Mostrando postagens com marcador eder jofre. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eder jofre. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Felipe e seus irmãos


Foto: Felipe Locanto ao vencer a Forja dos Campeãos de 2011 / Alessandro Michel


“Aqui não é local para playboy”, “ele não vai conseguir”, “é só uma brincadeira”, essas e outras falavas eram escutadas muitas vezes em baixo tom, mas algumas em alto também, enquanto o boxeador amador Felipe Locanto, acompanhado por seu irmão Giuliano e seu técnico Alex “Pit” Cardoso, assistia as rodadas da Forja dos Campeões de 2011 na arquibancada de cimento e pintura desgastada do Ginásio Baby Barioni, em São Paulo.

Avistei o trio ao chegar, um treinador de boxe os apontou para mim e falou em tom de desprezo da empreitada deles; eu já conhecia Cardoso, o havia entrevistado e no que nossos olhos fizeram contato, ele me chamou pelo meu nome e com um aceno pediu que eu me aproximasse deles, então fui apresentado aos irmãos, enquanto Cardoso me elogiava para eles exaltando o meu trabalho cobrindo boxe e a educação que me foi dada pelos meus avós. Na próxima semana Locanto estrearia.

Diferente do encontro anterior, o clima estava sóbrio no vestiário, apesar do trio sorrir ao me ver, não havia espaço tampouco intimidade para brincadeiras. As paredes claras com o chão revestido de azulejos em tons pastéis aumentavam a sensação de frio do lugar.

Alex é um rapaz com uma pele levemente bronzeada, como a de alguém que se sente à vontade na praia, cabelos negros, ombros largos, antebraços rijos, com olhar e falas rápidas. Seu carisma combinado com sua seriedade ajuda a entender sua credibilidade junto aos seus clientes que em geral são de classes mais abastadas. Alex sabe transitar entre diferentes ambientes como me apontou seu antigo treinador e campeão mundial Miguel de Oliveira (1947 – 2021), enquanto comíamos uma pizza em Santa Catarina.

Mais afastado ficava Giuliano, cabelo castanho escuro, barba por fazer, altura próxima da dos outros dois, postura de senador romano, jaqueta azul marinho cobrindo a camiseta preta, enquanto os olhos castanhos e arredondados circulavam boa parte do ambiente já que suas costas estavam voltadas para a parede, uma posição de quem quer ver aqueles que entram e saem. O boxe apesar de saudável e revigorante atrai algumas personalidades com as quais se precisa ter cautela, e Giuliano percebeu que eram estranhos em um novo ambiente.

Trajando uma regata branca e um calção branco com faixa lateral preta, Felipe moveu a cabeça para a esquerda e sorriu ao me ver, então voltou a se concentrar em sua respiração, enquanto Alex preparava sua bandagem e lhe passava as instruções finais ao mesmo tempo que pedia minha atenção no combate vindouro. Em posição ereta, o peito do jovem boxeador enchia e esvaziava vagarosamente, os olhos que são contentes pareciam adormecidos, quase opacos, não como o de alguém que está próximo da hora de dormir, mas como os de um atleta que entra num espaço que poucos frequentam ou mesmo conhecem, uma espécie de transe.

Os traços faciais dos irmãos lembram as estátuas de uma Roma Antiga, enquanto a linguagem corporal tem a elegância de pessoas que não fazem do dinheiro seu mote de vida e o usam como ferramenta tanto que não esquecem suas origens no sul da Itália, na cidade de Catanzaro, com homens acostumados com o trabalho físico e maneiras humildes.

Alex passava as faixas nas mãos de Felipe com a habilidade e a calma de um escultor, há toda uma técnica envolvida que feita errada pode desclassificar o atleta e assim aniquilar os seus sonhos. As pessoas pensam que é só enfaixar as mãos dando voltas quando na verdade serve para a proteção dos pulsos e das juntas que unem os dedos e as mãos. Os olhos de Felipe seguiam em outro lugar, tamanha é a confiança em Alex.

