Layla McCarter / (foto: divulgação)
A americana Layla McCarter, 33, é uma reconhecida ex-campeã mundial, veterana dos ringues e ativista pelo boxe feminino em seu país e no mundo. Já foi campeã superleve (63,5 kg) da WIBF (Federação Internacional de Boxe Feminino) e também foi dona da cinta de leves (61,2 kg) da Associação Mundial de Boxe (AMB).
Esposa e empresariada pelo americano Luis Tapia, encarou nomes como Jelena Mrdjenovich, Loli Muñoz, Fujin Raika, Belinda Laracuente, Dakota Stone, Chevelle Hallback e outras.
Em seu próximo combate tentará obter o cinturão meio-médio (66,7 kg) da AMB em posse da sul-africana Noni Tenge na cidade da rival no dia 22 de setembro. Em entrevista ao Córner do Leão, McCarter (34-13-5, KO's) fala das questões acima, seu início no boxe, possibilidade de lutar no MMA e principais nomes na nova categoria que lutará.
Você começou a treinar artes marciais aos 8 anos de idade. Treinou o estilo kenpo de caratê e depois kickboxing, tendo competido neste último. Essas duas lutas ajudaram você a desenvolver seu estilo nos ringues?
Minha primeira e principal arte marcial antes do kickboxing é o caratê kenpo americano. As lições que tive nas artes marciais me ajudaram a desenvolver não apenas no boxe, mas também minha filosofia e estilo de vida.
Tendo treinado essas artes marciais e lutas já a fez cogitar participar de uma luta de MMA?
Boxear é minha vida agora, mas meu passado nas artes marciais sempre faz surgir perguntas sobre se eu consideraria lutar no MMA. Se o dinheiro for suficiente, eu definitivamente consideraria uma transição para uma luta com (Ronda) Rousey, (Cris) Cyborg, ou qualquer outra. Porém, no momento, permaneço no que faço melhor, e isto é boxear.
Você começou no boxe profissional com uma vitória e depois por durante um ano fez 5 lutas, perdendo 4 e empatando uma. Nesta fase de novata, pensou em abandonar o esporte?
Nunca pensei em desistir, porque sabia que se tivesse uma chance honesta eu trabalharia duro e me tornaria a melhor. Isto não é sobre o seu início, mas como se chega ao final. Graças à Luis Tapia, meu empresário e treinador, que me deu uma chance quando ninguém mais acreditava em mim que meus sonhos se tornaram realidade.
Em 2003, você superou Lisa Holewyne pelo cinturão superleve da WIBF e em 2007 bateu Donna Biggers pelo então vago título dos leves da AMB. O que cada uma dessas noites significou em sua vida pessoal e carreira?
Quando bati Lisa Holewyne fiz uma das minhas melhores atuações ao usar meu jogo de pernas e bom boxe para superar uma rival muito maior. Observadores no local me compararam ao grande Willie Pep, também estava em jogo sua cinta da GBU (Global Boxing Union - União Global de Boxe) da categoria. Até então eu havia tido apenas um cinturão peso pena, então foi espetacular não apenas bater alguém desta categoria, mas valendo um cinturão mundial.
O embate com Donna Biggers foi significante por ser o primeiro combate de mulheres tendo 12 rounds de 3 minutos. Foi por conta de meu esforço e a cooperação da Comissão Atlética de Nevada, a GBU, que em meu combate anterior com Belinda Laracuente também sancionou 10 rounds de 3 minutos, e a AMB que tornou esse evento histórico uma realidade. Foi um sonho que se tornou realidade. Espero que em um dia rounds de 3 minutos sejam mandatórios para boxeadores independente de seu sexo.
"Se promotores e emissoras de televisão fizessem justiça ao boxe feminino, grandes lutas poderiam ser feitas."
Sua próxima luta em setembro será contra a campeã meio-médio da Federação Internacional de Boxe (FIB), a sul-africana Noni Tenge. O que sabe do seu estilo de luta?
Não sei muito sobre Noni Tenge. Ela é de East London, na África do Sul, então lutaremos em sua cidade. Ela é invicta e venceu a maioria de seus combates por nocaute, então acredito que ela pegue bem. Temos em Daniella Smith uma oponente em comum, que Noni nocauteou e eu venci por pontos na Nova Zelândia. Ela nunca lutou com alguém como eu e não tem minha experiência. Espero Noni grande, forte, agressiva e em boa forma como são conhecidos os lutadores sul-africanos.
Lutar na África, território de Noni Tenge, faz diferença para você?
Claro que lutar em sua cidade lhe dá uma vantagem uma luta corpo-a-corpo, mas tenho esperança que a AMB coloque jurados neutros e confio em minha habilidade para obter uma vitória inegável até mesmo sob a pior das circunstâncias. Quanto maiores os desafios, mais eu cresço. Meu jogo fica mais forte e eu atuo melhor. Pretendo vencer, mas independente do resultado eu já sou vencedora por pisar onde muitas não querem.
Na categoria dos meio-médios os principais nomes de hoje são a americana Holly Holm, a francesa Anne Sophie Mathis e a colombiana residente na Noruega Cecilia Braekhus. O que pode dizer delas?
Holly Holm segue bem na carreira graças a uma boa estrutura de realização de seus combates na sua cidade, Albuquerque (estado do Texas, nos EUA). Ela não teria se saído tão bem na estrada. Ann Sophie Mathis conseguiu grande feito ao nocautear Holm em Albuquerque, mas na maior parte de sua carreira batalhou em casa. Braekhus também luta exclusivamente em sua casa, mas parece ser boa lutadora. Creio que é a melhor das três.
Se promotores e emissoras de televisão fizessem justiça ao boxe feminino, grandes lutas poderiam ser feitas. Entre os pesos leve e superleves há muitos combates para mim. O que tenho em mente agora é com Noni Tenge. África do Sul, se prepare para o espetáculo!