Angelo Dundee / (Foto: AFP / Getty Images / Jed Jacobsohn)
Treinador trabalhou com Muhammad Ali e Sugar Ray Leonard
Na noite desta quarta-feira faleceu o lendário técnico de boxe Angelo Dundee aos 90 anos na cidade de Tampa, Flórida, nos E.U.A. O treinador trabalhou com lutadores históricos como Muhammad Ali, Sugar Ray Leonard, George Foreman, Carmen Basilio e José Napoles, além de breve passagem com o brasileiro Maguila.
Foi córner de Ali durante quase toda sua carreira, mas não esquecia da sua família e era muito apegado à ela. "Ele morreu do jeito que queria. Ele fez tudo o que queria", afirma Jimmy Dundee, filho do treinador. Segundo o jornal Miami Herald, Dundee morreu após um ataque cardíaco depois ter sido internado pela formação de um coágulo.
Em 1994 entrou para o Hall da Fama do Boxe Internacional após encerrar uma carreira que se estendeu por seis décadas, no córner é tido como estrategista de alta inteligência e grande motivador além de divulgar a nobre arte no mundo.
A sua relação mais memorável foi a com Muhammad Ali tendo o conduzido aos três cinturões dos pesados e ainda esteve nas épicas lutas contra George Foreman no Zaire em 1974 chamada "Rumble in the Jungle" e a terceira contra Joe Frazier nas Filipinas, o "Thrilla in Manilla".
A parceria de Dundee com Ali começou em Louisville, cidade natal do ex-pugilista, ainda em 1959. O técnico estava no local com o lendário meio-pesado Willie Pastrano e recebeu o um pedido do jovem Cassius Clay, nome de batismo de Ali, para conversar durante cinco minutos num "papo" que se estendeu por três horas e meia.
Em 1960 o mundo conhecia o talento de Muhammad Ali com a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Roma, e ao regressar para os E.U.A Dundee o convidou para treinar em Miami, o herói olímpico recusou, mas após sua primeira vitória como profissional foi treinar com o sonhado mentor após um de seus agentes intermediar a reaproximação por telefone.
Sob a tutela de Dundee, Ali conquistou o títulos dos pesados em 25 de fevereiro de 1964 sobre o temido Sonny Liston no 6º round. Os dois se tornariam uma das maiores, senão a maior, parceria entre técnico e atleta.
Muhammad Ali (esq.) e Angelo Dundee (dir.) / (Foto: AP)
Fora do ringue o que se via era a dedicação de um pai com seu filho. Quando Muhammad assumiu a fé muçulmana e se recusou a combater na Guerra do Vietnã, porque nenhum deles o chamara de "crioulo", Dundee não se manifestou adverso e esperou o pupilo retornar de uma suspensão de três anos e meio do pugilismo. Mês passado esteve na festa de 70 anos de Ali.
Nascido em 30 de agosto de 1921 na Filadélfia e batizado Angelo Mirena, a carreira foi impulsionada pelo irmão mais velho, o promotor de lutas Chris.
Dundee combateu por seu país na Segunda Guerra Mundial e então se uniu ao irmão em Nova York tendo adotado outro nome, Dundee, para seus pais não descobrirem seu verdadeiro trabalho.
No filme A Luta pela Esperança (Cinderella Man, 2005) aparece no córner do ex-campeão mundial dos anos 1940, James J. Braddock interpretado por Russell Crowe (Gladiador) e participou da preparação do ator para as cenas de luta. No filme Ali (2001) com Will Smith representando seu pupilo também atuou nos bastidores nas cenas de boxe.
Fonte: Terra.