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domingo, 12 de agosto de 2012

Falece ex-campeão mundial Michael Dokes

Michael Dokes / (foto: reprodução)

Faleceu vítima de câncer o americano ex-campeão mundial dos pesados Michael "Dynamite" Dokes na manhã de hoje vítima de câncer no fígado, o ocorrido foi confirmado à imprensa por seu córner Sterling "Mac" McPherson.

Dokes tinha 54 anos, nasceu no dia 10 de agosto e batalhava contra um câncer no fígado. Conquistou o cinturão da Associação Mundial de Boxe (AMB) ao bater o compatriota Mike Weaver por nocaute técnico no 1º round em dezembro de 1982. Uma revanche foi feita após considerarem que a interrupção do árbitro Joey Curtis prematura.

Na 1ª defesa o lutador de Don King empatou com Weaver e na 2ª perdeu a coroa para Gerry Coetzee por nocaute no 10º giro. Em sua trajetória dividiu o ringue com Evander Holyfield, Randall "Tex" Cobb, Riddick Bowe e Donovan "Razor" Ruddock. A luta com Holyfield foi considerada a melhor da década entre pesados.

Fora dos ringues, uma passagem triste marcou sua vida. Em 1999 foi por ter agredido a noiva no ano anterior. Ganhou liberdade condicional em 2008. Teve passagens em sua vida marcadas por agressão, atentado ao pudor e tráfico de drogas.

"Jack Daniels e cocaína", era como afirmava ter sido sua preparação antes de algumas lutas. O estilo de viver era extravagante e certa vez se banhou com champanhe no valor de US$ 20 mil. Mulheres sempre o rodeavam.

No início da carreira fez uma luta "exibição" com Muhammad Ali, o encontro foi televisionado e apesar das brincadeiras do legendário pugilista e do embate não ser para valer, comentarista já viam traços de talento em Dokes. Em 1988 recebeu o prêmio de "Retorno do ano" da revista Ring Magazine. Venceu 7 lutas sendo 6 pela via rápida. Deixa um cartel de 53 vitórias, sendo 34 por nocaute, 6 derrotas e 2 empates.

Fonte: Boxing Scene


Michael Dokes x Mike Weaver (1982)

domingo, 1 de abril de 2012

O dia que Roberto Durán beijou Don Johnson



Cena de Miami Vice, episódio "Payback" / (Universal Studios)

O Detetive James "Sonny" Crockett chega em uma Ferrari Daytona Spyder à prisão estadual da Flórida. O sol da região sul americana próxima as ilhas caribenhas reflete em seu automóvel negro. Até encontrar com quem irá conversar o policial precisa se apresentar, se desarmar e atravessar portas de segurança.

O encontro é com o traficante Jesus Maroto que lhe avisa ter algo para contar, um homem latino de face endurecida com bigode e cabelos negros. Crockett reclama que não viajou de longe para um mero bate-papo e pergunta por quê o convocou. "Vingança!", exclama Maroto o surpreendendo depois com um rápido beijo na boca. O criminoso então saca uma arma de fogo improvisada e se suicida.

Um lado pouco conhecido e explorado do lendário rei do ringue Roberto Durán é o de ator. Em 1986 fez a participação descrita acima no seriado Miami Vice (1986 - 1990) na televisão americana em uma cena curta, mas que exige muito do artista ainda mais alguém vindo de um meio tão masculinizado quanto o boxe e tendo o reconhecimento alcançado que já tinha naquele ano.

O seriado foi um marco na televisão mundial, um produto pop que influenciou outros seriados e até outras mídias. Misturou o clima noir dos filmes de detetive dos anos 1950 com tons pastéis e art déco de uma Miami tão ficcional e ao mesmo tempo verossímil quanto a Marrocos de Casablanca de Humphrey Bogart.

Miami Vice pode ter o nome traduzido como "Polícia de Narcóticos de Miami" ou "Miami Viciada". No Brasil foi mantido o título em inglês. Os personagens centrais eram o Det. Crockett interpretado por Don Johnson e o Det. Ricardo "Rico" Tubbs vivido por Philip Michael Douglas. O primeiro loiro e o segundo negro seguindo as tendências de diálogos raciais pós movimentos dos Direitos Civis e também a estética das campanhas da marca de roupas Benetton. A série também tinha muitos latinos como o chefe deles, o Tenente Castillo (Edward James Olmos).

A participação de Durán mostra a capacidade do seriado em atrair estrelas das mais diversas áreas. Além do panamenho outras figuras do boxe fizeram ponta o empresário Don King, o desafiante ao título dos pesados Randall "Tex" Cobb e Mark Breland, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984, todos os três americanos.

O seriado recebia personalidades estabelecidas no mundo do entretenimento como os músicos Miles Davis e James Brown, o G. Gordon Liddy (Escândalo Watergate), o homem de negócios Lee Iacocca, responsável por lançar o automóvel Mustang nos EUA, e também atores que iniciavam ou despontavam em suas carreiras como Liam Neeson e Julia Roberts ou mesmo estabelecidos como Pam Grier.

A trilha sonora foi pioneira em sincronizar imagem e som transformado o seriado em uma espécie de video clipe longo tanto que foi apelidado de "MTV Cops" nos EUA. Muito da estética foi herdada do filme Scarface (1983) também ambientado em Miami contando a história do traficante cubano exilado de seu país, Antonio Montana.

A série idealizada por Michael Mann recebia traficantes de verdade em seus sets servindo como consultores e rompeu com paradigmas de "bem e mal" nos enredos ao apresentar personagens mais complexos que os vistos em outras séries policiais até então. Para Mann conseguir que Durán fizesse a cena do episódio "Payback" de certa forma pode ser visto como um inovador dada a época em que fora filmada.

Em 2006, ganhou um remake para os cinemas estrelando Colin Farrel e Jamie Foxx como Crockett e Tubbs respectivamente. Filme que não inovou, mas tem uma estética mais trabalhada que seus contemporâneos e traz uma mitologia de uma Miami Viciada com seus personagens blefando e jogando o tempo todo para uma nova geração. Um jogo similar aos dos bastidores da nobre arte.