Dentro do ringue, Felipe mostrou bom movimento de pernas que usou com propriedade para impulsionar a movimentação de seu tronco, ajudando a desferir cruzados e golpes no torso com potência e precisão, além de ajudá-lo a manter a distância ideal do adversário. Alguns dos críticos tinham feições de surpresa mesmo que buscassem disfarçá-las, outros perceberam que aquele que seria o "azarão" da categoria podia trazer sérias dificuldades aos seus atletas.

Foto: Felipe Locanto / Alessandro Michel

Conquistando seu território

 

O desenvolvimento nos fundamentos do boxe com Alex Cardoso guiou Felipe Locanto para a final da Forja dos Campeões, torneio realizado desde 1941 e que viu terem campeões como o “Galo de Ouro” Eder Jofre e Adilson “Maguila” Rodrigues. Conforme progrediu, o pugilista que trabalha como arquiteto dissipou as dúvidas de suas qualidades no ringue.

Enquanto se preparava para sua grande noite, Felipe, assim como seu oponente William Costa e outros pugilistas, foi surpreendido no dia 5 de abril ao ser informado de que a final da Forja não seria realizada nas dependências do Conjunto Desportivo Baby Barioni, sendo que o veterano dirigente da Federação Paulista Newton Campos (1925 – 2022) teve de reorganizar o desfecho no Ginásio do Pacaembu no dia 12 do mesmo mês.

A mudança repentina afetou os atletas financeira, física e psicologicamente. Felipe representava a L.B.B.A., enquanto William Costa defendia as cores de Bauru em busca de um título inédito para a cidade.

Enfim, Felipe e William se encontraram no ringue, e o que se viu foi um rito de passagem deles. Enquanto Felipe é conhecido pela proeza técnica, explosão e força física, do outro lado tinha um atleta mais baixo, o que lhe rendia melhor centro de gravidade, e também dotado de maior força física.

Entre os torcedores se tinha mais amigos e parentes de Felipe do que nas outras noites, Alex coordenava as ações do atleta, enquanto Giuliano os auxiliava no corner.

Antes do combate pude conhecer as dependências da L.B.B.A. e seus atletas. Porém para a final, Alex elevou o grau de dificuldade de Felipe o levando para fazer sparring fora de seu círculo, em ambientes nos quais os pugilistas tratam as sessões de treino como combates por campeonatos tanto que ao verem Felipe acreditariam que ali poderiam descontar seus problemas com o mundo, mas o jovem saiu-se vitorioso.

O resultado da ousadia de Alex com os irmãos se viu no ringue, além dos atributos consolidados como a técnica apurada, a explosão e a força física; a esquiva e o jogo de corpo de Felipe melhoraram exponencialmente, o fazendo atuar como se fosse mais leve que um peso meio-pesado.

Após o árbitro erguer o braço de Felipe, Alex ficou eufórico, o que raramente se vê; Giuliano sorriu mais do que o habitual, já os amigos e parentes eclodiram nas arquibancadas como pessoas que se veem num momento livres dos problemas que as afligem e compartilham o sentimento de serem eles mesmos no quadrilátero.

Newton Campos premiou Felipe como o lutador mais técnico do campeonato, prêmio que raramente dava. Os pugilistas se abraçaram respeitosamente, pois dividiram um momento que foi apenas deles, muito intenso, mas que também sabiam que dificilmente se veriam em outra oportunidade.

Raramente me aproximo de entrevistados e pessoas das quais faço perfis, até por uma questão de imparcialidade. Porém aconteceu com Felipe, Giuliano e Alex. Apaguei um perfil previamente de Felipe acreditando que escreveria algo melhor, mas hoje vejo o meu erro porque não deveria ver como um trabalho artístico, mas como um registro daquelas noites de 2011 e de seus personagens. Com o tempo me afastei e precisei de mais de uma década para escrever esse perfil.

O que Felipe Locanto fez naquela noite vai um tanto além de um álbum de memórias guardado em um canto da casa ou em uma pasta de computador, o pugilista que projeta casas e prédios além de tocar piano mostrou a capacidade do boxe de abraçar pessoas de diferentes meios e origens. 

