segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Entrevista com Susie Ramadan, bicampeã peso galo

Susie Ramadan / (foto: reprodução)


Susie Ramadan, 33, superou um passado de bullying e violência para se tornar bicampeã mundial dos galos (53,5 kg). De raízes muçulmanas cresceu na Austrália onde tem reconhecimento e uma equipe na qual está sua irmã Julie, hoje sua nutricionista.

Em entrevista ao Córner do Leão, Susie "Q" Ramadan (23-1-0, 8 KO's) fala de suas vivências, a derrota para a mexicana Yazmin Rivas e as vitórias sobre Terri Lynn Cruz e Alesia Graf.

Quando você era mais jovem sofreu muito bullying por ser descendente de turcos e albaneses e muçulmana. Isto ainda acontece com crianças do mesmo perfil na Austrália?

Sim, ocorre muito bullying. Não estou certa de como acontece em outros países, mas na Austrália crianças vem sendo vítima disto, seja por ter o mesmo perfil que eu ou outro. O número de adolescentes que se matam por sofrer cyber-bullying também aumentou.

"O número de adolescentes que se matam por sofrer cyber-bullying também aumentou"

Você tinha amigos considerados perigosos na sua juventude. Onde eles estão agora? Era mesmo uma vida bandida?

Quando penso nisso hoje em dia posso dizer que era vida bandida. Aqueles amigos perigosos eu não os tenho visto há um bom tempo, alguns estão na cadeia, outros em drogas pesadas e alguns mortos.

Você iniciou nos esportes pelo futebol. Em qual posição jogava? Qual time torce? Tem algum ídolo?

Inicialmente eu dançava e era uma coisa que eu amava, gostava muito quando criança e ainda até hoje, então eu joguei futebol por muitos anos. Fui meio-campo na maior parte do tempo, mas era colocada mais a frente também ou atuava de ponta-esquerda. Torço pelo Real Madrid e gosto do Cristiano Ronaldo.

"Aqueles amigos perigosos eu não os tenho visto há um bom tempo, alguns estão na cadeia, outros em drogas pesadas e alguns mortos".

O futebol brasileiro está pertence ao grupo de elite. Você sabe algo ou acompanha o futebol do Brasil?

Não tenho acompanhado muito futebol, sinto saudades de jogar. Porém sei que os jogadores brasileiros estão entre os principais do mundo, são muito talentosos no que fazem.

Como foi a transição do futebol para o boxe?

A mudança funcionou até porque o jogo de pernas do futebol me ajudou no trabalho com as pernas no boxe.

Sendo uma mulher muçulmana como você vê a relação de religião e esporte? Você precisa usar algum uniforme especial como algumas atletas do oriente médio?

Religião e esporte são duas coisas diferentes. Apesar do islamismo ser sobre paz e não machucar o próximo e o boxe ser um jogo de ferir. Muitos não concordariam em boxear seja mulher ou homem, mas principalmente as mulheres. Uniformes especiais ficam por conta de cada um seja por conta do esporte ou não.

Nas grandes divisões você faturou o cinturão dos galos da FIB ao bater a americana Terri Lynn Cruz. Como foi a luta e como é sentir o gosto de ouro pesado pela primeira vez?

Foi um páreo duro. A sensação de conquistar o primeiro cinturão de prestígio é um sentimento indescritível, trabalho duro realizado ao longo dos anos, uma sensação de sucesso que o dá mais motivação.

"A sensação de conquistar o primeiro cinturão de prestígio é um sentimento indescritível, trabalho duro realizado ao longo dos anos..."

Por quê ele ficou vago?

Se tornou vago porque a equipe que eu trabalhava não foi capaz de realizar a defesa em tempo hábil conforme os prazos da FIB.

Você foi derrotada pela mexicana Yazmin Rivas por decisão dividida quando você disputou a mesma coroa. Como explica o resultado?

Foi minha primeira derrota polêmica, então você pode imaginar como me senti devastada. Eu e muitos acreditamos que foi um resultado apertado, mas a escolha errada (dos jurados).

Você bateu por decisão dividida Alesia Graf. Há alguma chance de revanche?

Não creio que haverá revanche com Alesia Graf, ela está lutando como supergalo e eu não dei o peso de galo quando lutamos. Também há muitas pugilistas hoje que eu gostaria de enfrentar.

Agora que você é dona do cinturão dos galos do CMB planeja unificar com o da FIB ou outras entidades? Quem está na sua mira agora?

O grupo de Rivas solicitou uma revanche e eu demando que seja uma unificação, mas eles iriam deixar a coroa da FIB para lutar pelo meu cinto do CMB, entretanto este combate não aconteceu por eles não serem capazes de negociar de forma agradável para todos.

Susie Ramadan / (foto: reprodução)