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segunda-feira, 18 de março de 2013

Lançamento do livro A Quatro Punhos com Rosilete e Macaris



Texto de Assessoria de Imprensa

Uma história real de superação, garra e vontade chega ao público no dia 21 de março, às 19 horas, com lançamento no Museu Oscar Niemeyer, por meio da obra literária “A Quatro Punhos - A história real de Macaris e Rosilete: um casal de boxeadores com um sonho em comum”, escrita pelo jornalista curitibano Osny Tavares e publicada pela Editora ComPactos. O livro conta a trajetória do lutador Macaris do Livramento que encontrou em sua mulher, a boxeadora Rosilete dos Santos, o meio para realizar seu grande sonho: ser campeão mundial. E foi assim, como técnico, parceiro e amigo, que Macaris viu seu sonho transformado em realidade pelos punhos de sua mulher. Vale a pena ler, admirar e se inspirar.

Serviço: O lançamento do livro “A Quatro Punhos - A história real de Macaris e Rosilete: um casal de boxeadores com um sonho em comum” de Osny Tavares por Editora ComPactos acontece no dia 21 de março de 2013, às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, no Centro-Cívico, em Curitiba, no Paraná) e no dia 22 de março de 2013, às 19 horas, na Câmera Municipal de Vereadores de São José dos Pinhais (Rua Veríssimo Marques, 699, em São José dos Pinhais, no Paraná). O livro estará à venda nos lançamentos por R$ 39,90 e a partir do dia 23 de março nas Livrarias Curitiba e na loja virtual da Editora ComPactos (http://www.editoracompactos.com.br/) por R$ 39,90. Para mais informações, os telefones da Editora ComPactos são (41)3014-3881 e (41)3308-2616.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Matéria de Maravilla Martínez na Rolling Stone argentina

Sergio Martínez (centro) / (foto: Rolling Stone Argentina)

O boxe continua muito popular na Argentina, mas há tempos um pugilista não coloca quase que o país todo diante de televisores e rádios como fez Sergio "Maravilla" Martínez, 37, ao derrotar Julio César Chávez Jr., 26, em outubro passado.

A versão argentina da Rolling Stone fez a capa com o pugilista e publicou a matéria "Maravilla Martínez: luchador hot" na qual é traçado um perfil do bicampeão dos pesos médios.

Para ler a matéria no site da Rolling Stone argentina clique aqui.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Jornalista arrecada fundos para livro-reportagem que conta história de Cuba

Rua de Cuba / (foto: Vanessa Oliveira)

Cuba já produziu grandes nomes do pugilismo amador e profissional como Teófilo Stevenson, Kid Chocolate, Guillermo Rigondeaux, José Nápoles e José Legrá. A ilha caribenha também tem muita influência na história mundial e em assuntos políticos.

A jornalista Vanessa Oliveira trabalha em um projeto para contar a história desta ilha que cativa amantes da nobre arte e precisa de fundos para realizar tal feito. Sua relação com Cuba iniciou antes da formação em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenize e rendeu um livro reportagem em 2008.

Agora mestranda do Instituto de Altos Estudos da América Latina da Sorbonne, em Paris, busca auxílio financeiro para contar a história deste pedaço de terra no qual viveram e vivem personagens marcantes como os atletas citados acima e também intelectuais e lideranças como Ernest Hemingway, Che Guevara, Yoani Sánchez e Fidel Castro.

Quantias à partir de R$ 10,00 podem ser doadas.

Para saber mais sobre o projeto acesse o site Projeto MiBuenaVista.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Arthur Veríssimo traça perfil de Touro Moreno na TRIP

Família Falcão e Arthur Veríssimo / (foto: Nelson Mello)


O repórter Arthur Veríssimo é conhecido pelos textos nos quais insere elementos de literatura na vertente chamada de Novo Jornalismo ou Jornalismo Literário, sendo ele visto por alguns como um repórter gonzo, alguém que se insere na matéria ao estilo de Hunter S. Thompson dos EUA.

Com seu jeito carismático traçou o perfil de uma figura que tem cativado o país com seus modos simples, o ex-pugilista Touro Moreno, pai dos medalhistas olímpicos Esquiva e Yamaguchi Falcão, prata e bronze respectivamente nos Jogos de Londres deste ano.

