Gov. Beto Richa (esq.), Rosilete (centro) e Macaris (dir.) / (Foto: Divulgação)
O poder é invisível, mas para um dirigente político demonstrações esportivas servem para entreter o povo, educá-lo e apresentar parcela de seu poder para seus seguidores e adversários. Os atletas representam muito dos ideais das nações.
A Copa do Mundo no Brasil em 1950 reforçou a propaganda do "verde-amarelismo", entretanto o Maracanaço festejado pelos uruguaios abalou tais planos. Em 2014, o mesmo espírito volta por iniciativa de Lula que capitalizará neste momento seu investimento e prosseguirá com seus planos de chegar à ONU caso não haja problemas.
Nelson Mandela, praticante de boxe na juventude, usou o rugby como ferramenta social para aproximar brancos e negros em uma África do Sul ferida por conflitos raciais-econômicos e ainda se acostumando ao clima pós-apartheid.
Durante a Guerra Fria as potências E.U.A e U.R.S.S tinham seus atletas como soldados de uniforme esportivo em demonstrações de força ampliadas pelas transmissões televisivas. Se uma nação grande pode investir em esportes, é por quê conduz com propriedade os outros setores.
O pensador francês Roger-Gérard Schwartzenberg em seu livro O Estádo do Espetáculo aponta como a midiatização dos meios de comunicação chegou a política e como tirar proveito disto. Para um líder político ter a imagem ligada aos esportes significa agregar valores positivos.
O russo Sergei Tchakhotine (1883-1973), um dos principais formuladores dos métodos psicológicos das propagandas políticas voltadas para massas no século XX, definiu em seu livro A Mistificação das Massas pela Propaganda Política que a mensagem deve abranger quatro impulsos da estrutura biológica do ser humano: o impulso combativo, o impulso alimentar, o impulso sexual e o impulso paternal.
Os impulsos humanos, o líder político e seu campeão
O combativo lida com luta, perigos e morte; o alimentar com manutenção da sobrevivência e economia, o sexual com continuação da espécie e o paternal com valores sociais como solidariedade, amizade, carinho, amor e integração.
Políticos ao se associarem com atletas, sendo em muitos casos lutadores, alcançam tais impulsos em seus discursos. No período da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nacional Socialista do Führer Adolf Hitler e do Ministro de Propaganda Joseph Goebbels teve em Max Schmeling, contra sua vontade, seu super-homem, enquanto os E.U.A de Delano Roosevelt tiveram em Joe Louis o defensor de seus ideais de luvas. Ambos lutaram duas vezes das quais Louis. Por final o americano ficou com o cinturão mundial.
Antonio Carlos Magalhães, nome mais expressivo da política baiana e de grande peso no tabuleiro brasileiro aparece em fotos ao lado do bicampeão mundial Acelino "Popó" Freitas, sendo este um exemplo do esforço do homem nordestino para vencer a pobreza, fome e subir de patamar social. O ex-presidente americano Bill Clinton do Partido Democrata surge em fotos e vídeos abraçado com Muhammad Ali, símbolo da luta pelos direitos civis e voz das minorias.
O impulso combativo é o mais presente em campeões de boxe, tanto que políticos em seus discursos usam termos como "unidos venceremos", "nocautear a corrupção". ACM em campanhas eleitorais apareceu como desenho animado usando luvas da nobre arte. Arthur Virgílio, ex-senador do Amazonas é faixa vermelha de jiu-jítsu e ardoroso fã de lutas.
O impulso alimentar pode ser visto em boxeadores que lutam para melhorar suas condições de vida. A infância de Popó foi muito pobre e ele ajudou a levar comida para casa garantindo a sobrevivência de sua família. O impulso sexual reflete ao passo que campeões são vistos como os "melhores da espécie", ou seja, melhores reprodutores e também exemplos de compleição física e psicológica.
O impulso paternal aparece quando este campeão volta de sua jornada com vitórias e entrega algo para seu povo ou até mesmo para o mundo. Éder Jofre mostrou que o país não deve sentir "complexo de vira-lata" como dizia Nelson Rodrigues, enquanto Ali se tornou uma espécie de pai dos descamisados e desfavorecidos sendo indicado ao Nobel da Paz em 2007.
O governador Beto Richa, possuí um às em seu carteado que talvez ainda nem saiba. Dono de 74% de aprovação em seu estado, o Paraná, é amigo pessoal do empresário e ex-lutador Macaris do Livramento e da esposa dele e campeã mundial Rosilete dos Santos.
Rosilete em sua jornada que a levou de ex-boia fria a campeã mundial transmite valores aos quatro impulsos definidos por Tchakhotine. Já Richa possuí imagem ligada ao esporte, foi piloto no passado, ou seja atende os preceitos de Schwartzenberg, porém pode potencializar essa face ao aumentar seus investimentos em Rosilete que com apoio da Copel viabilizou o melhor evento de 2011.