Foto: Alexsandro "Pit" Cardoso, Felipe Locanto e Giuliano Locanto / Arquivo Pessoal.

Nota do editor: Esse texto é uma retificação do passado, mas o blog não voltará a ser atualizado. Obrigado por sua audiência.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Boxe e Sociologia

Muhammad Ali & Joe Louis / (foto: reprodução)

Quarta-feira (13/03) no Portal Terceiro Tempo de Milton Neves saiu o texto Boxe uma analogia da Vida, publicado originalmente aqui no Córner do Leão, porém desta vez com alterações. O texto apresenta mudanças sociais simbolizadas nas vivências dos campeões.

O tempo passa e novos elementos são adicionados. No artigo original não falei da figura de Eder Jofre por inexperiência. Hoje é possível ver uma relação entre sua trajetória e a identidade do Brasil em diversas áreas. Muitos nos conhecem pelo nome que ele levou, foi um dos nossos diplomatas-atletas.

Para ler o texto no Terceiro Templo clique aqui.

Para ler o original de 2008 clique aqui.

terça-feira, 12 de março de 2013

Documentário "Eder Jofre, o Galo de Ouro"



O documentário Eder Jofre, o Galo de Ouro (2012) é uma produção de Rafael Tinel e Cadu Silva, formandos da Universidade São Judas no curso de Rádio e TV. A peça mostra o trabalho do Galo de Ouro como artista plástico além de suas façanhas nos ringues.

A peça conta a trajetória de Eder Jofre por um viés alternativo falando com o próprio, mas também personalidades como o renomado fotógrafo Sergio Jorge, primeiro fotojornalista vencedor de prêmio Esso, além como figuras do esporte de luvas no Brasil como o ex-campeão mundial  Miguel de Oliveira, o dirigente Newton Campos e os familiares Marcel Jofre (filho) e Mara Zumbano (prima) assim como Raphael Zumbano "Love" (primo), o último da dinastia nos ringues.

Eder Jofre é um membro do Hall da Fama do Boxe, eleito pela Ring Magazine como o melhor lutador dos anos 1960 à frente de nomes como Muhammad Ali e Joe Frazier e tido também como o melhor peso galo de toda história. Tinel e Silva já produziram o curta Cruzado de Direita que foi transmitido na TV Cultura.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Eder Jofre disputa eleição dos 50 maiores da história pelo Conselho Mundial de Boxe

Eder Jofre / (foto: reprodução)

O Conselho Mundial de Boxe (CMB) organizou em seu site uma eleição dos 50 maiores nomes do pugilismo para comemorar seus 50 anos. A votação é aberta ao público e tem o eterno "Galo de Ouro", Eder Jofre no páreo.

O lendário pugilista foi bicampeão mundial, primeiro na categoria dos galos e posteriormente como pena após ter se afastado dos ringues por 3 anos. Outros nomes na disputa são Muhammad Ali, Mike Tyson, Carlos Monzón e Héctor "Macho" Camacho. O próprio Tyson já admitiu diversas vezes ter Jofre como um de seus heróis.

Para votar na eleição do CMB clique aqui.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Jogos políticos e combativos

Daniel Sarafian (esq.), Gilberto Kassab (centro) e Grace Tourinho (dir.) / (foto: Divulgação UFC)

Hoje no site Terceiro Tempo é discutida a relação entre política e esportes de combate tendo como tema a realização do UFC São Paulo, o qual contou com uma cerimônia no dia 28 de dezembro tendo a presença do então prefeito Gilberto Kassab (PSD), a representante do UFC Gracie Tourinho e o lutador Daniel Sarafian.

Para ler o texto na íntegra clique aqui.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um mês sem Abraham Katzenelson, lenda do boxe brasileiro

Abraham Katzenelson / (foto: Felipe Denuzzo)

Dia 14 de setembro o empresário Abraham Katzenelson faleceu aos 95 anos de pneumonia na capital de São Paulo. O homem de negócios guiou Éder Jofre ao seu primeiro cinturão mundial, o dos galos em 1960, que também foi a primeira conquista desta escala de um brasileiro.