O texto também fala do clã e traz uma visão diferente da história contada por outros veículos, o que a deixa original. O jornalista "brincou" de boxe com o veterano e lembrou de alguns movimentos que aprendeu no passado com o ex-campeão mundial Miguel de Oliveira.

"Os machos alfa amam o sucesso e são viciados em adrenalina. Touro Moreno é um grande representante dessa espécie", assim Veríssimo define o lendário lutador na publicação do site e da revista Trip.

Para ler a história na íntegra clique aqui e vá para o site da TRIP

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Playboy de maio traz matéria com Everton Lopes

Everton Lopes / (Foto: Marcos Alves / O Globo)

Um dos destaques deste mês da revista Playboy, inclusive com chamada na capa, é o pugilista Everton Lopes cotado como um dos favoritos para a medalha de ouro na categoria meio médio-ligeiro (64 kg). Campeão Mundial de Boxe no ano passado em competição realizada em Baku, no Azerbaijão que já garantiu sua participação em Londres 2012.

Lopes é elogiado por nomes de respeito no pugilismo como Éder Jofre, bicampeão mundial profissional e um dos melhores de todos os tempos, e Servílio de Oliveira, detentor da única medalha olímpica conquistada pelo país - o bronze na categoria mosca nos Jogos do México em 1968 -.

A matéria narra com o estilo jornalismo literário a rotina de Everton, compara sua realidade com a do craque dos gramados Neymar, o que exemplifica a disparidade de tratamentos que o sistema brasileiro dá para as modalidades e seus praticantes.

O texto fluído de Ricardo Arcon apresenta também o trabalho do menino realizado em seu início com Luiz Dórea na Champion de Salvador e a continuidade com João Carlos Soares. A servidora pública Cláudia Silva dos Santos tem seu sofrimento de mãe de pugilista relatado no texto.

As fotos intimistas de Carey Evans ajudam a construir a narrativa e o trabalho gráfico na página dá um toque especial como se fosse um jornal ao estilo daqueles antigos de boxe com marcas de sangue e suor, dois líquidos muito conhecidos de personagens deste universo.

O interesse da revista Playboy no boxe não é de hoje, o boxe sempre esteve associado com figuras do imaginário masculino como carros velozes e belas companhias, porém o material foge de estereótipos e preconceitos mostrando uma faceta pouco conhecida de Everton para a maioria das pessoas.

O jovem pugilista baiano que antes sofrera uma decepção em Pequim 2008 atrai a atenção da mídia, pois sabe que antes da glória há o trabalho assim como aquele que o inspira, seu conterrâneo Washington Silva.

Divulgação


domingo, 15 de abril de 2012

"Minha história se mistura com a do boxe"


 Dona Zilda / (Foto: Córner do Leão)

“Antes da disputa do primeiro título já fazia para ele e faço até hoje. Fazia ‘baratinho’ e ele foi lá e ganhou”. O brasileiro Acelino “Popó” Freitas com seus 58,7 kilos distribuídos num corpo de 1,68m se tornaria referencia no boxe mundial na noite de sete de agosto de 1999 ao conquistar o cinturão superpena da Organização Mundial de Boxe. Uma mão que tem participação nesta história e de outros boxeadores é da costureira Zilda Martins da Silva, a Dona Zilda, que fez o calção branco usado naquela noite no país de Napoleão contra o cazaque Anatoly Alexandrov que nem deve ter visto direito o traje “baratinho”, já que caiu logo no primeiro round.

Dona Zilda há 16 anos confecciona peças para lutas, começou com os atletas do muay thai. Uma vez dois rivais se encontraram em sua casa e trocaram murros e pernadas. “Me senti um juiz aquele dia, mas hoje damos risada disto. Os brutamontes obedeceram e ficamos amigos”. Hoje prepara uma coleção exclusiva de muay thai com estampas baseadas na estética oriental, mesmo sendo uma microempresária busca estar a frente dos grandes. Às vezes se sente frágil perto dos rapazes por morar só, apenas com a cadela Vivi, mas tem horas que se projeta e mostra mais coragem que eles.

A senhora de 53 anos, pele morena e mãos levemente marcadas pelo trabalho com agulhas e linhas gesticula a cada história que conta sobre lutadores e às vezes sem perceber imita os seus trejeitos e modo de falar.

