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quinta-feira, 14 de março de 2013

Boxe e Sociologia

Muhammad Ali & Joe Louis / (foto: reprodução)

Quarta-feira (13/03) no Portal Terceiro Tempo de Milton Neves saiu o texto Boxe uma analogia da Vida, publicado originalmente aqui no Córner do Leão, porém desta vez com alterações. O texto apresenta mudanças sociais simbolizadas nas vivências dos campeões.

O tempo passa e novos elementos são adicionados. No artigo original não falei da figura de Eder Jofre por inexperiência. Hoje é possível ver uma relação entre sua trajetória e a identidade do Brasil em diversas áreas. Muitos nos conhecem pelo nome que ele levou, foi um dos nossos diplomatas-atletas.

Para ler o texto no Terceiro Templo clique aqui.

Para ler o original de 2008 clique aqui.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Projeto Mi Buena Vista próximo de se tornar realidade

Rua de Cuba / (foto: Vanessa Oliveira)

Na última semana de janeiro, o blog apresentou o projeto Mi Buena Vista de Vanessa Oliveira, 25, da jornalista e mestranda em Ciências Políticas pela Sorbonne (Paris) que se propõe a contar a história de Cuba em um livro reportagem. A arrecadação de fundos se encerra dia 23 deste mês e 77% dos recursos necessários já foram depositados.

Oliveira já foi editora internacional da TV Cultura e do site R7, hoje custeia os estudos e sua permanência na França com "pequenos trabalhos". A Universidade de Sorbonne é uma das Instituições de ensino mais tradicionais tendo de lá saído intelectuais de renome internacional como Jean-Paul Sartre e Claude Lévi-Strauss.

Cuba já produziu grandes nomes do pugilismo amador e profissional como Teófilo Stevenson, Kid Chocolate, Guillermo Rigondeaux, José Nápoles e José Legrá. A ilha caribenha também tem muita influência na história mundial e em assuntos políticos.

A pesquisa possui alto valor acadêmico e social para os três países envolvidos: Cuba, França e Brasil. A ilha caribenha é um expoente esportivo com sistema de Saúde e Educacional reconhecidos mundialmente, por outro lado carente de recursos financeiros.

O trabalho ajudará a compreender como estes atletas obtiveram sucesso e até por quê não buscaram outras alternativas para suas vidas. No início do século XXI, Cuba passa por aberturas econômicas e uma nova fase em sua história.

A autora já pesquisa a nação cubana há 6 anos, sendo que em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na graduação em Jornalismo da Universidade Mackenzie escreveu um livro reportagem sobre o país junto da também jornalista Silvia Song. Com o novo projeto passará 6 meses em Cuba.

Quantias à partir de R$ 10,00 podem ser doadas.

Para saber mais sobre o projeto acesse o site Projeto MiBuenaVista.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

A vida de Christy Martin reflete as mudanças de seu tempo

Christy Martin / (Foto: Casey Kelbaugh - New York Times)

Nos anos 1990, Christy Martin, 43, lutou para obter seu espaço no boxe como uma das pioneiras no profissionalismo a obter destaque na mídia e credibilidade. O mundo do boxe é fálico e paternalista, ou seja a masculinidade é valorizada. Mulheres demoraram a aparecer na plateia e as que recebiam e ainda obtêm muito destaque são as ring girls, as garotas da plaqueta.

A imagem de Christy boxeando com seus calções rosas trouxe feminilidade ao ringue, num desportes que em muitos casos apontam a mulher competidora como um pastiche ou excentricidade. Don King pode ter muitos defeitos, mas faz parte da evolução do boxe e de sua história. Don King viu algo na pugilista americana e investiu nela. Conquistou cinturões e fez preliminares de nomes como Mike Tyson.

Nesse período a mulher já estava inserida no mercado de trabalho e seu crescimento começou a se dar mais, tanto que hoje algumas das pessoas mais poderosas do mundo são senhoras maduras como Oprah Winfrey, Hillary Clinton e Dilma Rousseff. As duas primeiras já tinham destaque naqueles anos, enquanto a brasileira seguia nos bastidores políticos.

