terça-feira, 6 de novembro de 2007
Entrevista Fred Zaganelli
Entrevista Fred Zaganelli
No Brasil você estava despontando como atleta do jiu-jítsu. Por que decidiu sair do país?
Um grande sonho meu é poder viver do jiu-jítsu. Tenho muita fé em Deus que vou alcançar esse objetivo. Além de buscar condições para alcançar essa meta, divulgar o jiu-jitsu da Gracie Barra pelo mundo, popularizar o esporte pelo mundo, essa também é uma meta. Nunca vou deixar de disputar competições de jiu-jitsu, tenho muito amor pelo jiu-jitsu.Mas sinceramente, nao pensei que tivesse tanto atleta bom da minha equipe vivendo e treinando por aqui.
Como surgiu a oportunidade de morar nos E.U.A?
Eu estava desmotivado no Brasil por não estar conseguindo me manter financeiramente, estou ficando velho e as contas estão chegando. Juntamente com meus pais decidi vir aos EUA e além das oportunidades de disputar o primeiro mundial fora do Brasil e aprender mais jiu-jitsu com a minha equipe. Através da internet por algum tempo venho conversando com Ulpiano e Dande sobre uma possibilidade de vir e abrir uma academia por aqui. Passei 20 dias com Dandão, Bari Joe e Dani em Atlanta aonde treinamos e nos preparamos para o Mundial. Já na Califórnia tenho tido total apoio do Ulpiano, que vem sendo um grande irmão, me dando conselhos e ajudando no que eu preciso para atingir meu objetivo. Tenho muita gratidão por ele. O nosso treino tem sido forte em Lake Forest. O Carlinhos e o Marcinho estão afiando nosso jogo cada dia mais.
Já consegue viver de luta?
Acabei de chegar e me considero afortunado com as oportunidades que a minha equipe vem proporcionando. Piano vem me arrumando empregos temporários pra em me manter enquanto Carlinhos, Marcinho e Flavinho me indicaram para abrir uma academia com Jamey, um aluno deles. Essa é uma grande oportunidade pra eu mostrar meu valor dessa vez nao como atleta, mas como um professor dessa grande equipe. Ë a realização de um sonho. Estou cada dia mais treinado tanto pela parte de jiu-jitsu e agora de mma, com Fabio Costa e Babalu.
Como é a receptividade do americano para um brasileiro lutador de jiu-jítsu?
O americano ja está acostumado com artes marciais, e vejo que a aceitação do jiu-jitsu e cada vez maior. Tenho certeza que isso se deve ao trabalho que o Mestre Carlos Gracie, juntamente com Marcio Feitosa, Flavio Cachorrinho, André e Piu-Piu fazem em Lake Forest, com um novo sistema de ensino do jiu-jitsu. Apesar da Gracie Barra ser uma equipe que tem grandes competidores, somos uma família com isso esporte tem sido praticado por todos os tipos de pessoas, o público americano aceita muito bem a modalidade e muitas escolas estão mais adeptas a arte suave. Vejo também que outros professores vieram antes para cá e iniciaram um grande trabalho , isso é notável. Os maiores lutadores de MMA, do planeta, treinam jiu-jistu, seja ele grappler ou striker.
Com quem teve oportunidade de treinar no país?
Tive a oportunidade de treinar com muitas pessoas. Marcinho,Flavinho, Ulpiano, Fabio Costa, Andre, Piu-Piu, Rominho, Gigantinho, Bruno Mamute, Babalú, Kayron, Neiman, Dandao, Bari Joe, Rafael, Baratinha... Enfim, a Gracie Barra tem muita gente boa e é muito difícil ver um treino com a qualidade de atletas que a nossa equipe tem. A Gracie Barra esta com um time muito forte aqui nos EUA de competição, é incrivel a qualidade dos atletas, me sinto muito honrado de estar nessa equipe. Fabão e o Babalú vao lutar um MMA nos proximos dias, e gostaria de desejar aos dois boa sorte ossssssssssss.
Pretende estrear no M.M.A? Como o mercado americano lida com os novatos?
Pretendo estrear sim e venho treinando. Quero estar com o tempo de trocação, quedas e finalizações em dia, já venho me programando pra esse dia há algum tempo. Como em qualquer lugar, seja no Brasil ou nos EUA quem é estreante é bom começar em eventos pequenos adquirir confiaça para disputar eventos maiores e ter maiores premiaçoes. Só vou poder disputar eventos maiores se tirar um visto especial. Estou ainda me legalizando e assim que o Richard nosso advogado resolver essa situaçao, uns meses já vão ter passado, estarei cada dia mais treinado e sei dos obstáculos que vou encontrar. Fé em Deus sempre.
Os estadunidenses são potências no wrestling que é uma das modalidades mais importantes no vale-tudo. Você treina esse esporte? Se sim com quem?
Treino sim, no Brasil fiz uns treinos em São José dos Campos com Miltinho, Flavinho, Chuckão e Rangel. Aqui na América, a GBCT está viva e esta tendo treinos cada dia melhores e o Babalú é o nosso capitão. Ele tem um grande conhecimento de wrestling e estou tentando aprender o máximo que posso.
Como sua família aceitou a sua mudança?
Conversamos muito antes deu vir. Eles são muito presentes em minha vida e converso com meus irmãos e meus pais praticamente todo dia. Somos muito unidos e sou muito grato a Deus por tê-los comigo.
E sua namorada?
Sou muito apaixonado por ela. Ela entende a minha profissão, pois expliquei a ela quais são meus objetivos na vida. Pretendemos nos casar assim que as coisas se ajeitarem. Não vejo a hora de encontrá-la.
Quais são as maiores dificuldades que você tem morando aí?
Pra viver aqui você precisa conhecer alguem que já mora há algum tempo e disposto a te ajudar tanto a dirigir como a economizar. Minha maior dificuldade foi a financeira, mas já estou trabalhando de segurança. Sem carro aqui infelizmente as coisas ficam difíceis. Tive que ficar um tempo sem treinar, estou longe da família e da namorada e é realmente triste nesse aspecto. Mas, o Fabão e o Pianinho estão sendo minha família, não tenho o que reclamar só o que agradecer. Os obstáculos nasceram pra serem superados.
Pensa em voltar ao Brasil?
Tenho compromisso com a Prefeitura de Vitória, Vulkan Kimonos, tenho academia no Brasil e família. Estou passando uma temporada, aprendendo bastante, mas sempre em contato com o Brasil. Sou brasileiro de coração, amo meu país, meu estado e minha cidade. A prefeitura faz um bom trabalho na cidade, juntamente com a Secretaria de Esportes, melhorando a qualidade de vida do cidadão capixaba. No momento estou fazendo negócios e aprendendo bastante jiu-jítsu e M.M.A, então vou ficar aqui um tempo afiando o machado. Quem nunca teve oportunidade de conhecer minha cidade, apareça por lá e curta uma praia e coma uma moqueca capixaba.
Foto: Arquivo Pessoal Fred Zaganelli (terceiro à direita)