A parede da casa-ateliê que reside e trabalha na zona leste paulistana tem fotos de lutadores, dirigentes e outras personalidades do boxe. “Alguns já morreram e dá tristeza olhar para eles”. Um amigo querido que perdeu foi o pugilista Rogério Lobo assassinado em 2006.

A voz, que já é tranquila normalmente, ecoa um tanto trêmula: “fiquei tão chateada, da família era o mais próximo de mim. Um dia estava numa lanchonete comendo, ele chegou ao balcão e me falou para na próxima vez ir comer na pizzaria dele que tinha acabado de abrir”.

Entre uma história e outra relembra da sua própria. Veio de Goiânia, Goiás, o tom bronzeado da sua pele serve como atestado de sua origem. Não perdeu o jeito humilde, as roupas que veste são simples e singelas refletindo seu jeito de ser autêntico.

Já costurou para marcas grandes do meio esportivo e de combates como Everlast. Tentou montar um comércio em Mongaguá, comprou uma casa de R$ 40 mil, mas a empreitada de vender roupa de academia no litoral e grande comércio não vingou e voltou para São Paulo. Foi para lá há quatro anos, estava cansada da rotina corrida da capital e sofreu um principio de infarto.

"Põe preço nos calções!" -  Rodrigo Leite, boxeador.





Dona Zilda / (Foto: Córner do Leão)

Virou, e ainda vira, noites fazendo trajes. Quando Popó estava no auge os membros da equipe do baiano a procuravam pedindo diversos trajes prontos para quatro dias, um para cada situação como pesagem, coletiva... O processo era desgastante. Até que um dia ela precisou se defender, mas sempre gostou de trabalhar com o baiano. “Popó sempre pagou direito e são muito profissionais”. Hoje faz calções para o filho dele que gosta de MMA.

No auge do rendimento financeiro e também do estresse teve seis costureiras e outras diaristas. Eram os tempos da multinacional de fightwear que reconheceu viu ali talento e trabalho. A Globo gravou matéria com ela para falar de “quem fazia os calções do Popó e quando tem boxe nas novelas, os calções são feitos por mim”, lembra orgulhosa de um trabalho bem feito.

Porém quando erra: “parece que levei um nocaute”. Olha para o chão cabisbaixa como um lutador que lembra de uma dura derrota do passado que deixou ferida. Alguns erros renderam situações peculiares como o ex-campeão Valdemir Pereira que já subiu com o nome escrito “Sertaõ”. Os lutadores na hora ficam até irritadiços, mas quem aprecia o trabalho de Dona Zilda depois até ri da situação como quem ri com bom humor de uma piada feita sobre si por um amigo querido. Gabriel de Oliveira, filho do empresário de Servílio de Oliveira que comandou Sertão, lembra do fato e ele mesmo que é sério na maior parte do tempo ri e brinca sem maldades.

Para alguns ela é uma mãe, muitos lutadores apesar de se mostrarem como touros, garanhões e tubarões no ringue são carentes e muitas vezes são frutos de lares partidos. Muitos destes encontram uma mãe em D. Zilda, e teve o caso de um que a levou no casamento na Igreja no lugar da falecida mãe.

Os que ficam com traumas de ringue deixam marcas em sua memória. Outro dia um chegou mancando próximo a ela em Mongaguá, “parecia o Corcunda de Notredame”, quase se afastou pensando ser um mendigo pedindo esmola até ver bem os olhos que no meio daquele conjunto de carnes e ossos disformes permaneciam os mesmos. Era um rapaz que como tantos outros frequentava o Baby Barioni cheio de sonhos e foi para os Estados Unidos em busca de ouro, ajudou a família a se manter lá, mas ele pagou um preço alto.

No segundo encontro o jovem já estava mais composto, passara por diversas cirurgias, as deformações foram frutos de combates clandestinos em Las Vegas segundo ele a contou. O Baby Barioni a lembra de seu começo na costura para boxe.

Foi convocada por Valdivino Monteiro, veterano treinador, que queria uma roupa para seu pupilo. Depois disso “fiz roupa para todo mundo de São Paulo”, Newton Campos, dirigente do boxe paulistano e espécie de prefeito do Baby Barioni a chamou para o meio. O senhor de cabelos brancos também está nas fotos, mas com um rosto mais jovem. A senhora que costurava antes dela havia falecido e os meninos lutavam com calções de futebol ou de outras modalidades.

