Leandro Siqueroli / Arquivo PessoalLeandro Siqueroli é conhecido no boxe por sua obstinação e seu esforço. Saiu dos confins do Paraná para tentar a sorte em São Paulo e hoje é pupilo do ex-campeão mundial Miguel de Oliveira.
A história de sua vida é tão diferente que parece um conto das ficções do cronista de boxe Jack London e foi contada pelo jornalista Milton Jung no programa Conte Sua História de São Paulo na rádio CBN. Em entrevista ao Córner do Leão, Siqueroli fala no que mudou após sua história ir ao ar na rádio, a conquista do título paulista e sobre sua vontade de enfrentar um dos brasileiros de maior destaque no cenário internacional, Michael Oliveira.
Como você se sentiu ao ganhar o titulo paulista?
Acredito que eu comecei bem o ano de 2010, o título paulista foi um grande passo em minha carreira de lutador profissional, sei que tenho um caminho muito longo e difícil para trilhar mas este cinturão me deu um ânimo novo para seguir em frente.
Apesar das vitórias, minha carreira não está caminhando a passos largos, pelo contrário está mais devagar do que eu esperava.
A falta de um empresário e um patrocinador dificultam muito o aparecimento de grandes chances para lutas por títulos ou lutas internacionais,mas a fé que tenho em Cristo me faz ver uma chance no futuro.
Agora que estou em poder do título paulista e gostaria de até o final deste ano lutar por uma coroa brasileira para que assim eu possa realizar o maior sonho da minha vida, disputar o cinturão mundial.
A felicidade que senti ao ganhar o paulista foi muito grande e acredito que a felicidade que sentirei com o mundial será muito maior.
O que você avalia do resultado da luta?
Achei que a luta foi melhor do que eu esperava, me preparei para lutar os 6 rounds, mas tive a felicidade de ganhar logo no primeiro. Estava rodeado de pessoas que eu gosto e que torcem por mim, isso ajudou bastante.
Por que anseia tanto com uma luta com Michael Oliveira?
Ele é um dos nomes de maior repercussão da minha categoria na atualidade. Confesso que não gosto de ouvir ele dizendo por aí que é brasileiro e que luta pelo Brasil, pode ser que seja ignorância da minha parte para algumas pessoas, mas é isso que sinto.
Acredita que sua postura é preconceituosa?
Não acho que meu desafio tenha sido preconceituoso, o Michael Oliveira é lutador, eu sou lutador, ambos temos o sonho de nos tornarmos campeão mundial.
Eu luto pelo Brasil e carrego comigo as dificuldades dos brasileiros, pois convivo com elas, o Michael Oliveira apenas nasceu aqui, acredito que ele não possua algum documento alem da certidão de nascimento que diga que ele é brasileiro.
É fácil se dizer brasileiro morando nos Estados Unidos, mas será que ele consegue ser brasileiro morando aqui?
Se meu desafio é preconceituoso eu não sei, mas sei que posso lutar com ele aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.
Crê que essa é sua grande chance?
Com toda certeza, li que ele acabou de fechar contrato com a Golden Boy Promotions, a empresa que é do Oscar De La Hoya. Seria pra mim uma grande honra lutar com alguém que com o destaque que tem na categoria que me profissionalizei.
Como foi ouvir sua história de vida sendo transmitida na rádio CBN?
Ouvir minha história na CBN foi fantástico, arrepiou, é estranho ouvir alguém contando fatos tão marcantes da sua vida, este é mais um motivo para minha vontade de ser o campeão mundial, quero um dia ser um atleta que dá esperança as pessoas, que faz com que elas se mantenham firmes em seus sonhos e lutem sempre para que eles se tornem realidade.
Posso mostrar como exemplos pessoas que fizeram com que eu permanecesse confiante e acreditando sempre em mim e em Cristo: Muhammad Ali que desafiou todo um país em nome da fé e na luta pela igualdade para seu povo; James J. Braddock foi o que mais me influenciou pois superou uma crise que atingiu o país inteiro e se tornou o campeão mundial apesar das dificuldades e deu esperança de uma nova vida as pessoas e por último uma pessoa que com toda certeza passa esperança a todos os lutadores, Rocky Balboa.
Gostaria de finalizar a entrevista agradecendo algumas pessoas que fazem com que eu me mantenha firme, a primeira certamente é minha mãe que sempre me ajudou e me apoiou em tudo e a quem eu sou eternamente grato. A minha esposa que me ajuda muito mais do que pode, digo que ter essas duas pessoas em minha vida me faz sentir como se já fosse o campeão do mundo.