A pugilista já no século XXI acaba tendo uma passagem de sua vida refletida nas mudanças sociais. porém dessa vez não foi algo que ela buscou, mas um acontecimento infeliz. Em 2010, foi esfaqueada e levou um tiro de arma de fogo de seu esposo James Martin, 68, que também era seu treinador.

Este ano James Martin está sendo julgado pela Justiça de seu país, um exemplo de que a violência contra a mulher tem de ser não apenas discutida, mas denunciada e recriminada em sociedades que prezam o Poder Judiciário. Segundo estudo do Instituto Sangari  foram assassinadas no Brasil mais de 43 mil mulheres entre 1980 e 2010. Em um mundo globalizado como o atual avanços tecnológicos cruzam fronteiras, mas dados apontam semelhanças que não tornam países mais exemplares que outros, neste ponto há uma semelhança decadente entre Martin e as brasileiras.

A fúria de James Martin se deu ao descobrir que Christy possuía uma amante do mesmo sexo. Sua intolerância então se reverteu em um crime que agora o tem como culpado segundo a Justiça americana. No dia de hoje, o Presidente americano Barack Obama apontou ser favorável ao casamento homossexual. Christy agora vive com sua parceira Sherry Lusk.

Obama pode sofrer retaliações nas urnas, por parte dos setores conservadores que por sua vez possuem total direito de ter sua voz. Os EUA é um país livre que dá aos seus cidadãos direito de concordar, discordar ou mesmo ser indiferente aos discursos.

O boxe é um esporte tão rico por ser uma analogia da vida. James J. Braddock simbolizou o ressurgimento da América após a quebra da bolsa em 1929, Jack Johnson foi a voz dos negros rebelados, Joe Louis o herói negro no período da 2º Guerra e seu rival Max Schmeling era usado pelo III Reich como ferramenta de propaganda do Nacional Socialismo, porém depois mostrou-se contrário a ideologia e foi o grande amigo de Louis, pagando por seu funeral. Éder Jofre deu grande ajuda para romper com o complexo de vira-lata do Brasil ao conquistar o cinturão.

As mudanças na vida de Martin podem ser vistas como reflexos da sociedade que está inserida dentro de um mundo globalizado. Sua ascensão no campo profissional ajudando a abrir espaço para outras, a violência sofrida no lar e o fato de assumir sua homossexualidade e lutar por seus direitos nos tribunais e ela a faz de uma forma discreta sem estardalhaços e carnavais. No dia 14 de agosto terá mais uma batalha, desta vez dentro do ringue e será a última tanto para ela quanto para a também ilustre Mia St. John.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Record faz matéria em academia de Jerusalém que une israelenses e palestinos pelo boxe

Em um clube de boxe, o treinador Guershon Luxemburg uniu israelenses e palestinos usando a nobre arte como ferramenta. A equipe do Esporte Fantástico da Record acompanhou os treinos e fez uma matéria no dia 10/12/2011.



A mesma academia já foi matéria da Associated Press e teve um post aqui no Córner do Leão. Para acessar clique aqui.

Aqui no Brasil merecem destaque os trabalhos de Nilson Garrido que por meio do boxe ajuda a população carente de São Paulo e tem seu trabalho reconhecido internacionalmente e Aparecido da Silva, o Cido, que busca com o projeto Sparring Nota 10 evoluir as condições dos atletas e diminuir as possíveis rivalidades.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Boxe faz israelenses e palestinos crescerem juntos

Israelense (esq.) e Palestino (dir.) / (Foto: AFP Menahem Kahana)

Uma das rivalidades maiores do panorama sócio-político atual é entre israelenses e palestinos que trocam mísseis e bombas na Faixa de Gaza, tendo um número alto de mortes violentas, porém em um ringue de Jerusalém mesmo havendo trocas de socos a também trocas de experiências e lições de vida.

