quarta-feira, 25 de maio de 2011

Francisco Félix de Sousa vive!

Francisco Félix de Sousa / (Foto: Arquivo Nacional)


O maior mercador de escravos no Brasil era negro. O pai branco foi um grande traficante de escravos e a mãe uma escrava. Francisco Félix da Sousa (1754 – 1849) foi alforriado aos 17 anos. Sua origem racial muda conforme a fonte estudada, mas em quadros sempre é retratado como negro ou descendente de tal etnia.

O Brasil ainda tem diversos Francisco Félix de Sousa espalhados, atuam na política, no setor privado, educação e diversas outras áreas. Até mesmo no esporte esse homem deixou seu legado. Não é difícil ver empresários e dirigentes que pouco se preocupam com os pugilistas, os vendo morrer no ringue ou lentamente como quem assiste um filme sessão pipoca.

Os atravessadores atuam levando atletas para os ringues do exterior sabendo das condições mínimas de derrota, mas sempre prometendo destaque e o tão sonhado título mundial que não passa de um truque de ilusão nos dias atuais se o lutador não obtiver a estrutura adequada para alcançar o topo, outros mercadores atuam dentro do território nacional, terra da impunidade.

Essa venda de carne também se dá por conveniência do escravo/boxeador que por um cinto de couro, metal e às vezes ouro se submete a diversas humilhações e volta pedindo mais. É preferível trabalhar em subemprego não registrado todos os dias da semana do que se vendendo nos ringues, pelo menos não coloca a saúde tão em risco.

Deve ser lembrado que existe a carne de 1ª que é vendida no mercado exterior principalmente quando não se tem mais chances de seguir em frente nos rankings, mas há também a carne de 5ª comercializada nos grotões do Brasil em ginásios de banheiros sujos e pichados.

Francisco Félix de Sousa só continua existindo porque as leis são lenientes e não são denunciados. Os próprios boxeadores se sentem acomodados com tal situação e não conseguem pensar por si próprios, diferente de esportes como vôlei, rugby e judô que passaram por revoluções na forma de serem geridos.