Entre um calção e outro que apresenta conta uma história... Lembra dos seus “filhos”. “O Otas não levanta a voz”, e recorda que o cruzador pegador Pedro Otas outro dia a viu na rua vendo aluguel de casas e a levou em seu carro para uma que passou a morar antes de ir para perto do Parque São Jorge, sua atual moradia.

“Jackson Jr. teve a notícia que seria pai de gêmeas aqui, foi por celular e ficou sem reação de tanta emoção”. Desde então Jackson é visto com duas crianças negras de colo ao seu lado nas reuniões de boxe e que o acompanham em suas lutas e mesmo sem entender muito o veem demolindo oponentes.

O calção simples custa R$ 30,00, com o nome R$ 50,00 e o tecido estampado R$ 80,00. Rodrigo Leite, último pupilo atleta de Antonio Carollo fala: “põe preço nos calções D. Zilda!”. As peças dela possuem uma qualidade superior as que saem de fábricas, são feitas pelas mãos e como dizem os jovens “customizadas” com o cuidado de um alfaiate italiano que prepara o terno de um político ou empresário. Não é apenas o preço baixo que atrai, mas sim a qualidade e os elogios verdadeiros a deixam contente.

Outro personagem do boxe brasileiro que gosta de conversar é o Profº Carlos Alberto, um senhor negro de cabeleira crespa grisalha. A explica os fundamentos no boxe com a didática que leciona na rede pública.

Termino meu café e me despeço, ela com os olhos marcados por olheiras ri e lembra que esqueceu que o dia anterior tinha sido sexta-feira santa e vai até o portão com sua melhor amiga, Vivi. Me despeço e ela fala que espera Douglas Ataíde pegar o seu calção assinado “Good Boy” que estava entre as peças de Emerson Carvalho, o qual deu trabalho, mas ficou personalizado e belo, e outro azul escuro feito para o meio pesado de Vila Velha “Pit” Cardoso. Já na porta fala que ainda tem mais muitas outras histórias do boxe nacional como o calção que fez para Maguila em sua última luta, "minha história se mistura com a do boxe". Para escutar essas história e ter um novo calção os meninos telefonam no número (011) 2091 7120.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Perfil de Mike Tyson na revista Alfa


Mike Tyson / (Foto: Divulgação)


A revista Alfa da editora abril em sua edição de junho trouxe um perfil do ex-campeão mundial, o lendário Mike Tyson escrito pela jornalista Brooke Lewy, americana que morou um período no Brasil.

O texto destaca o relacionamento do Iron Man com seus pássaros e sua nova visão de mundo um tanto distante da imagem de demolidor que ele cultivou na sua passagem pelos ringues.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Professor e as luvas


Profº Carlos Alberto (dir.), Douglas Ataíde (centro) e Profº Cido (esq.) / (Foto: Gabriel Leão)


Os pés negros calçados por sandálias de couro, a calça social e o colete de lã todos em tons de marrom ou vermelho compõem o quadro junto com os óculos de grau de um homem coxo que tem a dificuldade no andar mais que compensada pela inteligência. O professor aparece no ginásio para orientar os jovens lutadores.

Homem de esquerda, mas ao mesmo tempo um personagem singular que assume se interessar pelas atrações apresentadas no programa de Amaury Jr., nessas horas encontra algo diferente de sua realidade em salas de aula da rede pública de ensino de São Paulo.

Nos eventos de boxe do Brasil consegue com astúcia andar entre as diversas alas que frequentam este microuniverso. Visto por uns como arrogante por ser inteligente, nega com humildade e veemência o status de intelectual tanto que se incomodou quando a qualidade lhe foi atribuída em uma publicação.

Profº Carlos Alberto vê no boxe uma expressão do ser humano e muitos que eram homens de letras também eram assim entre eles os escritores americanos Ernest Hemingway e Robert E. Howard e os estadistas Jânio Quadros e Nelson Mandela. A nobre arte por ser tão bela e tão violenta ao mesmo tempo contendo tanta plasticidade atrai a classe dos intelectuais. 

