Francisco Massaranduba Drinaldo (esq.) e Flávio Álvaro (dir.) / (Foto: O Lutador.Com)
Quando empresas visam apenas seu produto e não o cliente, elas são "diagnosticadas" como sofredoras de Miopia em Marketing conforme definiu em artigo de 1960, o americano Theodore Levitt (1925-2006), economista de Harvard.
Por exemplo, uma Companhia de Óleo é mais influente quando se vê no ramo de energia do que apenas petrolífero. Academias e professores de lutas que conseguem enxergar espaço para crescer no mundo dos combates crescem em destaque profissional. Por exemplo, o técnico baiano Luiz Dorea desde os tempos que treinava o então campeão mundial Popó já preparava atletas de MMA.
Daniel Ferreira proprietário da academia de lutas e equipe de MMA One A One vê o boxe como ferramenta essencial para a formação de seus lutadores assim como aulas de jiu-jítsu, wrestling, muay thai e preparação física. Os tempos de cada lutador defendendo uma modalidade no octógono foram deixados há mais de uma década.
"O boxe é o pai das Artes Marciais Mistas (MMA) e acredito que junto com o jiu-jítsu compõem as artes mais importantes para o MMA", aponta o lutador paulista do octógono Flávio Álvaro que definiu 30% de suas vitórias por nocaute. O MMA adquiriu regras mais voltadas para a trocação com sua evolução, e atletas com boxe trabalhado vem se destacando.
"Um cara que sabe como bater, pode nocautear a qualquer momento em virtude da manopla de 4 onças", aponta o ex-técnico da seleção brasileira olímpica Gabriel de Oliveira que afiou os punhos de Vitor Belfort para seu último embate.
O instrutor defende que o atleta conhecedor dos fundamentos do pugilismo consegue manter uma distância na qual consegue golpear e não ser atingido "mesmo pelas pernas do seu adversário". Viking também aponta o fato do combate iniciar em pé e socos prepararem o atleta para usar quedas e outros golpes.
Nos últimos meses, Ivan de Oliveira, o "Pitu", técnico que conduziu Sertão ao cinturão mundial pena da Federação Internacional de Boxe (FIB) vem atualmente trabalhando com o meio-pesado "rankeado" mundialmente Jackson Jr., o Demolidor, e também tem feito um trabalho com os lutadores de MMA, Daniel Sarafian, Alexandre "Sangue" e João Paulo "Tuba".
Assim como Gabriel de Oliveira, Ivan é filho do único brasileiro medalhista olímpico pelo boxe Servílio de Oliveira, e não vê uma guerra declarada da nobre arte com o MMA, ou o segundo esporte prejudicando o que sua família atua há décadas.
Vitor Belfort (esq.) e Gabriel de Oliveira (dir.) / (Foto: Divulgação)
Pitu ressalta o fato do Brasil ser o maior exportador de lutadores de MMA e o "boom deste vai ajudar a desenvolver a mentalidade das pessoas que estão nos bastidores do boxe brasileiro. O Ultimate (UFC) dá um show de organização, a questão é falta de oportunidade, talento no boxe o país tem muitos".
Uma cena que vem se tornando mais comum na A.D São Caetano aonde Pitu ensina e é rotina na One a One são lutadores de MMA e boxeadores na mesma sessão de treino. Pitu explica que para o praticante do novo esporte as vantagens são maiores, pois conhecem mais da luta em pé, entretanto no boxe não há combate no solo. Ao trabalhar ao lado de boxeadores o treinador expõe que lutadores de MMA aprendem a "aplicar os golpes, e não apenas largar o braço".
Portanto Ferreira, Álvaro, os irmãos Oliveira, Tuba, Sangue, Sarafian e Belfort estão usando os conceitos de Levitt, evitando a Miopia em Marketing e investindo num mercado crescente, cada um à sua maneira e seguindo os rumos da globalização que leva o MMA para novas partes do mundo, mas também preserva o espaço do boxe.
Sangue, Sarafian, Pitu, Shogun e Tuba / (Foto: Arquivo Pessoal)