sábado, 30 de junho de 2007

Tyson 41


O mais controverso atleta do século XX completa 41 anos

Hoje o ex-pugilista campeão dos pesos-pesado Mike Tyson completa 41 anos, dos quais 20 foram dedicados ao pugilismo profissional na qual ele conheceu o ápice e também o ponto mais baixo para um campeão.

Seu principal técnico foi Cus D’Amato que também tutorou José Torres, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1956 e campeão dos meio-pesados na década de 60, e teve também Floyd Patterson bicampeão dos peso-pesados no final dos anos 50 e início dos 60. Patterson foi o primeiro medalhista olímpico que conquistou um cinturão em seu peso além de ter sido o campeão mundial mais jovem com 21 anos, marca que foi superada por Tyson que obteve sua coroa aos 20 anos.

Enquanto manteve o seu cinturão, Tyson simbolizava o “homem mais perigoso do planeta”, já que ser campeão dos peso-pesados até Mike Tyson era vestir a imagem de homem mais perigoso, viril e respeitado do mundo. Com a morte de Cus D’Amato o jovem perdeu seu “coração” para os combates.

Apesar de ter o mesmo treinador de Patterson, Tyson se identificava e realmente se assemelha mais com o polêmico peso-pesado Sonny Liston. Liston foi preso em duas oportunidades, na segunda por assalto à mão armada, sua infância foi muito pobre e cresceu em uma família de 17 irmãos.

As semelhanças estão presentes, como se Tyson fosse uma encarnação de Liston; ambos foram criados em lares problemáticos, entraram para o crime ainda infantes, foram presos e viam no pugilismo a escapatória de uma vida de humilhações, não confiavam em ninguém nem mesmo com o cinturão em mãos.

Em entrevista ao jornalista David Remnick, Tyson revelou: “Não tenho amigos, cara. Quando saí da cadeia, todos os velhos amigos tiveram de se afastar. Se alguém não tem função na minha vida, cara, pode ir andando... Por que vou querer alguém em minha vida se isso não tem nenhum objetivo? Só para ter um amigo ou companheiro? Tenho mulher. Minha mulher pode ser amiga e companheira. Não estou querendo ser frio, é só uma coisa que aprendi... Se vou ser ferrado, não quero ser ferrado pelas mesmas pessoas que me sacanearam antes. Vou ser ferrado por gente nova...”

Tyson diverge de seu herói na sua capacidade de comunicação e sua renda, porém esses ganhos não tiraram seu humor ácido, sua sanguinolência, sua solidão. Liston morreu em 1970 por uma overdose de heroína, policiais acreditavam que foi trabalho da máfia.

“Fui usado, fui tratado que nem bicho, fui humilhado e traído. Essa é a tendência geral da minha vida, e eu fiquei amargo, com raiva de certas pessoas por causa de tudo isso... Todo mundo se dá bem no boxe, menos o pugilista. Ele é o único que sofre, basicamente. Ele é o único na rua da amargura. O único que perde a cabeça. Alguns ficam insanos, outros começam a beber, pois o boxe é muito intenso, um esporte de pressões fortes, e muita gente se perde. Você agüenta até certo ponto, e depois quebra.” Com essa revelação Tyson mostra o desfecho de sua vida, da de Liston e a de outros muitos lutadores.

Foto: Revista Time/Divulgação