigarro (por risco de morte), teve uma vira volta em sua vida, e passou a vê-la com outros olhos. Passou a ouvir JOVEM PAN, vestir roupas de “garotão”, começou a adorar sair em fotos e vídeos... Aprendeu a se amar. Nunca foi de beber, sempre deu aos filhos ótimos exemplos. Me criou dentro de um balcão, onde fez com que eu trabalhasse na hora certa, sem perder nenhum pouco da minha infância. Ótimo como filho, marido, irmão, amigo, tio... Maravilhoso como pai. Só tenho alegrias ao falar dele... Só lembranças boas. Nunca ergueu a mão contra mim, ou para minhas irmãs... Era engraçado, carismático... Enfim, se eu for falar mais... daria para escrever um livro.
Resumindo... Te amo meu pai, esteja onde estiver e obrigado por me deixar herdar seu caráter, sinceridade e honestidade (sei que o sr está vendo-me de algum lugar).

Qual foi o seu critério para escolher a música Vertigo do U2 como seu tema de entrada? O que ela te transmite?

Na verdade, essa musica, me chamou a atenção, não só pela letra, que é um incógnito, (risos) e sim mais pelo ritmo... Muitos lutadores entram com rap... Eu não gosto de rap, gosto de coisa alegre, feliz, que transmita coisa boa a todos, e U2, com toda certeza, traz isso. Suas musicas são enérgicas, contagiantes... Não é a toa que faz esse sucesso todo. E a Vertigo, quando eu vi o clipe e ouvi a musica (foi ao mesmo tempo), eu disse: “É essa mesmo!”. Quando eu a ouço, seja na rua, na academia, onde for eu lembro de luta, e me sinto como se estivesse minutos antes do combate, ali mesmo. É incrível, como esse papo de musica de entrada é importante. Acredito que são os últimos segundos de concentração máxima que o lutador tem, e acho isso muito importante.

Como é sua relação com Paulo Nikolai?

O mestre é meu treinador, só isso. Ele é amado por vários, e odiado por muitos. Podem falar o que for dele, porém, duvido que alguém ouse falar que ele é um mau treinador. Tem os seus defeitos, como todo mundo, mais para mim, não me importa o lado pessoal de ninguém, pois não tenho nada a ver com isso... O que me importa, é que o mestre entende muito de treinamento, e é isso que eu quero dele, e só.

Fora do tatame, o mestre tem um lado que muita gente desconhece, que é um homem com um coração maior que ele mesmo. Isso é um ponto positivo nele.

Você tem algum plano pra 2008?

Claro! Com esse ano de 2007 ‘movimentadíssimo’ para mim, ao todo foram 11 lutas profissionais sendo 9 vitórias, onde lutei tudo que apareceu, sem exceção, pois queria pegar muita experiência. Então lutei Muay Thai, MMA, e até uns campeonatos de Submission. Agora, 2008, é um ano de adaptação total, a coisa está seria demais para ficar me arriscando. Vou escolher bem os eventos que eu vou lutar, não quero aparecer muito como ano passado, agora, vou começar sem lutar janeiro e fevereiro... Vou descansar, sarar das lesões passadas, mais não ficarei parado não. Muito pelo contrário, focarei na parte de treinamento, em um novo Munil Adriano, lutando totalmente agressivo, com seqüência de golpes, afiadíssimo no Jiu Jitsu e treinando wrestling. Estou treinando MMA com o Macaco, e quero treinar wrestling para acrescentar ao meu jogo de quedas algo que falta. Anotem aí... Um 1º semestre de adaptação pura, e um 2º semestre de glória. É isso que eu espero.
Fora isso, em janeiro começo na minha academia nova, com uma estrutura muito melhor que a anterior, e em fevereiro será meu 2º Campeonato Regional de Muay Thai, o 1º teve 190 lutadores inscritos, portanto descansarei em partes, mais continuarei trabalhando muito, que graças a Deus, não consigo ficar parado.

Sua carreira no MMA trouxe a atenção de revistas como Gracie e Tatame. Acha que foi uma rápida ascensão?

De certo modo sim. Costumo dizer, que minha 1ª luta de MMA, teve uma repercussão maior que todas as minhas 31 de Muay Thai. Mas não tão rápida, pois estou indo degrau por degrau, afinal, nunca fui capa, apesar de sempre estar ali, nem que seja meu nomezinho, e era isso que eu queria com tantas lutas em 2007, por isso digo, que agora é hora lapidar-me, pois já consegui o que eu queria. Aonde vou, seja Brasília, Paraná, Vitória, Minas, Rio, sempre tem alguém que me conhece, vem falar comigo Meu objetivo não é ser famoso, mas sim, ser RECONHEÇIDO, PERCEBIDO, pois eu AMO LUTAR, amo o que eu faço, e sei que tenho um longo caminho pela frente!!! E mais... SEI que ainda trarei muito orgulho para todos que acreditam em meu trabalho e sempre transmitindo o bem.

No último Max Fight, você foi derrotado por Marcelo Giudici. O que ocorreu nesse combate?

Sabe (pensativo)... Eu não gosto de comentar sobre essa luta. Quando alguém pergunta “Como foi a luta?” eu digo simplesmente “perdi”, porque acho que quanto mais você fala dá a impressão de estar dando desculpas que não é meu objetivo. Agora, quando fazem uma pergunta como a sua, ou seja, pedindo MINHA OPINIÃO, eu não posso responder o que não acho. Então lá vai:
Para mim, ganhei a luta. Disseram que ele me deu umas quedas, tudo bem, porém eu raspei várias vezes, tá certo que eu não fui contundente não dei seqüência, entretanto ele quando me derrubava só estava anulando meu jogo, pois o mesmo não tentou uma só vez, buscar qualquer tipo de finalização, em nenhuma vez que me levou para baixo. Sendo assim, o jogo dele foi de DEFESA, então quer dizer, que se em todas as minhas lutas, eu cair na montada e segurar até o fim, serei campeão sempre? Não é isso que o publico quer, o publico quer ver porrada, ação e eu busquei isso. Na platéia, tinha vários alunos dele, senhores idosos com sua camisa.
Eu besta que sou achando que tava em vantagem, não o bati como deveria... segurei-me, para não desmoraliza-lo em sua cidade, visto que ele é um mestre lá há uns 20 anos. Pois esse foi meu erro. Esqueci que ele era de lá. Se eu não batesse muito, certamente ele iria ganhar, mas só lembrei disso, no fim do round. Ele, por sua vez no 3º round, só corria e batia no susto. Nem tentou me quedar. E os árbitros dão vitória a alguém que foi malandro? que conseguiu anular o outro? Me desculpe Giudici, nada contra sua pessoa, mas ou eu não entendo de lutas ou os árbitros não sabem o espírito do jogo.
Resumindo: O nome do jogo é “LUTA” e não “AMARRAÇÃO”, ou “ANULAÇÃO”. Mas olha, dias melhores virão! E estou aprendendo muito com essas “quebradas de cabeça”.

