segunda-feira, 8 de março de 2010

Hoje é dia das mulheres, dia de lutadoras!

Menina de Ouro (2004) / Divulgação


A mulher já é uma lutadora no momento que nasce, criada no âmago de uma sociedade machista restringindo suas opções e beneficiando os homens. Na história humana são poucas as personagens femininas de destaque em relação aos homens.

O historiador britânico Keith Jenkins aponta em seu livro A História Repensada (2001): “embora milhões de mulheres tenham vivido no passado (na Grécia, em Roma, na Idade Média, na África, nas Américas...), poucas aparecem na história, isto é, nos textos de história. As mulheres, para citarmos uma frase, foram 'escondidas da história', ou seja, sistematicamente excluídas da maioria dos relatos de historiadores”. No boxe não é muito diferente.

As lutadoras tem enorme dificuldade de aceitação entre seu meio, sendo vistas segundo atesta a escritora americana Joyce Carol Oates no livro O Boxe (1987) como excentricidades nas reuniões de pugilismo. E é pior para as garotas da plaqueta vistas por alguns por um viés pejorativo.

Alguns programas de TV expõem as pugilistas como algo inusitado: “a bela mulher que luta”, mas logo após a atração acabam deixando as de lado, enquanto, anunciam desde a nova guerra contra o terror até um novo detergente. Outras atrações são mais honestas e mostram a árdua realidade dessas atletas independente de sua aparência e não visando apenas o jogo de audiência.

Dados do IBGE comprovam que no mercado de trabalho a mulher recebe menos do que o homem e isso não difere no quadrilátero. Alguns homens recebem salário mínimo para subir no ringue, enquanto, elas muitas vezes ganham nada, talvez aplausos.

Não posso esquecer as que são mães, irmãs, namoradas e esposas que tanto confortam os lutadores após derrotas catastróficas, enquanto, fãs, empresários, jornalistas os esquecem como se fossem notícia do dia anterior e não um ser humano.

Acredito que um dia o boxe feminino possa caminhar em paralelo com o masculino, que as medalhas olímpicas agraciem todos os nossos atletas e que as pessoas aprendam que não é necessário se derreter de amor pelo próximo, mas pelo menos tolerar as diferenças.

Aretha Franklin - "Respect"