segunda-feira, 15 de junho de 2009

Entrevista Marcelo Cortez, o "Dr. Casca-Grossa"

"... tive iniciativa durante todo o combate e não fugi da briga, mesmo assim os juízes deram vitória a ele (Zumbano) por pontos, o que o público vaiou demais, diga-se de passagem."


Foto: Cortez (preto) x Zumbano (cinza) / Arquivo Pessoal


Com uma estreia no boxe após os 40 anos e duas derrotas em duas apresentações, Marcelo Cortez pode ser visto como mais um "escada" no cenário nacional, entretanto, ao conhecer sua vida pessoal é possível notar que a nobre arte o tirou do sedentarismo e do estresse comum aos advogados, profissão que na qual ainda atua. Em entrevista ao Córner Do Leão ele lembra sobre seu início contra o invicto Pedro Otas e afirma que o público o viu derrotar Raphael Zumbano em fevereiro deste ano.

Você praticou outras atividades físicas antes do boxe?

Entre 1988 e 1991 fiz musculação, depois fiquei na vida sedentária de advogado até 2007, quando conheci o Eduardo França, então comecei a treinar musculação e depois boxe, nunca gostei de esportes de equipe, prefiro aqueles no qual dependo só de mim.

O que os médicos disseram sobre sua opção pela nobre arte?

O único médico com o qual comento sobre a prática do boxe é o Dr. Gustavo Salatino (INCOR), e o mesmo não diz nada contra somente pede para que eu tenha cuidado. Quanto aos outros médicos, pelo fato de às vezes minha pressão arterial estar elevada recomendam que eu me exercite, mas como citei, nada falo sobre o boxe, até porque devido ao fato de eu completar no final de 2008, 46 anos de idade, eles me acham velho para a prática da nobre arte como profissional.

Sua família foi contra?

O único que me apoiou na prática da nobre arte foi meu falecido pai, o restante da família é contra, principalmente minha mulher.

Como são seus treinos?

Devido ao fato de eu ser advogado e professor de direito, não tenho muito tempo para treinar. Quando treino, faço apenas sombra e bato sacos, pois na academia não tenho sparring e a regularidade de treino varia muito, mesmo assim quando possível vou à academia duas ou três vezes por semana.

Quais benefícios o boxe trouxe para sua vida?

Os maiores benefícios que o boxe trouxe para minha vida em primeiro lugar foi controlar minha pressão arterial e em segundo muita paz de espírito, eu era muito explosivo chegando até mesmo a ser agressivo e muito nervoso, hoje graças à prática da nobre arte sou um cara "tranquilo".

Como surgiu o apelido Dr. Casca Grossa?

O apelido de Dr. Casca Grossa foi-me dado pelo grande pugilista Pedro Otas, com o qual tive o prazer de fazer minha estréia no esporte.

Sua primeira luta foi contra o mesmo lutador que lhe deu o apelido em novembro de 2007 e terminou em nocaute para ele. O que lhe fez aceitar subir no ringue contra um boxeador com o currículo dele?

Pra falar a verdade não sabia quem iria enfrentar, só fiquei sabendo depois quem era ele e o seu currículo. Quanto ao "nocaute", na realidade não houve, devido ao fato do Otas ter acertado meu olho direito, o França mandou que eu parasse, assim, desisti de continuar a luta no início do segundo round.

Após 14 meses sem se apresentar profissionalmente você encarou Raphael Zumbano outro nome reconhecido do boxe nacional. Como foi sua preparação para a luta? E como se sentiu no término dela?

Conforme citei anteriormente não tenho muito tempo para treinar e para a luta com o Raphael Zumbano treinei uns 10 dias, fiz muita sombra e bati muito saco, além de "puxar uns ferros". Ao término da luta senti uma sensação de dever cumprido, pois tive iniciativa durante todo o combate e não fugi da briga, mesmo assim os juízes deram vitória a ele por pontos, o que o público vaiou demais, diga-se de passagem.

Com essas duas passagens tem receio de ser visto como um “escada” no meio esportivo?

A bem da verdade, no dia da luta com o Raphael, todos os lutadores do meu corner (azul) eram escadas, visivelmente não tinham condições de ganhar como de fato não ganharam. Quanto a ser visto como "escada", isso não me preocupa, não tenho sonho de ser campeão de nada e viver do boxe nem pensar, o dinheiro que se ganha lutando é uma miséria. Luto apenas para me distrair, gosto da adrenalina do combate, portanto, entro no ringue como se fosse apenas mais um treino.

Quais são os próximos planos para sua carreira?

Quanto à minha carreira de pugilista creio que não tenho muito futuro, haja vista minha idade. Mesmo assim pretendo fazer mais algumas lutas, pelo menos até completar 50 anos e se correr tudo do jeito que espero, gostaria de fazer algumas fora do Brasil. Quem sabe lá nós (lutadores) tenhamos algum valor.

Cortez x Zumbano

(2ª luta do vídeo)


Fonte: TV MAC