Há a possibilidade de uma revanche? O que pretende trabalhar antes dela?

Claro que há. Só não sei se ele vai querer. Olha, deixo o apelo aqui para todos os organizadores... Eu faço essa luta, por qualquer bolsa. Me entendam, não sou uma pessoa má, ou um mal perdedor, se eu tivesse sido nocauteado, ou finalizado, ficaria quieto...mas SEGURADO...foi barra. Ele não quis trocar, entendo, mas também não quis lutar no chão, só quis quedar para segurar.
Eu já comecei a trabalhar as melhorias para os combates de 2008, pois ao contrário de Giudici, segunda-feira feira (dia 26) após a luta, eu já estava inteiro, sem um arranhão, treinando duro, na terça-feira fui ao Macaco, com quem fechei uma parceria e estou indo lá toda semana, me senti em casa (um grande abraço a todos, estou muito feliz em entrar para a equipe). O Marcelo, dúvido que voltou a ANDAR facilmente!!!
Quero deixar claro que não tenho nada pessoal contra o Marcelo, nada mesmo... Muito pelo contrario, ele ganhou meu respeito, pois na minha luta, foi o contrario que muitos disseram dele. Foi amável, lutador de verdade.

Você é especialista em Muay Thai e tem treinado jiu-jitsu. Acredita que falta dominar alguma arte marcial para ser um campeão internacional de vale-tudo?

Como disse acima, meu jogo de quedas, pois um irmão meu, chamado Marcelo Fontana (apresentador do Último Round) me disse uma vez: “Muniiiil, treine wrestling... imagine, um striker como você, caindo por cima!!! Nem eu, com mais de 100kg, ia querer ficar por baixo!!!” Obrigado pela força de sempre Marcelão.
Mas olha, é promessa vou melhorar, estou treinando duro como nunca para isso e em breve vocês verão o resultado que querem, afinal, é por vocês que eu sempre luto.

Em alguns combates de Muay Thai jovens de 15 anos lutam contra homens maiores de idade. Para os médicos o adolescente está em formação física e psicológica. Você vê algum empecilho para esses combates?

Claro que sim. É por isso que têm as classes infantil, juvenil, adulto, máster, sênior. Se não fizesse diferença, nem existia isso. Realmente, uma criança de 15 anos, está em formação mesmo e não tem a mesma força de um adulto. Tenho vergonha de eventos ou professores que expõem suas crianças a essas situações absurdas. Tem uma equipe, que não citarei o nome, que tem 2 garotos que tem muito futuro, mais isso não acontecerá se continuar assim e eu já falei com o treinador, e ele diz: “imagine, é experiência”. Não gosto do método “apanhando que se aprende”, acho que não é preciso chegar a apanhar para aprender. Por isso, meus amiguinhos, se você passar por isso, procure um treinador mais adequado, pois se ele não te valoriza você deve valorizar-se.

Você um dos principais promotores de lutas no interior paulista. Se na capital já existem problemas para organizar um evento, quais são os obstáculos encontrados no interior?

Imagine Gabriel... Eu, um dos principais? Que é isso, com tantos eventos hoje em dia...fico lisonjeado por ouvir isso, mas eu lhe digo: Os eventos que faço, é simples e unicamente com o objetivo de ajudar o esporte a crescer de maneira honesta e direita. Meu evento profissional, o Coliseum Arena, não foi para dar de frente com nenhum, mas sim, para somar e em breve ele estará de volta. Só parou devido a quantidade de trabalho que estou tendo. E meu amador de Muay Thai, esse sim, é meu maior foco. Pois tenho uma grande influência nesse meio e usei esse poder, para reunir todos para competir entre si visando a evolução do muay thai nacional, pois acho que está carente de bons eventos. Agora, vou te contar uma coisa... Acho que no interior é muito mais fácil conseguir patrocínio, pois todos se conhecem, então... Muitos patrocinadores entram, por que sabem da índole do organizador, ou porque praticam. E tenho uma vantagem, de Bragança Paulista ser super perto da capital (70km), então, é certeza de público, lutadores, patrocínios...

Qual carreira é a mais difícil: organizador de eventos ou lutador?

‘Puuuxa’, agora você me deixou em duvida. Acho que é a de organizador, pois muitos não dão o valor para a pessoa, acham que estão no evento para ajudar o organizador, o que eu acho o contrário, tanto no amador quanto no profissional, o promotor é o patrão. Então, ele que está dando a cara a tapa, ele que está investindo, arriscando. Se o evento não der o retorno esperado, quem arca com os prejuízos é ele, agora se uma decisão é contestada, é culpa do organizador, se quebra alguma coisa, a culpa é do organizador, e tudo é ele também, resumindo, o que parece mil maravilhas, na verdade, quem se ferra sempre é o organizador (risos).
Por isso, sempre que luto respeito muito o mesmo, e procuro ir bem vestido, alinhado, com presença boa, porque na verdade, o evento é minha profissão, e o organizador, o patrão e sem ele, não tem lutas, dinheiro, e nada.

Queria deixar um grande abraço a você, Gabriel, pois você é um grande intelectual da luta e faz um excelente trabalho em torno disso, meus parabéns. E mandar um beijão a todos(as) meus fãs, amigos, e pessoas que estão sempre torcendo por mim, pois quando ganho pulam comigo e quando perco sentem comigo.Também gostaria de dizer ao Brasil inteiro, que sou orgulhoso desse povo acolhedor, pois aonde vou, sou muito bem recebido com muito carinho.