O lituano viveu na Argentina até 1952 quando veio para o Brasil. Nos últimos anos mantinha uma academia improvisada em uma "edícula  de seis mestro quadrados nos fundos de uma clínica em que são feitos exames médicos para se tirar carteira de motorista no bairro de Santa Cecília", conforme publicou o jornalista Eduardo Ohata da Folha de S. Paulo sobre o ancião manager.

No perfil "De terno, gravata e bengala, ex-manager busca novo Eder Jofre em São Paulo", Ohata contou em 2009 a história do senhor e da casa em que trabalhava a nobre arte. O imóvel ainda é mantido por seu filho Mauro Katzenelson que também atua como manager.

A casa já serviu de alojamento para os ex-desafiantes à cinturões mundiais Peter Venâncio e Giovanni Andrade, nos anos 1970 foi a firma de boxe Bel-Box, que tinha como um de seus sócios Abraham Katzenelson, também já foi pizzaria com decoração temática de pugilismo.

"Ele foi o maior promotor de boxe que o Brasil já teve. Colocou em 1961 15 mil pagantes no ginásio do Ibirapuera batendo o recorde de bilheteria dos esportes em São Paulo que só foi superado dois anos depois num jogo Corinthians x Palmeiras", conta Sidnei Dal Rovere que disputou o cinturão mundial dos super-penas por meio dos contatos do empresário.

Além de Jofre, Dal Rovere, Venâncio e Andrade outros lutadores brasileiros foram guiados por ele e até disputaram cinturões como José de Paula, Raimundo de Jesus e José Severino. Também trabalhou com ele o argentino Juan Diaz e o último boxeador em suas mãos foi o cearense Joaquim Carneiro.

Joaquim Carneiro (fundo) e Abraham Katzenelson (frente) / (foto: Leonardo Wen)
 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Éder Jofre no Club Paulistano

Vídeo de Carlos Giannoni

Éder Jofre, 76, há um mês visitou o tradicional Club Paulistano e fez uma demonstração de seus exercícios. O material acima foi postado pelo professor Carlos Giannoni que leciona na entidade e tem sido elogiado nas redes sociais.

Campeão nos pesos galo e pena, Éder Jofre é o maior lutador da história na primeira categoria e foi definido pela Ring Magazine como o melhor lutador dos anos 1960.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eder Jofre - "Quebrando a Cara"


Vídeo de SP Filmes

"Quebrando a Cara é um filme em 16mm, colorido, com 75 minutos de duração, que conta, em forma de documentário, a história de Eder Jofre, duas vezes campeão mundial de boxe.

Mais do que isso, Quebrando a Cara é a saga da família Zumbano-Jofre pelos ringues de São Paulo, cidade que surge através da cada personagem, como se ela mesma fosse um deles, e, certamente, não o menos importante".

Dirigido em 1986 por Ugo Giorgetti. - Sinopse extraída do site da produtora SP Filmes.

Pôster de Quebrando a Cara / (foto: divulgação)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Arte Nobre Arte entrevista Thomas Stavros do filme 10''


Vídeo de StudioDigitalWG

Guilherme Bacciotti do blog Arte Nobre Arte entrevistou o ator e roteirista Thomas Stavros que produz o filme 10'' (10 Segundos) no qual contará a história do Galo de Ouro Éder Jofre e de seu pai Aristides "Kid" Jofre.

Stavros explica a atual situação da produção, fala das conversas com Antonio Banderas para interpretar Kid Jofre e a relevância desse filme para a cultura e história nacional.

Para conferir a entrevista clique aqui.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mundo não esquece Eder Jofre

Eder Jofre / (Folha Press)

Conforme o jornalista Wilson Baldini Jr. do Estadão em seu blog, a publicação Boxing News coloca Eder Jofre como o 28º melhor de todos os tempos independente de peso à frente de feras como Joe Frazier, Thomas Hearns, Wilfredo Benitez, George Foreman e outros.

