Servílio de Oliveira / (Foto: Adonis Guerra)
Mesmo donos de apenas um olho, os ciclopes Arges, Brontes e Estéropes estão entre os melhores ferreiros da mitologia grega. Forjaram os raios fulminantes de Zeus, o tridente invocador de tempestades de Poseidon e o elmo que confere invisibilidade à Hades. As armas ajudaram os três irmãos deuses a vencer Cronos e os titãs na guerra chamada de Titanomaquia.
A mitologia esportiva brasileira também possui seu ciclope, que mesmo dotado de um olho levou um pobre menino nordestino desacreditado ao cinturão mundial da nobre arte. Seu olhar apurado enxerga mais longe do que aqueles que possuem dois olhos.
É como se este homem ao ter seu olho ferido recebesse uma visão mais refinada capaz de ver o futuro e os obstáculos na jornada para ele. Além do rapaz que conquistou o mundo teve e mantém outros guerreiros que são reconhecidos por sua coragem e valentia além da capacidade de também serem senhores das terras e oceanos.
Deu para um país que o trata com injustiça dois filhos que possuem o talento de treinar gladiadores da mais alta qualidade, e mesmo sem o reconhecimento merecido, pai e filhos seguem dignificando a nação na qual nasceram e moram. A prova de sua grandeza é o símbolo de bronze que adorna o peito de ébano do ciclope.
A perda da visão não lhe trouxe apenas o conhecimento para forjar o raio que nocauteia pugilistas, a tempestade que leva hematomas aos desafiantes ou a invisibilidade que faz os punhais inimigos errarem armaduras cortando apenas o ar. Trouxe algo digno, a consciência política para buscar justiça e igualdade aos seus colegas de luvas.
O nome do ciclope brasileiro é Servílio de Oliveira.