Foto: Gleidson Venga - Portal do Vale-Tudo / Munil Adriano em pé contra Marcelo Giudici no Max Fight IV

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Entrevista com Murilo Paolielo


No Fury 5, Murilo Paolielo sagrou-se campeão brasileiro de kickbong categoria 75kg seguindo os passos do seu técnico Paulo Zorello. O jovem além de atuar como atleta também é diretor técnico da Confederação Brasileira de Kickboxing.

Em entrevista ao Córner do Leão, o kickboxer conta como foi sua trajetória até o título, o peso de acumular funções e o futuro do esporte no Brasil e no mundo.

Atletas de ponta não precisam ter outras atividades além do esporte, você é competidor e ainda por cima diretor técnico da Confederação Brasileira de KickBoxing. Como concilia ambas atividades?

Realmente não é uma tarefa fácil, porém quando a gente acredita em algo fazemos com amor e acaba tudo ficando mais fácil. Diante de tantas dificuldades encontradas pelos atletas no nosso país poder fazer um trabalho que ajude é difícil, porém recompensador. Alem disso também sou técnico da CBKB, professor da academia Corporis no Ipiranga e estou dando aulas de personal, mas somente para conhecidos. O trabalho da CBKB é importante e ocupa muito o tempo, mas estou satisfeito, pois como diz o ditado “cabeça vazia oficina do diabo” estou ocupado sempre graças a Deus.

Qual foi a evolução da CBKB com você como diretor técnico?

A CBKB juntamente com o Kickboxing vem crescendo muito, para se ter idéia estamos no caminho para os jogos Pan-Americanos do México em 2011 e com isso tornar o Kickboxing esporte olímpico. Você e todos os leitores têm idéia do que isso representa?...

Hoje a CBKB é a quarta confederação com maior numero de atletas contemplados pelo projeto bolsa atleta e disputa com os grandes esportes como atletismo judô, enfim... com todos. A evolução está apenas começando e o futuro reserva muitas coisas boas para o nosso esporte.

Sendo diretor você pode lutar nos eventos da CBKB. Esse fator influencia nos julgamentos dos árbitros?

Assim como eu, o Deucelio Rodrigues também exerce as duas funçoes, o Carlos Inocenti também é um dos diretores além de ser pai e técnico do Guto Inocenti. O esporte está num nível muito alto e não tem mais essa de fator em julgamento, pois somente assim poderemos crescer, minha luta no Fury foi muito contestada e parelha, eu até depois cheguei a conversar com os árbitros e todos inclusive o central me deram os motivos de julgamento e que eu realmente fui o vencedor.

Você está invencível. O que sente quando pensa que pode ser derrotado?

Eu treino pra vencer, aquele que pensa que pode ser derrotado, já está meio derrotado.
No ringue sobem 2 e somente 1 sai vencedor, a derrota é algo que devemos saber lidar e caso venha a acontecer deve servir de exemplo para rever os erros e melhorar as falhas. Eu sigo sempre o caminho de manter os pés no chão e saber que a evolução e dedicação tem que ser diária e progressiva, assim o caminho da derrota se distancia e a vitória fica mais perto.

Você trabalha com Paulo Zorello. Como é sua relação com ele?

Eu comecei a treinar com o Paulo quando eu ainda era muito novo, sempre mostrei dedicação, e ao contrário do que muitos falam, tive e tenho que comprovar minha competência e capacidade a cada dia que passa. Porém tenho além da figura de mestre no Paulo, a figura de um amigo que sempre posso contar e que me faz crescer a cada dia, me dando responsabilidades e deveres e com certeza me tornando um atleta e uma pessoa mais centrada e com os objetivos traçados e o caminho para alcançá-los.

Nos anos 90 ele teve suas lutas transmitidas na televisão. O que deve ser feito para levar o kickboxing novamente para os canais abertos?

Como eu disse, todos os dias estamos trabalhando com a proposta olímpica, hoje a nossa entidade mundial a WAKO foi reconhecida pelo GAISF (General Association of International Sports Federations) que é o órgão que rege os esportes olímpicos, no kickboxing de mais de 200 entidades que tentaram somente a Wako foi reconhecida, ou seja, hoje já somos esporte olímpico, tanto que as regras sofreram alterações para atender o padrão olímpico, e assim que chegarmos nela, num futuro bem próximo voltaremos a ter este esporte na tv aberta.

Os lutadores vale-tudo preferem o muay thai ao kickboxing como estilo de trocação. Você acredita que a arte marcial tailandesa é superior?

Como eu digo muay thai está na Tailândia, onde se luta muay thai aqui? Com regras asiáticas?
O que se luta hoje no mundo é Kickboxing, acesse a pagina do Ernesto Hoost, Peter Aerts e veja o que está escrito em estilo que luta: Kickboxing.
O K1 é nas regras do Kickboxing, tanto que uma das modificações do Kickboxing agora foi a mudança de nome do Thai Kick para K-1 Rules.
Falando francamente eu acho o kickboxing superior, pois o trabalho de boxe e chutes o torna muito mais completo, um lutador de muay thai se enquadra bem nas regras asiáticas, mas na regra do que se luta no mundo é muito mais difícil, o próprio Buakaw teve que se adaptar as regas do K-1 e veja nesse último como o Masato o venceu.
E o Andy Sower luta o que? Com o boxe refinado e um bom trabalho de pernas e excelente movimentação?