Os cinco cabeças da lista são Sugar Ray Robinson, Muhammad Ali, Henry Armstrong, Joe Louis e Sugar Ray Leonard. A Associação Mundial de Boxe (AMB) tem o Galo de Ouro como o melhor de sua categoria em todos os tempos, enquanto a Ring Magazine recentemente declarou o pugilista paulistano como o melhor dos anos 1960 superando Ali, Frazier, Foreman dentre outros em um período muito ativo no boxe.

Fonte: Wilson Baldini Jr.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

100 anos de Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues / (foto: reprodução)

"Eder tem, mesmo no ringue, uma candura de menino que ainda não disse o primeiro palavrão" - Nelson Rodrigues sobre Eder Jofre.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Éder Jofre entrevistado por Jô Soares em 1988


Vídeo de SBT


A entrevista acima é do ano de 1988 e Éder Jofre fala de suas inclinações políticas, pretensões na Câmara dos Vereadores de São Paulo e o passado no pugilismo.

O bicampeão mundial de pugilismo, primeiro como peso galo, categoria que é o maior nome de todos os tempos, e posteriormente como pena, Jofre é o único brasileiro no Hall da Fama do Boxe e foi eleito pela Ring Magazine o melhor pugilista dos anos 1960, acima de Muhammad Ali e de outros nomes daquela era.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Éder Jofre no Provocações da TV Cultura



Éder Jofre foi recebido pelo ator e dramaturgo Antonio Abujamra no programa Provocações da TV Cultura no dia 8 de maio deste ano.

O Provocações já recebeu figuras de destaque e polêmicas da sociedade nacional e Abujamra é um dos principais nomes da cultura nacional.

Imagens: TV Cultura

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eder Jofre e Jorge Sacomã participam do Histórias do Boxe contadas por Sidnei Dal Rovere



Eder Jofre e Jorge Sacomã foram pupilos do treinador argentino naturalizado brasileiro Aristides "Kid" Jofre e treinaram juntos na época de dourada do boxe nacional na academia do pai do Galo de Ouro na Rua Santa Ifigênia 176, na capital de São Paulo.

Eder Jofre se sagrou bicampeão mundial, nascido no berço da dinastia do ringue Zumbano-Jofre cresceu entre lutadores e é tido como um dos melhores de todos os tempos. Sacomã esteve em seu córner quando ganhou a cinta mundial e também é irmão de Paulo Sacomã, um dos principais nomes do pugilismo verde-amarelo.

A Aproboxe os reuniu com o especialista em história da nobre arte e ex-pugilista Sidnei Dal Rovere que os entrevistou na tarde do dia 12 de maio. Dal Rovere, oriundo de família de boxeadores, foi destaque como amador e no profissionalismo chegou a desafiar pelo título mundial. Assim como os dois veteranos forjou suas habilidades sob a tutela de Kid Jofre.

Agradeço aos envolvidos pela honra de participar deste encontro.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Éder Jofre é entrevistado por Antonio Abujamra no Provocações

Eder Jofre (esq.) e Nelson Gonçalves (dir.) / (Foto: Arquivo / Nelson Bar)

O lendário pugilista Éder Jofre, 76, participou da gravação do programa de entrevistas Provocações da TV Cultura conduzido pelo ator e diretor Antonio Abujamra. A atração vai ao ar terça-feira, às 23 horas.

Éder opina sobre o MMA, fala de sua vida. Eleito o melhor dos anos 1960 pela bíblia do boxe, a Ring Magazine e bicampeão mundial de pugilismo, em 1960 pelos galos e em 1973 pelos penas, Éder é venerado fora do país e no seu auge foi um dos principais ídolos da nação rivalizando em popularidade com o futebolista Pelé e a tenista Maria Esther Bueno.

Entrevista com Desembargador Antonio Carlos Debatin Cardoso

Desembargador Antonio Carlos Debatin Cardoso / (Foto: Divulgação)

Antonio Carlos Debatin Cardoso serviu a magistratura paulista durante 42 anos, sendo 26 deles na Segunda Instância: 6 anos no Segundo Tribunal de Alçada Civil e 20 anos como Desembargador do Tribunal de Justiça, sendo seus 12 últimos anos na área Criminal. Fez também parte do Órgão Especial do TJ paulista.