No tablado do Clube Atlético Guarany ele é visto rodeando o ringue ou subindo no mesmo com os atletas com os quais tem afinidade e admiração. Tenta acompanhar o ritmo, mas a idade e as condições físicas impedem, mesmo assim tenta... tenta... tenta e volta em outra sessão. Porém, os conhecimentos que possuem poucos acompanham, em debates profundos encontra poucos duelistas.

sábado, 7 de maio de 2011

Lino Barros na Revista ESPN de maio

Lino Barros / (Foto: Waldemir Cunha Revista ESPN)


A revista ESPN de maio chegou nas bancas ontem com um perfil do cruzador (90,7 kg) brasileiro Lino Barros mostrando sua convivência na casa do português Mário Costa em Nova Jersey nos E.U.A, onde ficam os pombos de Mike Tyson, lenda do boxe e herói do sul-mato-grossense com o qual compartilha uma semelhança inusitada.

O repórter Luís Augusto Símon entrevista Falcão, o ex-comentarista da Globo e atual técnico do Internacional que também esteve na lendária seleção de 1982 e revela: “a seleção de 82 é um vinho que bebemos até hoje”.

Outro destaque é o texto “A Porta está Aberta” de Marcus Alves e Vanessa Ruiz apresentando a situação de atletas gays no esporte mundial tendo como gancho o caso do atleta do time Vôlei Futuro Michael que sofreu ataques homofóbicos e ajuda a compreender também a política nacional no que refere ao julgamento do Superior Tribunal Federal em relação a legalização da união civil homo afetiva.

O autor de Feliz Ano Velho e roteirista do documentário Fiel (2010), Marcelo Rubens Paiva, finaliza a edição com a crônica “O Mágico Camisa 9”. A revista ESPN busca abranger diversos esportes pelo viés cultural, social, econômico e político e não apenas se basear em resultados e tabelas. Vale a leitura tanto para saber mais de Lino assim como o que ocorre no mundo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Zumbano Love, o boxeador do amor

Raphael Zumbano e modelos / (Foto: Arquivo Pessoal)


Enquanto Raphael Zumbano se prepara para encarar Ojeda a luta de Mike Miranda ocorre no ringue, mas alguns olhares se voltam para seu vestiário de tempos em tempos, são olhos maquiados em rostos finos e de pele sedosa muitos belos, outros nem tanto. São meninas, ninfetas, balzaquianas e matronas de classe abastada.

O pugilista peso pesado se prepara alheio a essa atenção, foca na luta, sabe que qualquer coisa naquele momento é secundária, é uma disputa de cinturão e não uma partida de Mortal Kombat ou Street Fighter II.

Miranda derruba seu adversário e os olhos se voltam para o vestiário: “cadê ele” e “tá demorando” são algumas colocações expressas pela plateia, sendo que parte da assistência feminina fica ansiosa. Zumbano quando luta na Cia Athletica é como um alazão em seu haras, um macho alfa em seu território. Talvez por esta sensação e por estar cercado por amigos ele lute tanto lá.

O filho de Dona Mara é querido por muitos pugilistas por buscar não apenas o bem para si, mas para seus colegas se mostrando sempre preocupado em vias de melhorar o estado da nobre arte no Brasil assim como fizeram seus ancestrais, o distinto clã Zumbano-Jofre.

Deste legado herdou o estilo de Ralph, seu avô e pai postiço, mas o jeito com as mulheres veio de Antonio “Tonico” Zumbano, também conhecido como Zumbanão, o rei das noites paulistanas nas décadas 1940 e 1950. Tonico além de reconhecido como bon-vivant e muito atencioso com as damas de distintas origens era uma figura facilmente reconhecível na sociedade paulistana de antes trajando seu terno risca de giz e um bigode à la Clark Gable.

O boxe nacional já teve também outro galã que tinha até o nome em sandálias femininas, foi Paulo de Jesus que era tido como um dos mais belos de sua época. Além de cobiçado pelas mulheres era bem quisto pelos camaradas.

Zumbano é atencioso com todos presentes em sua luta, sabe se portar e isso aprendeu em casa, algumas pessoas hoje procuram bons moços e não mais “bad boys”. O fato de estar com o cinturão e ter os olhos voltados para ele na noite de 17 de março de 2011, o tornam o centro das atenções, inclusive olhares desejosos.