Sua última conquista foi o cinturão brasileiro profissional de kickboxing no Fury 5. Conte como foi essa vitória e o que ela representa na sua vida:

Foi uma luta muito dura, um adversário canhoto, que eu tive apenas dez dias pra me adaptar ao jogo e ainda na semana anterior a luta, o Paulo esteve viajando para o Mundial e eu fiquei sem treinador, demorei os dois primeiros rounds pra me encontrar, pra achar aquela confiança de lutar, mas como eu vinha fazendo um excelente trabalho de preparação física com meu preparador Vagner Príncipe, o Salsicha e contava com o apoio da equipe Sportfisio do Dr Cyrus e do nutricionista Dr Everton Nunes e do Dr Ricardo Cunegundes, estava muito bem fisicamente e também psicologicamente, pois retirei algumas pessoas da minha vida ao qual eu julgava boas, mas que estavam na verdade sendo prejudiciais, então estava muito bem e centrado e pude suportar o castigo no início e partir pra cima praticamente zerado nos três rounds finais, eu vejo que foi uma luta parelha, não tenho nada contra o Tico, foi a minha luta mais dura até hoje, porem eu consegui acertar, fazê-lo sentir o golpe e dei seqüência por três vezes. Alternamos muitos golpes isolados, porem acredito que fui mais eficiente, pois não senti em nenhum momento a mão dele e vi que ele sentiu a minha, porem como eu disse, quem esta ali pra perder?... Foi uma luta dura, uma de muitas que ainda estão por vir. Deixo meus parabéns para esse grande atleta e foi uma honra lutar com alguém tão experiente.
Essa vitória representa um passo a mais na minha vida, uma vitória à mais, porém já foi, agora é treinar e treinar cada vez mais.

No panorama atual consegue ver alguma ameaça ao seu recém conquistado cinturão brasileiro profissional?

Temos grandes atletas no Brasil hoje, aqui em São Paulo tem o Adriano do Serginho, ao qual já venci uma vez e ele é o dono do cinturão paulista do peso e recém conquistou o cinturão de Full Contact também desse peso, ele já me pediu uma revanche e vou tentar unificar os títulos, tem o próprio Tico, Inafitales, grandes atletas, mas como disse anteriormente, mantenho os pés no chão e sempre busco uma melhoria diária e progressiva. Porém acho que o melhor atleta desse peso é o Tadeu San Martino, somos grandes amigos, parceiros de treinos e enfim, ele não disputou o cinturão pois estava se recuperando da brilhante atuação no GP do Demolition. Tenho planos de mudar de categoria e deixar que ele seja o grande nome da 75kg, onde sim eu não vejo ninguém, que possa ameaça-lo, porem a grande “ameaça” é o próprio medo de fracassar e desistir dos sonhos e objetivos.

Após o brasileiro quais são seus próximos passos?

Agora final de ano vou descansar, curar as lesões adquiridas durante o treino do ano todo, e voltar em janeiro em 5000 rpm estou querendo me preparar muito, pois 2008 promete ser um ano muito bom, assim como os próximos, o futuro entrego nas mãos de Deus, e faço minha parte o melhor possível por aqui, com certeza vou conquistar muitos títulos, fazer carreira internacional, sul-americano, intercontinental mundial enfim quero e vou ser um vencedor, também tenho planos de voltar a lutar M.M.A, enfim fazer isso que eu gosto, treinar, lutar e trabalhar para que as lutas e lutadores em geral tenham o reconhecimento devido.
No mais muito obrigado pelo espaço, convido a todos para conhecer o nosso CT dentro do ginásio Mauro Pinheiro Ibirapuera.
Deixo um grande abraço e fiquem na companhia de Deus

Foto: Murilo Paolielo – Márcio Baptista

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Uma Allternativa para o boxe


All TV transmitiu no sábado passado lutas de boxe organizadas por Marinho Soares

O pugilista Mário Soares, o Marinho, organizou na All TV (webtv), lutas de boxe que foram ao ar no sábado às 16 horas. O espaço utilizado foi uma abastada academia de Moema que lotou mesmo tendo um público seleto.

A internet hoje é um veículo que já ameaça a hegemonia da televisão e no futuro a englobará junto com o rádio e muitas empresas do meio impresso. Colocar esses combates on-line foi uma boa sacada, pois o fã de boxe que não tem acesso ao pay-per-view das TVs a cabo não goza de apresentações boas.

Ricky Hatton contra Floyd Mayweather e Evander Holyfield enfrentando Oleg Maskaev por exemplo foram duas lutas muito esperadas de 2007 que poucos viram. O boxe é um esporte de massas e deve ser retornado de alguma forma para a camada popular. A internet disponibiliza mais acesso aos combates, entretanto poucos no Brasil têm computadores apesar do número alto de pessoas que entram na rede.

A idéia de Soares foi muito boa, agora falta outros seguirem seu exemplo.

Foto: Divulgação

domingo, 16 de dezembro de 2007

Entrevista com Pedro Otas

Em entrevista ao Córner do Leão o boxeador Pedro Otas conta como é perder um dos melhores amigos e mudanças na carreira



Na quinta edição do Showfight, o boxe mostrou o seu valor numa casa que sempre foi mais voltada ao vale-tudo. De um lado do ringue um descendente da realeza do pugilismo, Raphael Zumbano, primo de Éder Jofre e neto de Ralph Zumbano, no outro córner Pedro Otas, comparado por treinadores a Rocky Marciano, mas que pouca atenção atraiu antes do combate.

No fim do embate Otas saiu vitorioso por nocaute técnico, seu nome ficou mais conhecido e teve uma seqüência de resultados positivos, porém poucos sabem a trajetória que o fez chegar a este ponto. Em entrevista ao Córner do Leão, o lutador revela seu início na nobre arte, a “turbulência” que foi perder o amigo Rogério Lobo e a mudança de peso-pesado para cruzador.

Como foi seu início no boxe?

Iniciei em agosto de 1996 com 17 anos e foi um ‘problemão’ em casa, pois meu pai achava o boxe muito perigoso pra saúde mesmo assistindo a todas lutas que passavam na televisão naquela época (risos).

Quem são seus ídolos? O que admira neles?

Aprendi a gostar do boxe muito pequeno quando meu pai assistia as lutas do Julio César Chavez e falava muito de Muhammad Ali, Sugar Ray Robinson, Sugar Ray Leonard, Roberto Duran, Rocky Marciano e Éder Jofre. Apesar de ser da geração Mike Tyson, meus principais ídolos são Muhammad Ali e César Chavez.

Gosto de Ali, pois era suave ao caminhar no tablado além de ter a agilidade e resistência ao seu favor, já Chavez era frio, preciso e muito determinado.

Para você quem foi o atleta do século?

Muhammad Ali.

Por que não escolheu Pelé que é quem sempre lidera as pesquisas entre os brasileiros?

Porque esse título não cabe somente ao feito dentro da modalidade e sim na conduta fora dela. Ali foi um exemplo como atleta e principalmente como homem de princípios e caráter.

