sábado, 22 de novembro de 2008

O fim do Império Americano

Os E.U.A perdem sua influência nos ringues


A Morte de Apollo - Rocky IV / Divulgação



No boxe moderno criado pelos britânicos não houve país tão hegemônico quanto os Estados Unidos da América. Foi mais de um século de domínio que inclui nomes desde John L. Sullivan até Floyd Mayweather Jr.

Assim como o ataque de 11 de setembro contra as torres gêmeas alertou que não existe mais a soberania da segurança do Estado, os avanços nucleares na Coréia do Norte e Iran colocam em cheque o poder bélico e o crescimento de nações como China e Rússia apontam a falência econômica do país do Tio Sam, o quadro de atuais campeões tem rostos de diversos países e diferentes etnias.

Nos E.U.A os garotos sonhavam em ser campeões mundiais como escreve Jeremy Schaap no livro O Homem-Cinderela (2005) sobre o detentor da coroa máxima James J. Braddock que reinou no período pós Crash de 29. A mesma obra conta sobre campeões mundiais dos pesados mais famosos que presidentes.

Atualmente os jovens podem ter destaque em outros esportes que não precisem levar socos na cara para obter sucesso o que explica a evasão para modalidades como basquete, futebol americano e beisebol. Evander Holyfield cortejou a bola do futebol americano quando garoto e na adolescência Roy Jones Jr se dividia entre os ringues e as quadras do esporte de Michael Jordan.

Os dois citados acima são personificações dessa perda de poder americano. Evander Holyfield por sua idade avançada não conseguiu uma ótima apresentação contra Sultan Ibragimov no ano passado pelo título da WBO o que lhe tirou a chance de ser o campeão mais velho e bater o recorde de George Foreman. Agora dia 20 ele tentará o mesmo contra o gigante russo Nikolay Valuev e mesmo vencendo não derrotará um adversário fora de série.

Roy Jones Jr. foi o lutador mais completo da década passada, eleito o melhor ‘pound-for-pound’ pela The Ring Magazine. Em seu currículo constam nomes como Vinny Pazienza e Bernard Hopkins, mas nas mãos do galês invicto Joe Calzaghe foi uma sombra do pugilista do passado. O próprio Hopkins apesar da boa fase, devido sua idade avançada para o esporte - 43 anos - logo verá o fim de sua carreira.

As medalhas do boxe amador dos Jogos de Pequim deste ano viram os donos da casa surpreender e conquistar 2 ouros, 1 prata e 1 bronze tendo o país de Muhammad Ali uma apresentação medíocre e apática que rendeu 1 bronze. Um exemplo do desinteresse do jovem pelo esporte de luvas.

No passado campeões de diversas origens saiam dos E.U.A. Max Baer tinha ascendência judaica, Jake LaMotta conta com raízes italianas, Braddock vinha de um lar irlandês. Essas minorias entraram para o capitalismo através do negócio próprio e do ensino superior e subiram para a classe média ou ficaram ricas sem calçar luvas.

Com o tempo e as ações afirmativas – que nos E.U.A funcionam e cabem dentro de seu contexto histórico, diferente de como são aplicadas em nosso país – os negros passaram pelo mesmo processo e cada vez mais há um êxodo desse grupo dos ringues mundiais, até mesmo porque agora podem ser presidentes.

A Morte de Apollo