domingo, 2 de janeiro de 2011

Entrevista Alexsandro “Pit” Cardoso

Alexsandro Pit Cardoso / Ana Prata


O capixaba naturalizado paulistano Alexsandro Rocha Cardoso teve como principais inspirações pugilistas lendários como Julio César Chávez, Sugar Ray Leonard e Marvin Hagler. Dada as condições precárias no esporte começou a treinar por conta própria com o auxílio do pai que é um fã ardoroso do esporte, sem pratica como técnico de boxe, mas de enorme força de vontade.

O atleta invicto conhecido como “Pit” (12-0-0, 11 KO's) e que leva jovens das mais baladas academias de São Paulo aos eventos de boxe fala nesta entrevista de seu começo tardio e como é ser um boxeador de 30 anos em busca de uma chance no exterior além de manter parte do seu tempo com os estudos no ensino superior.

De onde vem o apelido “Pit”?

Vem de quando eu pertenci a seleção brasileira de boxe, na época quando cheguei era muito novo, não tinha muita técnica de pugilismo, ia muito pra briga dentro do ringue, daí me falavam pra usar mais a inteligência e menos um pouco na a agressividade que assim parecia um pitbull... Saia todo arrebentado. Com o tempo fui aprendendo a nobre arte e o que facilitou um pouco as coisas...

Como foi seu início no boxe?

Foi no começo de 1996 por intermédio de meu próprio pai que me explicou direito o que era o boxe, apesar de não ser um técnico do esporte era um visionário. Me apresentou fitas de Julio César Chávez, Marvin Hagler, Sugar Ray Leonard e por meio dessas gravações tirei alguma coisa e adaptei ao meu estilo.

Tive um início muito penoso no boxe, treinava sozinho, não tinha companheiro, meu pai não tinha tempo pra me acompanhar, não tinha sparring, ou seja, fazia com o coração mesmo. Pra piorar ainda tinha a escassez de lutas no meu estado que me obrigava as vezes a lutar campeonatos brasileiros sem qualquer preparação, porém o coração, o orgulho e o incentivo do meu pai me levou a lutar assim mesmo, e entre algumas derrotas e vitórias, cheguei À são paulo a convite da Seleção Brasileira de Boxe, e também a São Caetano convidado por Servílio de Oliveira.

Você segue invicto com um alto índice de nocautes. Por quê sua carreira ainda não deslanchou?

Rapaz, eu acredito muito no ditado: "tudo tem sua hora". Eu me profissionalizei tarde tarde com 26 anos, falta de empresários não foi, tive convites de pessoas de fora do país, entretanto, as coisas eram fáceis demais e meu coração não pedia, tanto que sempre algo emperrava e outros não inspiravam confiança. Segui lutando por mim mesmo, com a ajuda de meu 1° técnico como profissional, o Miguel de oliveira, e continuei fazendo minha lutas, conquistei o título de campeão brasileiro em 2007 dos pesos cruzadores, mas a falta de lutas e o convite de outra equipe me fez mudar de equipe e técnico. Sou muito grato a Miguel de oliveira com quem tenho grande amizade e profunda admiração.

Sua renda vem do boxe?

Não, minha renda vem de minhas aulas como personal que dou pra uma massa da classe alta de São Paulo, graças a Deus tive um reconhecimento e indicação entre os próprios. Hoje tenho além de amizade, minha renda mensal para minha manutenção já que vivo sozinho e dependo apenas de mim para tudo que faço.

Além do boxe você estuda Educação Física no Ensino Superior. Por quê essa escolha?

Por que pretendo no futuro trabalhar com esportes olímpicos, formação de atletas e homens íntegros. Quero estar envolvido por inteiro nas áreas de saúde e esportes, para tanto não adianta saber o nome do mágico se não sabe a magia, né?

Acredita que o lutador deve buscar um caminho pela educação?

Sim, não podemos apenas depender do esporte, sabemos que o quando gostoso e debutar, mais também sabemos o quão ingrato é as vezes além de como é meteórica e efêmera a carreira passando num piscar de olhos. Num dia você é a polícia e amanhã o ladrão, então temos que nos ater disso e construir nosso futuro enquanto há tempo, caso contrario, historia e passado não vão nos servir a mesa.

É verdade que você busca um combate com Jackson Jr.?

Na verdade estava 1 ano parado já, tinha meio que desanimado até com o boxe, foi quando tive o convite através do “Cupim” de treinar na equipe da Boxing Brasil, meu pedido foi apenas de colocarem pra lutar e na época a Boxing Brasil tinha que fazer um teste comigo pra ficar de vez com a equipe e tinha que lutar com o melhor que no momento o melhor era Jackson Jr. Aceitei numa boa, minha estratégia era de lutar, seja com quem for, independente de qual seja o atleta, sou lutador, já estou numa idade crítica, pra mim é agora ou nunca tanto que não escolho lutador e tenho apenas de fazer o que sei fazer no momento. Penso assim: "Você não tem nada além do tempo, mas o tempo não te dará tempo".