Em julho de 2006 o pugilista cruzador Rogério Lobo faleceu. Como era seu relacionamento com ele?

Conheci o Lobo quando comecei a treinar e ficamos muito amigos. Ele sempre me ensinava, aconselhava e foi assim até o ultimo dia em que o vi lá no Baby Barione. Foi uma grande perda...

Quais foram os impactos dessa perda em sua vida? Como fez para se recuperar?

Na época eu atravessava um momento ruim em minha vida pessoal e profissional e a morte do meu amigo foi a “gota d’água” para eu quase chegar ao fundo do poço.

Sofri um sério acidente de carro na qual tive grandes prejuízos, físicos e financeiros, mas foi diante de toda aquela turbulência que tive forças para sair da situação contando sempre com o amparo do meu empresário e figura paterna Edu Melo e minha ex-treinadora Giuliana Bressane com a qual fui casado por quatro anos.

No mesmo ano você enfrentou Raphael Zumbano no Showfight V. Como foi sua preparação para a luta?

Só aceitei lutar porque tinha que honrar o prejuízo que causei devido ao acidente, que graças a Deus foram apenas materiais. Minha preparação para a luta foi quase toda ela feita em uma sala de fisioterapia (risos).

Neste ano você decidiu atuar na categoria de cruzadores (até 90,750kg) abandonando a de peso-pesados. O que o fez optar por essa mudança?

Bom, tenho uma equipe e um empresário os quais respeito e confio muito. A opção da mudança partiu deles, o meu papel é apenas treinar, lutar e vencer. Só sinto muito em não ter tido a oportunidade de lutar pelo título brasileiro e me sagrado campeão dos pesados, pois tinha certeza que assim seria.

Acredita que poderá disputar o cinturão brasileiro da categoria quando?

Quando aqueles que se dizem campeões aceitarem a lutar comigo e terem bom senso em relação ao valor de suas bolsas.

Crê que haverá melhorias reais na situação do pugilismo nacional?

Precisamos crer, mesmo porque no momento não me vejo em outras atividades (risos).

Abraço a todos e feliz ano novo!

Foto: Pedro Otas e Sr. Edu Melo

Clip de Pedro Otas

sábado, 15 de dezembro de 2007

Descanse Ryan

Membro da família Gracie morre em delegacia paulista

Após ser preso por roubar um carro, Ryan Gracie foi encontrado morto no 91º Distrito Policial da Vila Leopoldina, na zona leste de São Paulo. As autoridades ainda não informaram a causa de morte.

O Gracie inquieto

Considerado o Bad Boy dos Gracies, Ryan não obteve tanto sucesso como Rickson e Royce, porém construiu uma carreira respeitável nos tatames e ringues e ainda firmou uma equipe da arte suave e de vale-tudo.

Possuía muitos desafetos dentre eles o lutador Jorge "Patino" Macaco. Apesar de ser mal visto por muitos, todos o conheciam e sempre marcou presença onde quer que fosse.

Seus alunos lembram dele como um esforçado lutador, bom professor e amigo. Um lado que poucas pessoas conheceram.

Ryan viveu como quis, uma vida de muitos prazeres e no fim acabou pagando um preço caro.

Fonte: Uol

O Efeito Ryan

Após o crime cometido por Ryan Gracie o jiu-jitsu e o vale-tudo sofrem com má imagem novamente

A tentativa e o roubo de moto e automóvel cometidos pelo lutador Ryan Gracie, na tarde de ontem em São Paulo denigrem a imagem dos lutadores de jiu-jitsu e vale-tudo.

A classe tenta mostrar o seu valor, mas são episódios como este, as brigas de pitboys, a violência contra leigos, os maus donos de pitbulls e as rivalidades entre as altas cúpulas de dirigentes do esporte que afastam o jiu-jitsu de ser uma modalidade olímpica e o vale-tudo da televisão aberta.

A cobertura da mídia

A cobertura da Globo mostrou imagens de arquivo do lutador em cima do ringue ou se preparando para entrar e não dele em treinamento se esforçando para superar um obstáculo, só faltou cenas de suas rixas com Macaco e outros desafetos. Porém este é o trabalho da emissora que também entrevistou seu pai Robson Gracie que condena as atitudes do filho.

Os sites especializados em lutas falham, pois quando ocorrem casos como esse omitem a informação. Em vários encontros com jornalistas desse meio já ouvi “prefiro não divulgar, pois isso queima a imagem do esporte”. Independente de “queimar” ou não, é errado omitir informações do cidadão.

Fonte: Uol

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Larry Holmes entra para o Hall da Fama


Um dos mais preteridos campeões da nobre arte entra pro Hall da Fama

O ex-campeão Larry Holmes que teve seu reinado nos peso-pesados durante sete anos (1978-1985) entrou para o Hall da Fama do Boxe no dia 11 de dezembro, na mesma seleta galeria estão Rocky Graziano, Éder Jofre, Fighting Harada e Jack Dempsey.

Apesar do cartel de 69 vitórias sendo 44 por nocaute e apenas 6 derrotas o estadunidense foi muito subestimado pelos críticos esportivos durante sua carreira e até mesmo após ela. O fato se deve a suas vitórias sobre lutadores inexpressivos que apagaram as performances contra boxeadores do calibre de Leon Spinks.

Holmes derrotou Gerry Cooney em uma das mais polêmicas pelejas de boxe da década de 80. O evento foi promovido em cima da raça de ambos lutadores fazendo os torcedores o verem como negros contra brancos. Don King esteve envolvido na promoção do combate que foi a mais marcante atuação de Cooney.

O embate mais emocionante em sua carreira foi contra seu amigo Muhammad Ali que voltou a boxear para tentar ser tetra-campeão. Holmes que já tinha sido seu sparring no passado dominou sem problemas a luta contra um Ali que já apresentava para os médicos sintomas do Mal de Parkinson. Angelo Dundee treinador do “Maior de Todos”, impediu seu lutador de subir ao ringue após o 10º round.

Assim como Holmes mostrou a Ali que seu primor chegou ao fim, Mike Tyson fez o mesmo com ele. Em 1988 saiu da aposentadoria aos 38 anos para enfrentar “O Homem Mais Temido do Mundo” e foi nocauteado no quarto assalto. Em 1992 foi superado por Evander Holyfield.

