quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Alemanha Nazista X Estados Unidos da América
Em 1936 o boxeador alemão Max Schmeling foi à New York enfrentar o invencível Joe Louis. Em sua chegada o europeu alegou que percebeu a falha no estilo do estadunidense que baixava a guarda ao lançar um soco. O resultado do embate foi um nocaute no 12º assalto e Max regressou à sua pátria em um Hindenburg como um herói.
Louis e seus fãs negros sentiram-se depreciados com a derrota, porém o atleta conquistou o cinturão mundial em 1937 e para se sentir um verdadeiro campeão decidiu enfrentar o seu algoz.
A peleja ocorreu em New York, 1938 e Joe defendeu sua coroa com um nocaute técnico no primeiro round. De acordo com o jornalista esportivo alemão Roy Kammerer a luta foi um grande evento mundial que foi acompanhada golpe-a-golpe pelo povo germânico.
Reuniões de boxe são rituais e de acordo com o etólogo Eibi Eibesfeld, essas assembléias aliviam as tensões do povo, ou seja ver dois homens se agredindo como forma de entretenimento libera o estresse dos telespectadores e foi por esse evento que a mídia estadunidense e nazista utilizaram ambos desportistas como símbolos de seus ideais.
Tudo foi o que Harry Pross designou como processos comunicativos agregadores (sentimento de “nós”) e desagregadores (sentimento de “outros”).
Max Schmeling era caucasiano, atlético, belo, educado, inteligente e corajoso, todas essas qualidades físicas e mentais eram códigos conhecidos e ambicionados pelos seus compatriotas. Schmeling os representava.
Joe Louis era visto por eles como um negro, feio, capitalista, fantoche dos Estados Unidos da América, já que sua etnia sofria muito preconceito naquele país. Somando esses códigos os compatriotas de Max o viam como o “outro”, um membro que não pertencia ao seu grupo.
Anos depois ambos tornaram-se amigos e Schmeling provou que não era nazista ao salvar crianças judias de um incêndio e ao pagar o serviço de funeral do estadunidense.
Foto: Max Schmeling