quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
O boxe de Mandela
“Eu não apreciava tanto a violência quanto a técnica”. A frase do pacifista Nelson Mandela que completa 20 anos de liberdade desde que passou quase três décadas de cárcere no regime apartheid fala sobre boxe, seu esporte favorito que chegou a praticar e assim como sua vida é uma luta constante.
O boxe não é apenas um combate contra um oponente, mas principalmente contra sua própria sombra como afirma a escritora Carol Joyce Oates no livro O Boxe (1987). Mandela após sua libertação teve de enfrentar os instintos de seus próprios colegas para que a vingança não tomasse a África do Sul e negros não tratassem os brancos com retaliações, isso até chegou a acontecer, mas não no grau de violência de outros países do continente.
Mandela foi uma peça fundamental na extinção do regime segregacionista que separava brancos dos não brancos – não eram apenas negros que sofriam, mas descendentes de hindus e orientais também –. Com dois mandatos na presidência do país que sediará a Copa do Mundo deste ano, o vencedor do Nobel da Paz não se deixou perder em sonhos megalomaníacos para se tornar mais um Robert Mugabe ou Idi Amin Dada e mostrou que maior que a brutalidade está a nobreza da reconciliação.
Mandela começou a treinar o pugilismo aos 19 anos e conciliou os treinos da nobre arte com outro esporte que admirava muito, a corrida. O jovem estudante de Direito tinha um estilo pegador conforme seus amigos. A disciplina e a honra que estão no pugilismo ajudaram a lapidar a personalidade deste nome da história.