Lutou até os 52 anos e sua última apresentação foi uma vitória sobre Eric Esch, o Butterbean.

Juntamente com Holmes foram indicados o ex-pugilista Eddie Perkins, os promotores Mogens Palle e Frank Warren e os jornalistas Dave Anderson e Joe Koizumi do Japão.


Foto: Divulgação

O incansável guerreiro zulu


Filho de lutador lendário volta aos ringues em menos de dois meses

Mal acaba de vencer o russo Vladimir Kuchenko no dia 11 do último mês e Wagner da Conceição Martins, o Zuluzinho, já tem luta marcada para o dia 31 de dezembro em Osaka, Japão no palco do K-1 Dynamite.

Nessa oportunidade o brasileiro enfrentará o nipônico Ikuhisa Minowa, que já tem derrotas para Murilo Bustamante e Ryan Gracie, seu cartel é de 38 vitórias, 26 derrotas e oito empatas. Zuluzinho vem com três vitórias e número idem de revezes.

A carreira do filho de Zulu

Zuluzinho sofreu duas derrotas inevitáveis, a primeira em seu encontro contra Fedor Emelianenko em 2005 no Pride e a segunda no mesmo evento no ano seguinte para Minotauro. Ambas foram falhas na escolha de adversário, pois apesar da força bruta e tamanho, os oponentes foram mal escolhidos pelos seus managers.

A terceira perda foi contra Eric Esch, mais conhecido como Butterbean, que no passado foi campeão de boxe, mas de um título (Associação Internacional de Boxe) que é a segunda divisão do esporte. O cinturão atualmente está vago desde 2000.

Um possível adversário que não apresentaria grande perigo para o jovem guerreiro zulu é o ex-pro wrestler Sean O’Haire que serve de escadinha para muitos lutadores em início de carreira ou aqueles que quando entram em decadência querem uma vitória para melhorar o cartel.

O público e os eventos que gostam de lutas entre freaks poderiam o colocar para cruzar luvas com Giant Silva. Essa disputa se encaixaria bem num card do extinto Pride.

O futuro de Zuluzinho ainda é incerto, se ele será mais um gladiador carismático sem títulos de grande expressão ou se seguirá a fama do pai, o lendário Zulu que lotou o Maracanã na luta contra Rickson Gracie.

Fonte: GracieMag

domingo, 9 de dezembro de 2007

Hatton é nocauteado

Mayweather mantém cinturão da OMB e continua invicto

A noite de ontem Las Vegas teve mais um combate entre americanos e britânicos seguindo a tradição de Ali e Cooper, Holyfield e Lewis, no sábado foi a vez de Floyd Mayweather contra Ricky Hatton pelo cinturão da Organização Mundial de Boxe pertencente ao primeiro.

No início o bretão mostrou vantagem, porém foi nocauteado no 10º assalto, um resultado inesperado já que ele é o pegador e o oponente depende mais da esquiva e agilidade do que força bruta.

Com esse resultado o campeão confirma o seu status de melhor lutador da atualidade independente do peso e acaba com a invencibilidade do rival que passa a ter um cartel de 43 vitórias com 31 por nocaute, uma derrota e nenhum empate. O lutador da casa obtêm o currículo de 39 vitórias sendo 25 por nocaute, no passado derrotou Oscar de La Hoya, Zab Judah e Arturo Gatti.

Apesar do resultado a peleja pode render uma revanche, porque não é apenas rentável, mas também trouxe ao ringue dois dos maiores lutadores da década. Entre o público no cassino MGM Grand Arena estavam presentes os atores Denzel Washington, Brad Pitt, Angelina Jolie, Wesley Snipes; o futebolista David Beckham e o piloto de corridas Hélio Castroneves.



Fonte: Uol Esporte/Foto: Reuters

sábado, 8 de dezembro de 2007

Mayweather x Hatton hoje

A luta mais esperada do ano será hoje em Las Vegas

Las Vegas famosa pelos cassinos será mais uma vez palco de uma esperada luta de pugilismo. Floyd Mayweather e Ricky Hatton se enfrentarão pelo cinturão do Conselho Mundial de Boxe.

A dupla está invicta, o americano tem 38 vitórias sendo 24 por nocaute e o britânico possui 43 vitórias que em 31 colocou os oponentes na lona. Hatton para encarar Mayweather perdeu 16 kilos de acordo com o site do Uol.



Ambos juntos com Oscar de La Hoya e Miguel Cotto são os pugilistas que mais chamam atenção para o esporte e um combate como o de hoje era inevitável. Os fãs podem esperar que o duro e calado inglês saia vitorioso ou que o falastrão e hábil Mayweather conquiste o cinturão.

Fonte: Uol Esportes / Foto: Reuters

Entrevista Pedro Gama Filho

Pedro Gama Filho tem a luta em sua genética. O seu pai que tem o mesmo nome foi um dos maiores estimuladores dos esportes de lutas e combates no Rio de Janeiro e assim como seu progenitor, Gama Filho assumiu um ponto que é necessário para a existência de atletas, a presidência da CBLA.

O jovem dirigente em entrevista fala sobre os progressos da luta olímpica desde os jogos Pan-Americanos de Santo Domingo em 2003 e outros aspectos conferindo um panorama da modalidade.

Quais são os principais investimentos na luta olímpica na sua gestão?

Podemos dividir a minha gestão em duas fases, a fase até os Jogos Pan Americanos, onde devido aos poucos recursos que temos, tivemos que investir invariavelmente no alto rendimento ou na seleção propriamente dita, e pós Jogos Pan Americanos, onde iremos investir na massificação da modalidade, formação de novos técnicos, nas categorias de base....

Quais foram os avanços desde Santo Domingo 03 até o Rio 07?

Muita coisa mudou, tivemos um ciclo Pan americano com recursos garantidos pela Lei Piva, e por mais que não seja o ideal, é uma possibilidade de se planejar, de estar presente em algumas competições chaves escolhidas por nós, de conhecer seus adversários de fazer intercâmbio, algo que nunca antes havíamos vivenciado. Agora em 2007, firmamos o patrocínio com a Caixa Econômica Federal, o que permitiu que montássemos nossa equipe permanente, inclusive com salários para os atletas e comissão técnica, algo inédito para nossa modalidade que antes era totalmente amadora.

