domingo, 16 de dezembro de 2007

Entrevista com Pedro Otas

Em entrevista ao Córner do Leão o boxeador Pedro Otas conta como é perder um dos melhores amigos e mudanças na carreira



Na quinta edição do Showfight, o boxe mostrou o seu valor numa casa que sempre foi mais voltada ao vale-tudo. De um lado do ringue um descendente da realeza do pugilismo, Raphael Zumbano, primo de Éder Jofre e neto de Ralph Zumbano, no outro córner Pedro Otas, comparado por treinadores a Rocky Marciano, mas que pouca atenção atraiu antes do combate.

No fim do embate Otas saiu vitorioso por nocaute técnico, seu nome ficou mais conhecido e teve uma seqüência de resultados positivos, porém poucos sabem a trajetória que o fez chegar a este ponto. Em entrevista ao Córner do Leão, o lutador revela seu início na nobre arte, a “turbulência” que foi perder o amigo Rogério Lobo e a mudança de peso-pesado para cruzador.

Como foi seu início no boxe?

Iniciei em agosto de 1996 com 17 anos e foi um ‘problemão’ em casa, pois meu pai achava o boxe muito perigoso pra saúde mesmo assistindo a todas lutas que passavam na televisão naquela época (risos).

Quem são seus ídolos? O que admira neles?

Aprendi a gostar do boxe muito pequeno quando meu pai assistia as lutas do Julio César Chavez e falava muito de Muhammad Ali, Sugar Ray Robinson, Sugar Ray Leonard, Roberto Duran, Rocky Marciano e Éder Jofre. Apesar de ser da geração Mike Tyson, meus principais ídolos são Muhammad Ali e César Chavez.

Gosto de Ali, pois era suave ao caminhar no tablado além de ter a agilidade e resistência ao seu favor, já Chavez era frio, preciso e muito determinado.

Para você quem foi o atleta do século?

Muhammad Ali.

Por que não escolheu Pelé que é quem sempre lidera as pesquisas entre os brasileiros?

Porque esse título não cabe somente ao feito dentro da modalidade e sim na conduta fora dela. Ali foi um exemplo como atleta e principalmente como homem de princípios e caráter.

Em julho de 2006 o pugilista cruzador Rogério Lobo faleceu. Como era seu relacionamento com ele?

Conheci o Lobo quando comecei a treinar e ficamos muito amigos. Ele sempre me ensinava, aconselhava e foi assim até o ultimo dia em que o vi lá no Baby Barione. Foi uma grande perda...

Quais foram os impactos dessa perda em sua vida? Como fez para se recuperar?

Na época eu atravessava um momento ruim em minha vida pessoal e profissional e a morte do meu amigo foi a “gota d’água” para eu quase chegar ao fundo do poço.

Sofri um sério acidente de carro na qual tive grandes prejuízos, físicos e financeiros, mas foi diante de toda aquela turbulência que tive forças para sair da situação contando sempre com o amparo do meu empresário e figura paterna Edu Melo e minha ex-treinadora Giuliana Bressane com a qual fui casado por quatro anos.

No mesmo ano você enfrentou Raphael Zumbano no Showfight V. Como foi sua preparação para a luta?

Só aceitei lutar porque tinha que honrar o prejuízo que causei devido ao acidente, que graças a Deus foram apenas materiais. Minha preparação para a luta foi quase toda ela feita em uma sala de fisioterapia (risos).

Neste ano você decidiu atuar na categoria de cruzadores (até 90,750kg) abandonando a de peso-pesados. O que o fez optar por essa mudança?

Bom, tenho uma equipe e um empresário os quais respeito e confio muito. A opção da mudança partiu deles, o meu papel é apenas treinar, lutar e vencer. Só sinto muito em não ter tido a oportunidade de lutar pelo título brasileiro e me sagrado campeão dos pesados, pois tinha certeza que assim seria.

Acredita que poderá disputar o cinturão brasileiro da categoria quando?

Quando aqueles que se dizem campeões aceitarem a lutar comigo e terem bom senso em relação ao valor de suas bolsas.

Crê que haverá melhorias reais na situação do pugilismo nacional?

Precisamos crer, mesmo porque no momento não me vejo em outras atividades (risos).

Abraço a todos e feliz ano novo!

Foto: Pedro Otas e Sr. Edu Melo

Clip de Pedro Otas