A luta acaba, os colegas pugilistas e os fãs gritam seu nome, aplaudem, a mãe o abraça, e depois as mulheres que olhavam ávidas para seu vestiário se aproximam parecendo disputar atenção e espaço pedindo pra tirar fotos e um amigo de baladas fala: “lá vai o Zumbano Love, o boxeador do amor”, e os colegas da noite caem na risada. Zumbano pode ter muito do boxe e a busca pela justiça social de Ralph, mas o traquejo com as mulheres ele puxou de Zumbanão.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O visitante platino

Enzo Romero e Manuel Pucheta / (Foto: Arquivo Pessoal)


Dia 26 de novembro de 2010, em uma academia de classe A na capital paulista, o boxeador pesado Manuel Pucheta e seu técnico Enzo Romero se preparam durante a noite de socos e clinchs em um vestiário para encarar o último membro a calçar luvas da dinastia Zumbano-Jofre.

Ao olhar para Romero é visível que não é brasileiro, usa o cabelo comprido com mullet que ainda é moda na Argentina, tanto que muitos de seus conterrâneos boleiros profissionais ostentam jubas leoninas assim como o ídolo-mor do esporte em suas terras, Diego Armando Maradona.

Pucheta é um tipo forte, não daqueles com o corpo rijo como uma estátua de Michelangelo, mas tem uma composição óssea e muscular que o faz parecer um tanque de guerra e seu estilo lembra mesmo o veículo militar avançado com potência e impiedosidade.

A sala de esportes não comporta uma luta da maneira ideal e as pessoas ficam muito próximas ao ringue, lembrando os telecatchs mexicanos com seus ardorosos fãs, entretanto ajuda a promover o boxe. Os traços de Raphael Zumbano lembram muito os de seus parentes, a diferença é ser uma versão mastondôndica deles com 1,96m comportando aproximadamente 100 kilos. A plateia vibra com sua entrada no ringue.

Na mesma noite seu professor e mestre foi homenageado pelos 35 anos de seu título mundial dos médio-ligeiros. A segunda conquista de tal nível do Brasil, a primeira veio com o primo de Zumbano, Éder Jofre. Definitivamente é a noite de Zumbano e inclusive seu amigo Ratinho faturou um nocaute na preliminar.

O apresentador Tony Auad faz a introdução dos lutadores e quando a morena ring-girl chamada Flor passa por ele solta uma de suas piadas de seu livrinho: “depois que a flor chegou meu nome passou a ser jardim”, as pessoas riem como o público de Zorra Total. Em outro momento se confunde com o nome do título em disputa, mas com um sorriso maroto de um Silvio Santos cabloco faz um improviso e retoma o controle.

A luta começa, Pucheta escolhe a agressividade, enquanto, Zumbano trilha o caminho da estratégia. O argentino avança como um tigre, e tem bons momentos, mas Zumbano utiliza suas armas a combinação de estatura e envergadura para mantê-lo afastado e marcar pontos.

Ambos latinos e morenos tem nesse embate uma chance de encarar o lendário pugilista americano Evander Holyfield e são acompanhados pelo presidente da World Boxing Federation Howard Goldberg. É como se um sonho de infância estivesse prestes de se tornar realidade, um pedido de natal que dependeu de machucar o colega.

Alguns membros da plateia vociferaram palavrões e outras críticas pesadas para o estrangeiro: “hijo de puta”, “maricón”, “gordo de merda”, e outras palavras crescem na sala, outra parte se limita a torcer por Zumbano que também é pressionado e escuta “não esquece de quem você é neto”.

Raphael não é Ralf, não é Éder, mas é campeão internacional da WBF que mesmo sendo uma instituição de menor influência mostra que o jovem conquistou seu espaço. Pucheta escuta “elogios” como “aprenda a boxear”, os leigos desconhecem que a escola argentina é uma potência mundial e o carro-chefe da América do Sul.

Vencer Pucheta dá credibilidade a Zumbano que conquista cada vez mais seu território no esporte, Ao deixar o ambiente lembro de uma frase do ex-presidente da Abifarma José Eduardo Bandeira de Mello que treinou justamente com Kid Jofre, pai de Éder: “Tomar um soco na cara ensina muito sobre respeito e no boxe aprendi isso”. Zumbano mesmo tendo dançado como um Justin Timberlake na luta, afinal o show faz parte do espetáculo, abraça Pucheta demonstrando respeito e inclusive depois deu carona a ele e Romero para o hotel.