Alem disso tivemos um crescimento muito grande em duas modalidades, a Greco Romana e a Luta feminina, onde nunca havíamos medalhado, isto graças a um treinamento mais direcionado, mais específico, com uma equipe multi disciplinar preparada para a demanda do alto rendimento.

O esporte é muito recente no Brasil, muito dos atletas que estavam nos Jogos do Rio, conheceram a modalidade nos Jogos de Santo Domingo e tinham somente 4 anos de treinamento, isso demonstra que quanto mais o tempo passar, nossa equipe ficará cada vez mais forte... Espero um resultado ainda melhor em Guadalajara 2011.

Quais são os planos futuros para o esporte?

O plano agora é massificar, criar qualidade de dentro da quantidade, desenvolver um plano técnico nacional de desenvolvimento padronizado para todas as regiões do Brasil, trazer praticantes jovens para praticar a modalidade e cria-los dentro do esporte, a luta é um forte veículo de inserção social, pois para praticá-la não existe praticamente investimento, somente são necessários um short e uma blusa, usa-la como este veículo social e desenvolver o esporte através desta característica.

Para o alto rendimento, trazer dois técnicos estrangeiros, um para o estilo livre e outro para o Greco-Romano, trabalhar para classificarmos atletas para Beijing 08, e treinar para novamente batermos o recorde de medalhas Pan-Americanas nos próximos Jogos em 4 anos.

Devido a sua malha colada ao corpo o esporte tem uma imagem vinculada ao homossexualismo para parte do público. O que tem sido feito para desfazer essa imagem?

Isto se deve a falta de conhecimento e tradição do esporte no Brasil, este quadro começou a mudar quando os lutadores de Luta olímpica começaram a mostrar a sua eficiência nos eventos de MMA, hoje em dia todos os atletas que se dedicam a esta modalidade treinam Luta, pois sabem de sua importância...não temos muita incidência de homossexuais na modalidade não, mas para ser sincero, essa preocupação nem passa pela minha cabeça, pois todos que querem praticar a luta olímpica são muito bem vindos independente de suas preferências sexuais, não temos preconceito algum, nos preocupamos com a dedicação do atleta para com a modalidade, e isso é o que importa para a Confederação.

Em quanto tempo o Brasil poderá ser considerado uma potência?

Acredito que avançamos muito para nos tornarmos uma potencia Pan-Americana, o que deve acontecer definitivamente depois de mais um ciclo Pan-Americanos, ficamos a frente da Colômbia e do Canadá, potencias mundiais da modalidade na soma dos Pontos, isto demonstra uma campanha homogênea da nossa equipe em todas as modalidades de Luta, isto com um orçamento que não chega nem perto do deles, que alem de recursos tem milhares de praticantes em seus paises, o que não acontece aqui, onde só temos perto de 3.000 praticantes e cerca de 500 atletas de alto rendimento.

Para nos tornarmos uma potência olímpica, o trabalho tem que ser de longo prazo, coisa de 3 ou 4 ciclos Olímpicos, precisamos de mais recursos, mais praticantes, melhores conhecimentos técnicos, mais intercâmbio, um centro de treinamento decente, e por aí vai...As demandas são muitas e os paises estrangeiros tem muita tradição no esporte. Começamos 100 anos atrasados, mas pelas características de nosso povo, extremamente lutador, buscaremos esta diferença neste período de 12-16 anos, basta que o trabalho seja feito certinho, sem atropelo, sem pular degraus na escada, tem que ser passo a passo.


Qual é o valor do patrocínio da Caixa Econômica Federal e até quando vai o contrato?

O valor acertado era de 300.000 Reais de Janeiro a Julho (até os jogos), mas já conversamos com o pessoal do marketing da Caixa, que ficou super satisfeito com os resultados e eles irãoi continuar com o patrocínio. Esta é uma grande vitória para a nossa modalidade, e temos que aplaudir a iniciativa da Caixa em apoiar uma modalidade que devido a sua pouca tradição no Brasil, não dá o mesmo retorno dos outros patrocinados como no caso da Caixa, o atletismo e a Ginástica. Esta é uma aposta de longo prazo que com certeza saberemos retribuir em alguns anos, deixo aqui meu agradecimento público ao Patrocinador oficial da CBLA, a Caixa Econômica Federal.

Quais são os outros patrocinadores?

Não temos ainda outros patrocinadores, temos alguns apoiadores, a empresa Motormax de óleo para motor automotivo, a NO GI, marca de roupas esportivas voltada para o segmento de lutas e a Rio Sports Tour, agência de turismo esportivo. Estamos a procura de uma empresa aérea para ser o nosso segundo patrocinador, uma vez que uma de nossas grandes demandas para evoluirmos são competições no exterior e intercâmbios de treinamento, com as passagens garantidas, nosso retorno em termos técnicos seria bem mais rápidos, uma vez que as mesmas são o nossa principal fonte de custo durante os últimos anos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Retratando a alma dos gladiadores


Álbum tem a essência de dois ícones das lutas em suas páginas

Arte e lutas sempre foram relacionadas, desde a pré-história com suas figuras nas cavernas, passando pela antiguidade com as estátuas de soldados caminhando através do período moderno como a obra Lutadores (1943) de Mario Zanini e chegando ao pós-moderno exemplificado no retrato de Muhammad Ali feito pelo artista da pop Art Andy Warhol na década de 60.

A fotografia artística de João Henrique Netto, o Johnny, capturou Éder Jofre e Aurélio Miguel em preto e branco para o seu livro Eles Falam da Alma – Retratos Johnny (2007). O judoca aparece com um ar pensativo enquanto o pugilista já na casa dos 70 treina descamisado no punching ball.

Em nenhuma figura os retratados fazem caras ameaçadoras, basta lembrar a postura e carreira de dois e ver que eles nunca precisaram de personagens. Além de ambos há outros atletas, estadistas, celebridades e anônimos, o que mostra que o resultado independe da origem do modelo.