Em entrevista ao Córner do Leão concedida em sua residência na capital paulista, o Desembargador Antonio Carlos Debatin Cardoso fala de seus ídolos no boxe, as semelhanças entre a nobre arte e o Direito e questões judiciais dentro do esporte de cavalheiros.

Como foi seu início no pugilismo?

Em 31/03/57 eu e meu amigo Carlos Wogue fomos ao ginásio do Ibirapuera assistir uma reunião de boxe na qual estreava no profissionalismo um jovem promissor peso galo chamado Éder Jofre que venceu a um argentino no terceiro assalto.

Também estreou o leve Sebastião Nascimento cuja luta com Xavier Mandi foi aplaudida por 5 minutos, logo que terminou.

Sebastião Ladislau, o Gibi, nocauteou um argentino no primeiro assalto e, na luta de fundo, o Luiz Inácio, o popular Luizão, enfrentou o campeão holandês, 8º no ranking mundial, Win Snoek. Luizão ganhou os 9 primeiros assaltos e foi nocauteado no 10º.

E após?

Entrei no curso de juízes e jurados da Federação Paulista onde conheci uma notável figura humana: Lúcio Ignácio da Cruz. De notável caráter, de grande vivência dentro e fora dos ringues e, honestíssimo, não admitia favorecimento ou patriotadas nas decisões. Era um exemplo em todos os sentidos. Fui jurado da Federação até 1964.

Teve ou tem algum ídolo neste esporte?

Sim, Éder Jofre: um pugilista completo e atemporal como Sugar Ray Robinson, Muhammad Ali, Carlos Monzon, Julio Cesar Chaves, Roy Jones Jr., no seu auge, e hoje, Sergio “Maravilla” Martinez.

No amadorismo, fico com Abraão de Souza, vencedor de Bob Foster no Pan Americano de Chicago em 1959, e Servílio de Oliveira, que só não foi para a final olímpica, no México, pois cruzou com um mexicano na semi-final e que também poderia ter sido campeão mundial caso não houvesse descolado sua retina).

Existe alguma relação entre a área do direito e a do boxe?

Sim, duas relações: o bom senso e a inteligência.

O bom senso é necessário em qualquer atividade da vida e, na inteligência, Muhamad Ali derrotou pugilistas mais fortes que ele: Sonny Liston, Joe Frazier e (George) Foreman.

No Brasil há muitas suspeitas de atos ilícitos no meio esportivo. Como deve ser a atuação do Judiciário e do Ministério Público?

Normalmente o Judiciário não pode proceder de ofício. Por seu turno, o Ministério Público, depois da Constituição de 1988, tomando conhecimento de um ato ilícito pode determinar a abertura de inquérito ou apurar, por ele mesmo, a ilicitude do ato.

Falta de condições nos eventos como ambulâncias e exames prévios podem ser apurados pela Justiça mesmo que sejam de entidades particulares?

Sim, desde haja indícios fortes de que expuseram o ser humano a perigo de vida ou a sequelas graves, pelo não cumprimento da lei.

Como deve prosseguir um boxeador que se sente lesado?


O pugilista, antes do combate, deve firmar com empresários e promotores um contrato estipulando, claramente, o montante de sua bolsa. Em caso de inadimplência, ou seja, de não pagamento ao pugilista, deve ele procurar um advogado e acionar os que não cumpriram o estipulado.

"Cartéis e lutas falsas configuram crimes, porque iludem o público e os empresários, principalmente, os estrangeiros. Trata-se de estelionato!"

Cartéis e lutas falsas são crimes?

Cartéis e lutas falsas configuram crimes, porque iludem o público e os empresários, principalmente, os estrangeiros. Trata-se de estelionato!

Ao seu ver por que os pugilistas não buscam seus direitos?
Em geral são pessoas muito humildes, simples, e além de desconhecerem seus direitos nas referidas ocasiões têm necessidades de dinheiro em razão da sobrevivência e receiam não mais serem programados pelos empresários.