Na matéria de Shatha Yaish da Agência de Notícias AFP, pessoas comuns de ambos lados que poderiam estar trocando ofensas se unem para treinar ou assistir lutas de boxe, só que não manifestação de torcidas organizadas ou movimentos violentos, apenas se sentam juntos para apreciar a nobre arte.

O local das lutas fica num antigo abrigo antiaéreo de Jerusalém e lá os atletas se encontram duas vezes por semanas. A região foi anexada por Israel em 1967, mas os palestinos a reinvendicam para fazê-la a capital de sua nação. Promover a paz é muito mais importante que um cinturão.

Para ler o resto da matéria de Shatha Yaisha da AFP clique aqui.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Francisco Félix de Sousa vive!

Francisco Félix de Sousa / (Foto: Arquivo Nacional)


O maior mercador de escravos no Brasil era negro. O pai branco foi um grande traficante de escravos e a mãe uma escrava. Francisco Félix da Sousa (1754 – 1849) foi alforriado aos 17 anos. Sua origem racial muda conforme a fonte estudada, mas em quadros sempre é retratado como negro ou descendente de tal etnia.

O Brasil ainda tem diversos Francisco Félix de Sousa espalhados, atuam na política, no setor privado, educação e diversas outras áreas. Até mesmo no esporte esse homem deixou seu legado. Não é difícil ver empresários e dirigentes que pouco se preocupam com os pugilistas, os vendo morrer no ringue ou lentamente como quem assiste um filme sessão pipoca.

Os atravessadores atuam levando atletas para os ringues do exterior sabendo das condições mínimas de derrota, mas sempre prometendo destaque e o tão sonhado título mundial que não passa de um truque de ilusão nos dias atuais se o lutador não obtiver a estrutura adequada para alcançar o topo, outros mercadores atuam dentro do território nacional, terra da impunidade.

Essa venda de carne também se dá por conveniência do escravo/boxeador que por um cinto de couro, metal e às vezes ouro se submete a diversas humilhações e volta pedindo mais. É preferível trabalhar em subemprego não registrado todos os dias da semana do que se vendendo nos ringues, pelo menos não coloca a saúde tão em risco.

Deve ser lembrado que existe a carne de 1ª que é vendida no mercado exterior principalmente quando não se tem mais chances de seguir em frente nos rankings, mas há também a carne de 5ª comercializada nos grotões do Brasil em ginásios de banheiros sujos e pichados.

Francisco Félix de Sousa só continua existindo porque as leis são lenientes e não são denunciados. Os próprios boxeadores se sentem acomodados com tal situação e não conseguem pensar por si próprios, diferente de esportes como vôlei, rugby e judô que passaram por revoluções na forma de serem geridos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O boxe é uma analogia da vida


Para a intelectual Joyce Carol Oates, autora do livro "O Boxe" e vencedora de diversos prêmios Pullitzer, o pugilismo é uma metáfora da vida, em seu texto ela também concluí que o esporte está mais próximo de um acidente de trânsito do que para o lúdico visto em jogos de vôlei e futebol.

No ringue são visíveis aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos e para comparar a relação do boxe como um espelho da sociedade usarei alguns atletas como exemplo:

Jack Johnson foi o primeiro campeão mundial de boxe negro, seu reinado foi de 1908 até 1915. Saia com garotas brancas, gostava de carros velozes e festas, era o tipo de negro que os E.U.A não queriam. O antigo detentor do cinturão, o canadense Tommy Burns passou a ser visto como uma anomalia pelos brancos, pois para eles o lutador desgraçou sua raça.

A sociedade prendeu Jack por transportar uma branca de um estado para o outro, o que era proibido por lei, mas na verdade moça era sua esposa. Anos mais tarde, em 1946 para ser exato, o atleta morreu em um acidente automobilístico.

A história de Johnson mostra a raiz do racismo estadunidense e sobre essa situação uma frase lhe é atribuída: "Eles nunca me deixaram esquecer que sou negro, agora eu nunca deixarei que eles esqueçam que sou negro."

