segunda-feira, 22 de março de 2010

A morte do Capitão América

Escudo do Capitão América / Alex Maleev - Marvel Comics


“Há aqueles que tomam as sociedades 'mais desenvolvidas', dominantes ou hegemônicas como parâmetro do que pode ser o mundo. Nestes casos, a globalização tende a ser vista como europeização, americanização ou ocidentalização, ainda que se fale em modernização, secularização, individualização, urbanização, industrialização ou modernidade”, explica o sociólogo Octavio Ianni (1926 – 2004), em seu livro Teorias da Globalização (1995).

Os ataques as Torres Gêmeas do World Trade Center no dia 11 de setembro de 2001 demonstraram que a hegemonia americana sobre o mundo é contestada por diversos grupos terroristas ou políticos. A polarização da Guerra Fria estava mais que desfeita quando os dois aviões colidiram contra a estrutura de metal e concreto. Agora diversos segmentos tinham interesses diversos nos campos social, econômico e político. Assim começou o pesadelo americano.

No boxe as duas aeronaves que acabaram com as esperanças dos conterrâneos de George Bush e Barack Obama atendem pelo sobrenome Klitschko. São dois irmãos, Vitali é o primogenito e Wladimir é o caçula. O primeiro é o czar do Conselho Mundial de boxe e o segundo é aiatolá da Associação Mundial de Boxe e da Federação Internacional de Boxe.

O texto do jornalista Robert D. Kaplan em seu livro Políticos Guerreiros (2002) explica: “os guerreiros de hoje proveem de centenas de milhares de jovens rapazes desempregados no mundo em desenvolvimento, revoltados com as disparidades de renda que acompanham a globalização. A globalização é como a teoria de Darwin. Significa a sobrevivência econômica dos mais preparados – os grupos e indivíduos disciplinados, dinâmicos e engenhosos chegarão ao topo, enquanto as culturas que não competirem bem em termos tecnológicos produzirão a criação de guerreiros...”.

O ponto de vista do jornalista americano se concretiza no boxe com ascensão de pugilistas oriundos de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e antigos membros da União Soviética em todas as divisões de peso. Os americanos perderam seu interesse em ter seus filhos trocando socos em um ringue a partir do momento que os jovens conseguiram se emancipar financeiramente através dos estudos.

Aqueles que não seguem em carreiras profissionais mais seguras e ainda insistem nos esportes têm seu caminho mais rico em esportes como o baseball e o futebol americano que aos olhos da sociedade não degrada tanto o corpo quanto o boxe. Os melhores atletas com alto índice de rendimento optam por esses dois esportes citados acima além do basquete e da natação tendo como uma de suas últimas opções a nobre arte, o que explica a falta de talentos entre os pesados recentes.

Os boxeadores atuais da categoria máxima são veteranos que insistem na carreira como John Ruiz, Riddick Bowe e Evander Holyfield, ou pugilistas de considerado no máximo “bons” como Cris Arreola ou Eddie Chambers, mas incapazes de superar os irmãos Klitschko. Assim, os E.U.A assistem a morte do Capitão América.

Se o boxe dos pesados tiverem a gana que o Capitão apresenta nos gibis, então, seus filhos podem continuar com suas vigílias esperando seu salvador.

A Morte do Capitão América / Steve Epting & Mike Perkins - Marvel Comics


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