Nomes respeitados do boxe nacional são alunos de direito como Servilho de Oliveira, Santo Arias e Alex de Oliveira. O que o senhor acha disso ?

Considero excelente pois além de poderem defender melhor seus interesses, podem ajudar seus pupilos e colegas de profissão.

Muito obrigado Desembargador Debatin Cardoso.

Saiba que acompanho seu blog há tempo e o admiro pela honestidade, sendo que vejo em você uma esperança para a melhoria do nosso boxe. Conte sempre comigo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dal Rovere fala sobre a revista Nocaute e da 2ª luta de Eder Jofre e Joe Medel

Revista Nocaute - Eder Jofre x Joe Medel II - 1962 / (Foto: Arquivo Sidnei Dal Rovere)

"A primeira capa da revista Nocaute, publicada em setembro de 1962, e aqui está o meio da revista, chamada para a luta Eder Jofre contra Joe Medel, a 2ª luta entre eles, a 1ª foi a que o "Galo de Ouro" mais apanhou. O mais interessante dessa publicação é a programação que tem 2 espetaculares boxeadores no evento que estão sempre com a gente", aponta o comentarista e historiador do boxe Sidnei Dal Rovere em seu perfil no Facebook.

A matéria é escrita por Benedito Ruy Barbosa, hoje autor de telenovelas e quem deu o apelido de "Galo de Ouro" ao pugilista Eder Jofre, considerado o melhor dos anos 1960 pela bíblia do boxe Ring Magazine, a frente mesmo de Muhammad Ali.

"Este evento em 1962 bateu recorde de bilheteria de todos os esportes no estado de São Paulo, somente dois anos mais tarde um jogo de futebol entre Corinthians e Palmeiras bateu o recorde de bilheteria deste evento", pontua Dal Rovere.

O card do evento conta ainda com os brasileiros Sebastião Nascimento, Jorge Sacoman, Abraão de Souza e Oripes dos Santos que fizeram história no boxe nacional e sul-americano. Em um período de pugilistas mais duros e que as rodadas tinham público cativo e ginásios ficavam cheios.

"Observem o cinturão de campeão mundial dos pesos galo do Eder Jofre, do maior peso galo da história do boxe mundial. Quase não aparece, mas precisava aparecer? Ele precisava mostrar algum cinturão?", finaliza Dal Rovere.

Dal Rovere é um dos principais conhecedores de boxe em solo nacional além de ter sido forte competidor com títulos no amadorismo e no profissionalismo. Hoje atua dando aulas e dedica seu tempo livre para divulgar e promover a nobre arte.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eder Jofre acende tocha em Jogos da Terceira Idade de Santo André

Eder Jofre / (Foto: Edmilson Magalhães - PSA)

Na segunda-feira Eder Jofre, 75, acendeu a tocha na Cerimônia de Abertura do Jotisa (Jogos da Terceira Idade de Santo André), no Ginásio do Parque Prefeito Celso Daniel. O melhor pugilista dos anos 1960 conforme a Ring Magazine, foi aplaudido pelos presentes.

Eder Jofre, o "Galo de Ouro", foi campeão mundial pelos pesos galos (53,5 kg) em 1960 e é tido como o melhor peso galo de todos os tempos sendo que a Associação Mundial de Boxe o aponta como seu "super campeão histórico". Em 1973, conquistou o cinturão dos penas (57,2 kg) se tornando bicampeão da nobre arte. Também é membro da família de boxeadores Jofre-Zumbano.

A disputa segue até 22 de abril tendo 14 modalidades: atletismo, bocha, coreografia, damas, dança de salão, dominó, gateball, malha, natação, tênis de mesa, tranca, truco, voleibol adaptado e xadrez. A competição ocorre no Clube Atlético Aramaçan, Ginásio Pedro Dell'Antonia, Campo de Gateball da Vila Assunção e Teatro Municipal de Santo André (dança de salão). A disputa conta com mais de mil participantes e aceita pessoas acima dos 60 anos.

Fonte: Repórter Diário