Shahla Sekandari - 12/08/2010 / Majid Saeedi Irish Times
Sadaf Rahimi, 17, e Shahla Sekandari, 20, pretendem representar o Afeganistão na volta do boxe feminino nos Jogos Olímpicos depois de mais de um século fora da disputa no torneio de 2012 em Londres. Porém para cumprir seu objetivo ambas lidam com ameaças de morte feitas por fanáticos religiosos.
Fanáticos islamitas veem a prática de boxe feminino como uma afronta a sua fé, e as boxeadoras são os principais alvos por serem as duas estrelas da pequena esquadra Afegã. A dupla neste ano adentrará no campeonato mundial de boxe amador, a ser disputado em Bridgetown, Barbados em setembro.
Rahimi e Sekandari treinam em uma das duas academias voltadas para mulheres e contam com o apoio das feministas envolvidas na política de sua nação. É comum vê-las chegando na academia com trajes típicos mostrando pouco do corpo até vestirem o equipamento de pugilismo.
“Quando boxeio me sinto realmente livre. Aqui há liberdade para mim e todas as garotas”, declara Sekandari ao Irish Times, a jovem estuda Inglês na Universidade Dunya, uma instituição privada de Cabul, capital afegã.
“Há muitas pessoas ignorantes no Afeganistão que diz péssimas coisas sobre mulheres, eu apenas tento ignorar essas pessoas”. Sekandari que treina há apenas 3 anos conquistou em 2009 a medalha de bronze nos Jogos Asiáticos em Hanoi, Vietnã. Após o fato se tornar público começou a repreensão.
“As pessoas se aproximavam de mim e falavam 'não pratique boxe, não é bom, não é islâmico e não é para mulheres'”, lembra Sekandari que assim como sua colega Rahimi teve de superar o preconceito dos parentes.
Agora a dupla anseia se classificar para os Jogos de Londres em 2012 quando o boxe feminino volta depois de mais de um século. Para chegar devem passar pelas chinesas, indianas e cazaques, países com fortes bases no pugilismo olímpico.
As condições de treino das afegãs são precárias, com equipamentos reciclados ou emprestados. Todos atletas devem pagar uma taxa diária de 80 centavos. Suas oponentes continentais encontram condições de países desenvolvidos.
Até pouco tempo atrás o Talibã restringia a educação para mulheres. Portanto, atuação de Rahimi e Sekandari não envolve apenas esporte, mas também um manifesto político. As mulheres afegãs conquistaram alguns direitos recentemente e precisam se engalfinhar constantemente para mantê-los e expandi-los.
Sadaf Rahimi - 12/08/2010 / Majid Saeedi Irish Times