Juliano Ramos / (foto: divulgação)
Em 2002, com apenas 22 anos Juliano Ramos, 32, estreou no mercado americano e passou a viver no país de Joe Louis e Muhammad Ali. Começava a ver o sonho de criança perto de se tornar realidade, porém como inúmeros brasileiros, o médio-ligeiro (69,9 kg) se deixado de lado pelos empresários locais e passou a lutar para sobreviver.
Este ano regressou ao Brasil, para Sorocaba no interior paulista, e conta com apoio da empresa Rudel de artigos esportivos e do técnico Vladimir de Godói. Como nova base de operações busca mais uma vez seu sonho de ser campeão mundial, mas em um trabalho com metas.
Seu próximo desafio será bater Carlos de Jesus pelo cinturão brasileiro da Associação Nacional de Boxe (ANB). Juliano (17-5-0, 14 KO's) divide nesta entrevista sua experiência num dos pólos do esporte e fala de seus planos.
Como foi seu início no boxe?
Eu sempre gostei de boxe, desde criança. Me lembro quando tinha apenas seis anos de idade e assistia lutas de boxe na televisão e dizia pra minha mae que queria me tornar boxeador, porém eu não gostava muito de comer, não me alimentava muito bem, então minha mae me dizia que para ser boxeador era necessário comer arroz, feijão e fígado de boi, eu não via outra saída, e entao comia o fígado de nariz tapado pra não sentir nem gosto e nem o cheiro.
Quem são seus heróis na nobre arte?
Há muitos anos admiro e sou fã de Julio Cesar Chávez Sr. um dos maiores boxeadores da história, nao só por isso, mas por eu me indentificar bastante com seu estilo de golpear bastante a linha de cintura e colocar pressão nos meus adversários o tempo todo. Além do Chávez Sr. admiro tambem Juan Manuel Marquez, Erik Morales entre muitos outros mexicanos, gosto muito tambem do panamenho Roberto "Manos de Piedra" Duran.
Como se sentiu ao estrear em 2002 nos EUA?
Senti que o sonho de muitos anos se tornaria realidade, eu mal podia acreditar que estava lutando nos EUA.
Entre 2008 e 2011 sua carreira na América passou uma fase irregular com 4 derrotas em 5 lutas. Como explica estes resultados?
Mas não demorou muito pra mim perceber que este sonho esva muito mais longe do que eu imaginava como muitos boxeadores tive problemas com empresário ficando impedido de lutar por 27 meses e quando voltei aos ringues, eu me deparei com um Juliano diferente cheio de dúvidas, e mais importante dentro deste esporte, sem confiança. Então decidi ir para o tudo ou nada, onde lutei duas e até três categorias acima da minha que na época era 61,235 kg (peso leve), se na minha categoria seria difícil imagina duas ou tres acima desta, quase impossivel! Tive que trabalhar nos EUA para poder me manter, só sobrava tempo pra treinar a noite e só me ofereciam lutas nas categorias mais pesadas, e, eu pelo dinheiro que não era muito, pegava porque além do dinheiro que eu precisava, o sonho parecia que iria se tornar real mais uma vez, porém era só ilusao. Cheguei a pegar uma luta na categoria médio ligeiro (69,900 kg) com duas semanas somente para treinar, detalhe que o adversario Yudel Jhonson medalista de prata nas olimpíadas (Atenas-2004), lutei também com Mike Jones e Kermit Cintrón, Ed Paredes e todos eram muito fortes para mim, não estou falando tudo isto para que tenham dó de mim, mas sim pra que entendam a situação que nao só eu mas a maioria dos boxeadores que vão tentar a vida de boxe nos EUA, o buraco é reamente mais embaixo.
Quais são os benefícios de participar de um país influente no boxe?
As vantagens são inúmeras, mas a principal, creio eu que é a de ver a realidade do boxe tanto tecnicamente como os bastidores, entender o que você realmente precisa pra se tornar um campeao mundial. Estes quase 5 anos que passei lá, foram muito dificéis, financeiramente, emocionalmente, longe dos meus amigos, da minha família, do meu filho e do meu pais. Entretanto, ainda sim não me arrependo nem um pouco, e agradeço à Deus por ter me dado esta oportunidade que creio que ainda vai me ser muito válida principalmente em cima do ringue.
Você percebeu alguma armadilha ou jogo de bastidores durante sua passagem lá?
Pra cima da minha pessoa não. A única coisa que percebi foi que à partir do momento que eles perceberam que eu não era o que eles esperavam me deixaram de lado, não valeria a pena investir na minha carreira mais, pois talvez não teriam retorno, e o meu objetivo é provar o contrário mesmo depois de tantos anos, ainda me sinto com a mesma motivação nos treinos e agora perto dos meus amados, tenho estado muito bem emocionalmente, o que faz toda a diferença no boxe.
O que o motivou a regressar ao Brasil?
Saudades, muitas saudades! Da minha familia e também percebi que com a experiência que havia adquirido poderia me ajudar a correr atraz do tão sonhado cinturão de campeao mundial
Como está sendo o trabalho realizado com o técnico Vladimir de Godói?
O trabalho com o Vladimir nao poderia ser melhor, pois nos conhecemos há muito tempo e ele estudou muito, e é um especialista em preparaçao física além de ter a mente muito aberta, então sempre trocamos experiências sobre os treinamentos, e tenho me sentido muito bem trabalhando com ele fora a estrutura que ele tem me oferecido desde possibilidades de trabalho assim como me incentivou a fazer faculdade de Educaçao Fisica, a qual estou cursando, também me apresentou o dono e presidente da Rudel, o Sr. Mario (Pires Fernandes Silva) que tem me patrocinado, acreditando em nos e no nosso trabalho.
Quais são suas metas agora?
Eu e o Vladimir temos conversado muito a este respeito sobre ter uma meta ou metas a serem alcançadas e pouco a pouco estamos caminhando, com planejamento, conscientes e não querendo dar o passo maior que as pernas, nós vamos lutar no mês que vem pelo titulo brasileiro (ANB), e ganhando entramos no ranking sul-americano e assim por diante com certeza continuar perseguindo meu grande sonho desde criança: me tornar campeão mundial.