quarta-feira, 18 de agosto de 2010

50 anos de um rito de passagem

Os ritos de passagem marcam a entrada do jovem na vida adulta, em muitas tribos são realizadas em cerimônias envolvendo embates físicos. Para o pugilista Éder Jofre foi a luta contra o mexicano Joe Medel e este combate simboliza também o amadurecimento do boxe nacional. Hoje completa 50 anos deste épico.

Eder participou em mais de 78 apresentações profissionais ao longo de sua carreira, e mesmo nas duas em que perdeu não foi tão ameaçado quanto naquela noite há 5 décadas em Los Angeles, Califórnia. A plateia cheia de figuras com sombreros gritavam “vingança, vingança!” quando o “Galo de Ouro” feriu o herói deles.

O combate era uma eliminatória para a disputa do título mundial dos galos em poder do também mexicano Joe Becerra, o jovem paulistano de 24 anos que pensou em ser artista plástico até pensou em desistir durante o embate com Medel.

Bastou-lhe o pai lembrar da fé do povo brasileiro e da família nele que voltou mesmo sentindo a fadiga de quem precisou perder peso na véspera da luta além de estar ferido e cansado, porém motivado e com um míssil no queixo de Medel acabou com a luta no 10° giro de uma noite prevista para 12 assaltos.

Após a batalha Medel confessou que Éder seria o futuro campeão mundial, e em dezembro do mesmo ano a profecia se realizou. Naquele 18 de agosto o menino do Peruche, que como afirmou Nelson Rodrigues parecia nunca ter falado um palavrão, se tornou um colosso da história do esporte mundial e o Brasil viu o valor que tem.

A vitória de Éder Jofre não foi apenas no ringue, mas também socialmente, pois mostrou que uma pessoa da classe operária pode subir na vida sem meios nefastos e que a nação deve se livrar do complexo de vira-lata.

Éder Jofre x Joe Medel 18/08/2010