Em 1929 a terra de George Washington sofreu com a Quinta-feira negra, dia que marcou o Crash da bolsa de valores em 1929, o que veio após foi uma pobreza que parecia prestes a subjugar aquela que se tornaria a nação mais potente do mundo. Nesse cenário de larga pobreza surgiu o herói da classe trabalhadora, James. J. Braddock, o “Homem-Cinderela”.

O apelido lhe foi dado por um jornalista da época em razão do conto de fadas vivido pelo descendente de irlandeses que contava com mais de 20 derrotas em seu cartel e estava no limbo do esporte, porém mesmo assim obteve sua chance e derrotou o campeão Max Baer.

Joe Louis, o "Bombardeiro Marrom", foi o segundo negro detentor do boldrié mundial (1935-1949). Após Johnson perder o título para Jess Willard em 1915, a comissão esportiva criou políticas para que um negro nunca colocasse as mãos no título. James J. Braddock, o "Homem Cinderela" aceitou lutar contra o jovem de Louisville e com cláusula se caso o desafiante o derrotasse ele ter uma porcentagem de sua bolsa em todas as lutas.

27 anos após o reinado de um negro o Bombardeiro tem o direito de mostrar que não existe diferença de raças. Louis tinha que ser sempre bonzinho em público e para isso tinha diversas regras de conduta estabelecidas pela sua assessoria, entre elas nunca sair em fotos com mulheres brancas. Seu comportamento "exemplar" o fez ser respeitado até entre os racistas do sul estadunidense, entretanto, seu fiel séquito sempre foram os negros ainda segregados pelas leis estadunidenses.

A década de 60 ficou conhecida pelas ideologias, um período de hippies, guerra fria, movimento dos direitos civis e foi nela que Muhammad Ali iniciou sua trajetória. Ali antes chamado Cassius Clay possuiu três reinados entre a década de 60 e a de 70. “O Maior de Todos” como gosta de ser chamado defendia não só a segregação racial, mas também a soberania dos negros e isso incomodou demais a sua sociedade, com os anos ele abandonaria essas idéias, mas ainda continua um ícone para a raça negra e um porta-voz da humanidade.
Seus adversários eram vistos pela sociedade como capitães do mato que caçavam o negro fujão, ou esperanças brancas prontas para devolver o título de homem mais forte para os brancos.

Ali deu expressão para os negros e com o tempo passou a ser respeitado como um verdadeiro herói americano sendo retratado em filmes, livros, músicas, artes plásticas... tornou-se um símbolo cultural e histórico.

Mike Tyson mostra as mudanças vividas nas décadas de 80 e 90, tudo passou a ser rápido, a cultura do "fast food" e o estilo estético da MTV que preza o imediatismo conquistou os meios de comunicação e depois o estilo de vida americano que influencia o de diversas nações no mundo.

Qual a relação de Tyson com o imediatismo? Bom os fãs de Tyson querem tudo rápido, e se tem algo que ele fazia bem era entregar um nocaute na hora certa para eles.

Com o final da guerra do Vietnã o mundo ficou menos romântico, a ingenuidade foi quebrada e os heróis perderam o apelo. Basta ver que Wolverine atraí muito mais fãs que o Capitão América. Todas essas mudanças refletem em como Tyson pode ser admirado, um anti-herói.

E hoje qual campeão é a cara do período no qual vivemos tão segmentado e desunido. O nosso período não tem um grande campeão, mas sim vários em algumas oportunidades até quatro e outros chamados de interinos. O mundo hoje é confuso e difuso assim como o “quem é quem” do esporte de luvas.

Foto: Muhammad Ali e Joe Louis

terça-feira, 11 de março de 2008

Projeto Cora Garrido

Clip apresentando o projeto de Nilson Garrido que ensina pugilismo para excluídos sociais embaixo de viadutos.



Créditos:

Imagens:
Carina Zaratin
Fred Ouro Preto
Pedro "Cabron" Jorge
Conrado Vidal

Edição:
Fred Ouro Preto