Livro
Eles Falam da Alma – Retratos Johnny
Johnny
Magma Cultural

Foto: Divulgação

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Guile de Bragança


O boxe é conhecido na América como o “esporte dos garotos pobres”, enquanto para muitos o jiu-jítsu é a luta dos playboys e esses muitos acreditam que seus praticantes são os mesmos que queimam mendigos, espancam professores e violentam garotas de programa nas noites das capitais brasileiras.

Em uma aula de ética na Universidade Presbiteriana Mackenzie até escutei que “quem mais arruma confusão nas ruas do Rio de Janeiro, são os pitboys da família Gracie”, esse comentário saiu de um professor.

Mas até é compreensível entender e dar razão à crítica aos pitboys, escutam black music, porém quando surge um negro favelado próximo do seu carro fecham o vidro ou até cospem nele. Saem com as garotas e só as chamam de vadias, ou até mesmo “Biatchhh”, porque é assim que se faz na Costa Oeste ou “West Coast”.

O Guile de Brangança não é assim, tem o apelido do famoso street fighter porque realmente lembra ele e também por ser um bom lutador, quem esteve presente no Coliseum Arena comprovou.

Se a Globo conhecesse mais Guiles e menos pitboys a fama seria outra, talvez nas manhãs de domingos pudéssemos acompanhar disputas da arte suave e não apenas de judô. Quem sabe até o personagem principal de uma das novelas ser um jiu-jitsuká.

O pitboy se acha esperto, porque toma energético com whisky e mistura com maconha, mas mais esperto é o Guile que aproveita o fato de ter uma boa condição financeira que poucos brasileiros gozam e investe no estudo da arquitetura, pois sabe que é uma minoritária elite que pode viver de alavancas e torções.

Foto: Guile de Bragança prepara o seu Raleqfu / Arquivo Pessoal

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ainda existe a língua portuguesa?


Eventos de MMA cada vez mais usam a língua inglesa em seus nomes, mas pecam no nossa própria

Cada vez que recebo um release sofro com a grafia errada em português, mas a palavra “fight” não pode faltar no título, em alguns casos ela é “figth”. O termo release em si já é original do inglês e de acordo com o wikipedia: “uma liberação da notícia é uma parte de uma comunicação com a finalidade de anunciar algo reivindicado como tendo o valor da notícia”.

Pindamonhangaba Fight, Sítio do Pica-Pau Amarelo Fight, Boca do Lixo Fight, Rua Augusta Fight, Bahamas Fight... pra nomear o seu torneio basta colocar o nome do local seguido de “fight”. O irônico é que quando o VALE-TUDO entrou na moda nos anos 90 os eventos internacionais usavam a palavra VALE-TUDO no título do campeonato.

Defendo chamar a luta olímpica de wrestling, porque é mais fácil falar “Oi, sou um wrestler” ou “Olá, sou lutador de wrestling”, do que “Sou lutador de luta olímpica”, ou nomear a modalidade de “luta-livre” que as pessoas confundem com o esporte de Márcio Cromado e Chocolate ou com os shows dos Gigantes do Ringue.

Existe motivos para evitar estrangeirismos

Após esse texto, muitos vão achar que sou nacionalista, ou que é simplesmente frescura minha. Mas se formos ver, cada dia mais esquecemos a nossa própria cultura e valorizamos a dos outros. Moro no Brasil e não vejo necessidade de chamar o jíu-jitsu dos Gracies de Brazillian Jíu-Jitsu entre meus conterrâneos.

Crítico essa forma de linguagem sim, e sabem por que? Por que nem eu que estudo jornalismo escrevo o que deveria, e me acusam de rebuscar muito neste blog, mas te garanto que um dia vou provar que o lutador tem bagagem cultural pra textos mais rebuscados que não são chatos que vão além de resultados de lutas.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

SBT traz telecatch de volta a televisão brasileira


A emissora do Homem-do-baú terá as atrações Raw e Smackdown em sua grade a partir de dezembro

O telecatch já foi um dos maiores fenômenos midiaticos no Brasil, as lutas de Ted Boy Marino, Fantomas, Aquiles e Verdugo atraiam tanta atenção quanto as novelas de Beto Rockefeller, Odorico Paraguaçu, Tonho da Lua e Roque Santeiro.

Com o passar dos anos e a queda na qualidade dos lutadores-atores o programa foi perdendo a popularidade e sua versão nacional teve seus últimos suspiros com o Gigantes do Ringue de Michel Serdan na rede CNT Gazeta no fim dos anos 90.

No início da mesma década, homens extremamente musculosos subiam nos ringues no show Supercatch que apresentava na tela da extinta Manchete os lutadores do Raw daquele período. Os principais eram Razor Ramon, “Heartbreak Kid” Shawn Michaels, The Undertaker, Doink The Clown e Bret Hart. Destes nomes apenas Michaels e Undertaker continuam na liga.

De acordo com o livro Box de Ernani Nogueira a atração se originou na luta olímpica que entretinha o público que com o crescimento do boxe no gosto popular precisava de cada vez mais visibilidade e o passou a se chamar Pro-Wrestling. O amauter wrestling é o praticado em olimpíadas nos estilos greco-romana, livre e feminino e principalmente sem coreografias.

Formato e horário

A volta do pro-wrestling pode ser um suicídio pra emissora paulista, pois nos E.U.A as atrações possuem episódios inéditos que só são interrompidos na época de festas de fim de ano. No Brasil além do atraso haverá a dublagem dos lutadores.

O programa que visa homens na faixa dos 18 à 34 anos ficaria melhor numa tevê a cabo, mesmo porque contém um forte conteúdo de referências sexuais como mulheres que se beijam e lutam em uma competição na qual o objetivo é deixar a adversária de roupas intimas. Outro ponto baixo é Shawn Michaels que juntamente com Triple H formou o grupo D-Generation X, quando ambos querem provocar os oponentes gesticulam apontando para suas virilhas e dizem “Suck It” (chupa em tradução livre).

Raw e Smackdown também têm wrestlers aqui chamados de superstars que acertam mulheres com cadeiradas. O programa sem cortes não é próprio para o horário de 20h30min do sábado e domingo.

Para introduzir os shows aos brasileiros a organização americana WWE (World Wrestling Entertainment) envia na próxima semana Batista, Great Khali e Melina.

Clipes dos programas

Smackdown



Raw



Foto: Batista/WWE Divulgação