Toda vez que Pucheta seguia para o córner olhava para mim, afinal, ele percebeu que fui um dos poucos que compreendeu que era um visitante e não um soldado inimigo, as palavras parecem tê-lo machucado mais que os golpes. Seus olhos naquele momento são de uma melancolia argentina e nesse dia aprendi mais sobre seu país do que nas aulas de História ou Sociologia.

domingo, 9 de janeiro de 2011

O Ministério da Saúde adverte: Boxeador não tem cuidados médicos

Antônio Marcos Lopes Almeida / (foto: arquivo pessoal)

Na infância Antônio Marcos Lopes Almeida, 27, veio para São Paulo como tantos migrantes nordestinos buscando oportunidades melhores, o sonho paulista que para ele estava nos ringues. Porém, ao invés da glória fantasiada encontrou orfanatos e as ruas cinzentas da metrópole.

O treinamento em pugilismo começou na Bahia com Reginaldo Holyfield e sua inspiração pra treinar veio do lendário pugilista e ativista político Muhammad Ali dos E.U.A. Em 2008, já em São Paulo venceu os Jogos Abertos do Interior com apoio da família Macedo de Rio Claro.

O sonho dos ringues é balanceado com uma rotina de segurança na empresa GP Guarda Patrimonial, entretanto, seu plano “A” pode estar arriscado. Como tantos brasileiros de origem humilde o boxeador não tem acesso à hospitais de primeira linha para tratar suas lesões.

O orçamento do Ministério da Saúde em 2011 é de R$ 77 bilhões, porém a saúde pública continua não atendendo as necessidades básicas quanto mais um exame de ressonância magnética para descobrir o que há no ombro de Almeida.

O jovem de humilde cativante e carismática não consegue pronunciar corretamente o nome do procedimento para identificar o estado da instabilidade pós traumática em seu ombro. Sua fala mostra que o trabalho dos governantes na Educação que tem orçamento para a pasta federal de R$ 525,3 bilhões precisa ser melhorado. O mesmo quadro se encontra nas secretarias do estado e município de São Paulo, onde mora Antônio Marcos.

O acesso à educação e saúde de qualidade deveria ser gratuito, porém Antônio Marcos mesmo com nome de imperador perde a força de seus golpes e não pode continuar sua saga para dominar os ringues.

Antônio Marcos sem assistência médica merecida ao invés de ser um novo Popó, ou pelo mesmo um exemplo para seus vizinhos dos benefícios da vida esportiva, pode acabar com como mais um caboclo baiano de pele queimada de sol e cabelos crespos negros com sotaque forte perdido na imensidão melancólica que veio atrás de um sonho e acordou no cimento sujo e duro da Avenida Paulista. Por seu mérito conta com o plano de saúde do trabalho, mas muitos de seus colegas tem apenas o amor de mãe.



Errata: Conforme informado por Breno Macedo a cidade pela qual Almeida lutou os Jogos Abertos é Rio Claro e não Rio Branco como havia sido publicado.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A ginástica sueca de Higino Zumbano

“Tempo!”. A voz rouca e ponderada pedia que os jovens interrompessem seus exercícios no solo da academia para respirar e voltar a ginástica sueca, nome não muito difundido nos anos seguintes de um treinamento envolvendo abdominais, flexões e outros métodos naturais para fortalecer o físico.

Na academia no bairro da Santa Efigênia de São Paulo, nos anos cinquenta, ninguém havia ouvido falar de anabolizantes, os pesos pesados eram fortes, mas não com a musculatura de um super-herói. Os corpos esguios, fortes e saudáveis refletiam a luz fraca. O som dos punhos acertando sacos de couro e das cordas rebatendo no chão de madeira lembrava o barulho das máquinas em uma forja.

Era um ambiente masculino, as mulheres não adentrava com frequência ali, no máximo a mãe, irmã ou namorada de algum deles em razão de alguma urgência, tal ausência era perceptível na poeira que cobria o chão como uma camada. Naquele período acreditavam que boxe não era esporte para damas e que as mesmas tirariam a concentração dos atletas e aí um uppercut no queixo colocaria qualquer um para dormir.

Na São Paulo do passado, o uppercut era como uma pincelada de Picasso, o boxe arte predominava nos ringues que viam atletas bailarinos, o responsável pela coordenação motora, flexibilidade e fôlego deles era Higino Zumbano.

Atletas da Argentina vinham ao encontro daquele homem esbelto aparentando 50 anos de traços morenos fortes com um semblante de caboclo do interior com traços italianos de um centurião. O cabelo grisalho contrastava com a pele de tom forte e as roupas sóbrias e escuras eram uma extensão de sua personalidade.

