domingo, 6 de dezembro de 2009

Khan destrói Salita em 76 segundos

Amir Khan X Dmitry Salita Nocaute / Nigel Roddis Reuters


O combate pelo título mundial dos meio-médios ligeiros da Associação Mundial de Boxe estava programado para ser definido em 12 rounds na madrugada de ontem para hoje, mas a platéia de Newcastle na Inglaterra precisou de apenas 76 segundos para ver o britânico de ascendência árabe Amir Khan (22-1, 16 KO’s) destruir o desafiante o israelense radicado americano Dmitry Salita (30-1-1, 16 KO’s), conhecido como “Estrela de Davi”.

Para derrubar Salita, Khan utilizou de uma forte sequência rápida de esquerda seguida de direita. “Nós tínhamos muito poder de fogo para esse cara. Após o primeiro golpe eu pude vê-lo tremer na base”, comemorou Khan com seu técnico Freddie Roach.

A parceria com Roach começou após a primeira derrota de Khan que foi para o colombiano Bredis Prescott em 2008, desde então, o jovem de 22 anos tem se mostrado mais eficiente e agressivo no ringue e isso lhe rendeu não só a coroa da AMB, mas também uma vitória sobre o legendário mexicano Marco Antonio Barrera.

Roach também é responsável pelo treinamento do filipino Manny Pacquiao considerado o melhor lutador em atividade. Khan agora vai ajudar o outro pupilo de seu mestre em seu futuro combate contra Floyd Mayweather em 2010, mas após o embate gostaria de encarar o colega. Para o futuro visa um combate contra Rick Hatton, enquanto, Kevin Mitchell que derrotou Prescott já expressou interesse em lutar contra o rei dos meio-médios ligeiros da AMB.

Religião e Etnia no ringue


Amir Khan (dir.) e Dmitry Salita / Divulgação


O combate entre Amir Khan e Dmitry Salita foi cercado de referências religiosas e raciais. Assim como quando o negro Larry Holmes, então campeão dos pesados pelo Conselho Mundial de Boxe, enfrentou o branco Gerry Cooney em 1982 com promoção de Don King –sempre ele – num deplorável espetáculo visando promover um embate de raças, Khan muçulmano e árabe e Salita israelense e judeu tiveram suas origens exaltadas para a divulgação do combate.

Semana passada em uma reunião Khan foi vaiado e sobre o episódio afirma: “a inveja e a cor de pele, que mudam as coisas. Se fosse um boxeador inglês branco, seria uma grande estrela do Reino Unido”. Apesar do circo Salita, 27, nascido em Israel criado na Ucrania e hoje naturalizado nos E.U.A vestia o quipá (chapéu tradicional judaico) nas fotos que promoviam o combate mostrando que o boxe é um esporte democrático e tem espaço para todos.

Como já afirmou o grande cronista esportivo Henrique Matteucci, o boxe não deve se prestar como palco de disputas raciais. Na 2ª Guerra Mundial o americano Joe Louis e o alemão Max Schmeling defenderam suas pátrias, porém ao invés de se tornarem ferrenhos inimigos como bons soldados subservientes transformaram sua relação de rivalidade numa das mais sinceras amizades da nobre arte.