Rodrigo Leite (esq.) e Antonio Carollo (dir.) / (Foto: Arquivo Pessoal)
Um adolescente de 14 anos se prepara e olha a ficha de inscrições para as aulas no Ginásio do Ibirapuera, decide entrar no grupo de boxe, a primeira opção seria o jiu-jítsu, mas o dinheiro da mãe não dava para o quimono e as aulas. Na ficha eram aproximadamente 100 esportes. O ano era 1998 e a economia ainda se encaminhava para o patamar atual.
Todos que ansiavam praticar a nobre arte passavam por uma entrevista com o professor Antonio Ângelo Carollo, o garoto ao ser questionado por quê estava ali respondeu com força: "quero ser campeão". O senhor de idade riu, já havia passado por cinco olimpíadas, conduzido um atleta ao bronze e outro ao cinturão mundial dos profissionais. No futuro o menino, então homem, percebeu que não foi um riso de desdém, mas daqueles de uma alegre surpresa.
Carollo contou ao futuro pupilo que este iniciava em boa idade, mas para se tornar campeão é necessário muito mais que "querer ser campeão". Hoje homem e pugilista, o antigo aprendiz lembra "esse foi o meu começo, meu destino".
Com o tempo disputou 62 lutas no boxe amador e fez a estreia no profissional. Diferente de muitos pugilistas que passam a dar aula não batizou sua academia com seu nome, mas sim como "Escola de Boxe Antonio Carollo". O local no Colégio Assunção nos Jardins reúne ex-atletas e professores formados pelo mestre.
No sábado 18 de fevereiro de 2012, Carollo não estaria mais no córner do último atleta que formou e deu seu nome para uma escola de pugilismo. Rodrigo Leite Goubaux sentiu a dor dos órfãos quando foi avisado. "Nossa relação era muito mais do que só mestre e aluno, era um pai, um amigo e posso me sentir honrado por ser seu último atleta. Vou levar o legado adiante e honrá-lo até o último dia de minha vida", afirma Rodrigo Leite.
Carollo foi instruído por Waldemar Zumbano, e por suas mãos passaram depois ases como Servílio de Oliveira e Sidnei Dal Rovere. Rodrigo Leite mostra em atitudes que não será o último desta linhagem.
O legado de um homem pode ser observado pelas vidas que ele toca direta e indiretamente, mesmo após sua passagem.