Em distintos períodos e lugares Éder Jofre, Paulo Sacomã, Ralph Zumbano, José Eduardo Bandeira de Melo, Eduardo Melo Peixoto, Eduardo Matarazzo Suplicy e Pedro Galasso passavam antes pela ginástica sueca de Seu Higino para só então afiarem seus olhos e punhos no ringue com o Professor Kid Jofre.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O sorriso invicto de Michel

Michel da Silva / Foto: Reinaldo Carrera


Seu Edu Melo ruboriza ao gritar passando algum comando para seu lutador. Conhecer sua academia de pugilistas remete ao passado de gladiadores no qual eles tinham um mestre comandando cada grupo, alguém que em alguns casos partipou em sua juventude desses jogos, assim como Melo.

Os cabelos brancos balançam sobre a cabeça que cada vez fica mais vermelha, é o protegido mais novo do empresário de boxe que troca golpes no ringue e isso o deixa nervoso. O pugilista de sua tropa tem 21 anos, mas por conta da estatura e jovialidade aparenta menos.

Michel da Silva, ou “Babu” – o nome inscrito na cintura de seu traje –, ou “Stuart Little” - o nome de um ratinho de uma animação – acerta socos de variados jeitos buscando apenas um alvo, o rosto de seu adversário, o corinthiano Darli Gonçalves Pires.

O calção de Pires tinha o símbolo do clube paulista com maior número de torcedores que são conhecidos pela fé inabalável por um time que não é o mais vitorioso do país. Assim foi o boxeador que representou a esquadra no tradicional Baby Barioni, após duras pancadas e as costas brancas com marcas vermelhas volta buscando mais e querendo também torturar o colega.

No intervalo Michel teve uma conferência com seu treinador Xuxa, e no meio da conversa surge Melo ansioso pela vitória, quando o gongo soava o senhor que foi pupilo do lendário Waldemar Zumbano, combatente da Revolução de 1932, se senta ao lado do massudo e taciturno Pedro Otas, o qual tem como filho.

“Michel” em alguns momentos é traquina “Stuart Little”, quando está no clinch com Pires, parece abrir um sorriso, talvez fosse apenas o mordedor incomodando, ou a alegria de um menino que marca um gol numa pelada na rua.

A lona recebe o corpo de Pires no quarto assalto, apesar da dificuldade imposta, Da Silva se mostra superior, no 5° assalto os braços do juiz apontam o nocaute técnico, desta vez não teve gongo que salvasse. O irmão mais novo de William “Baby Face” Silva comemora.

Quando chego para conversar com o vitorioso, ele aceita meus cumprimentos e pede desculpas “por qualquer coisa”, eu devolvo: “desculpar! Eu não lutei com você”. O rosto juvenil apresenta as marcas de quem saiu de um acidente de trânsito, o boxe é assim mesmo, traz uma sensação de realização e dor.

Um advogado de terno e gravata que leva seu pai idoso todas semanas ao Baby Barioni comenta que Michel parece mais um brigador mexicano, daqueles que partem para cima até derrubar o adversário. Lutadores assim prezam mais o espetáculo e o entretenimento do público do que a técnica ou estratégias militares como fazem os europeus do leste.

Depois do embate voltam os amadores ao ringue, parecem centuriões com seus capacetes. O supermosca Michel é recebido pela sua família do pugilismo que exalta sua invencibilidade em sete combates, Pires, parece sumir dentro do vestiário, tem um rosto comum de operário daqueles que após a jornada de boxe encara uma de trabalho no dia seguinte e o retorno ao anonimato como foi por duros anos para o também corinthiano Elias.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Repórter do Uol vai até os grotões da Bahia em busca de Sertão

Sertão / Uol


Sertão foi uma estrela cadente do boxe nacional, assim como conquistou o título jovem e surpreendeu a todos teve uma queda também rápida. O repórter do Uol Maurício Dehó foi até o interior da Bahia encontrar este que é um dos casos mais trágicos da nobre arte e do esporte brasileiro com elementos de um filme dramático, porém reais.

A matéria foge do senso comum e usa recursos de literatura que no jornalismo ficou conhecido como "jornalismo literário" ou "New Jornalism" - termo cunhado nos E.U.A - Nesse estilo são vistos expoentes como Norman Mailer, Gay Talese, Audálio Dantas e Armando Nogueira.

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