Profº Carlos Alberto (dir.), Douglas Ataíde (centro) e Profº Cido (esq.) / (Foto: Gabriel Leão)
Os pés negros calçados
por sandálias de couro, a calça social e o colete de lã todos em
tons de marrom ou vermelho compõem o quadro junto com os óculos de
grau de um homem coxo que tem a dificuldade no andar mais que
compensada pela inteligência. O professor aparece no ginásio para
orientar os jovens lutadores.
Homem de esquerda, mas
ao mesmo tempo um personagem singular que assume se interessar pelas
atrações apresentadas no programa de Amaury Jr., nessas horas
encontra algo diferente de sua realidade em salas de aula da rede
pública de ensino de São Paulo.
Nos eventos de boxe do
Brasil consegue com astúcia andar entre as diversas alas que
frequentam este microuniverso. Visto por uns como arrogante por ser
inteligente, nega com humildade e veemência o status de intelectual
tanto que se incomodou quando a qualidade lhe foi atribuída em uma
publicação.
Profº Carlos Alberto
vê no boxe uma expressão do ser humano e muitos que eram homens de
letras também eram assim entre eles os escritores americanos Ernest
Hemingway e Robert E. Howard e os estadistas Jânio Quadros e Nelson
Mandela. A nobre arte por ser tão bela e tão violenta ao mesmo
tempo contendo tanta plasticidade atrai a classe dos intelectuais.
No tablado do Clube Atlético Guarany ele é visto rodeando o ringue ou subindo no mesmo com os atletas com os quais tem afinidade e admiração. Tenta acompanhar o ritmo, mas a idade e as condições físicas impedem, mesmo assim tenta... tenta... tenta e volta em outra sessão. Porém, os conhecimentos que possuem poucos acompanham, em debates profundos encontra poucos duelistas.