Pedro Gama Filho tem a luta em sua genética. O seu pai que tem o mesmo nome foi um dos maiores estimuladores dos esportes de lutas e combates no Rio de Janeiro e assim como seu progenitor, Gama Filho assumiu um ponto que é necessário para a existência de atletas, a presidência da CBLA.
O jovem dirigente em entrevista fala sobre os progressos da luta olímpica desde os jogos Pan-Americanos de Santo Domingo em 2003 e outros aspectos conferindo um panorama da modalidade.
Quais são os principais investimentos na luta olímpica na sua gestão?
Podemos dividir a minha gestão em duas fases, a fase até os Jogos Pan Americanos, onde devido aos poucos recursos que temos, tivemos que investir invariavelmente no alto rendimento ou na seleção propriamente dita, e pós Jogos Pan Americanos, onde iremos investir na massificação da modalidade, formação de novos técnicos, nas categorias de base....
Quais foram os avanços desde Santo Domingo 03 até o Rio 07?
Muita coisa mudou, tivemos um ciclo Pan americano com recursos garantidos pela Lei Piva, e por mais que não seja o ideal, é uma possibilidade de se planejar, de estar presente em algumas competições chaves escolhidas por nós, de conhecer seus adversários de fazer intercâmbio, algo que nunca antes havíamos vivenciado. Agora em 2007, firmamos o patrocínio com a Caixa Econômica Federal, o que permitiu que montássemos nossa equipe permanente, inclusive com salários para os atletas e comissão técnica, algo inédito para nossa modalidade que antes era totalmente amadora.
Alem disso tivemos um crescimento muito grande em duas modalidades, a Greco Romana e a Luta feminina, onde nunca havíamos medalhado, isto graças a um treinamento mais direcionado, mais específico, com uma equipe multi disciplinar preparada para a demanda do alto rendimento.
O esporte é muito recente no Brasil, muito dos atletas que estavam nos Jogos do Rio, conheceram a modalidade nos Jogos de Santo Domingo e tinham somente 4 anos de treinamento, isso demonstra que quanto mais o tempo passar, nossa equipe ficará cada vez mais forte... Espero um resultado ainda melhor em Guadalajara 2011.
Quais são os planos futuros para o esporte?
O plano agora é massificar, criar qualidade de dentro da quantidade, desenvolver um plano técnico nacional de desenvolvimento padronizado para todas as regiões do Brasil, trazer praticantes jovens para praticar a modalidade e cria-los dentro do esporte, a luta é um forte veículo de inserção social, pois para praticá-la não existe praticamente investimento, somente são necessários um short e uma blusa, usa-la como este veículo social e desenvolver o esporte através desta característica.
Para o alto rendimento, trazer dois técnicos estrangeiros, um para o estilo livre e outro para o Greco-Romano, trabalhar para classificarmos atletas para Beijing 08, e treinar para novamente batermos o recorde de medalhas Pan-Americanas nos próximos Jogos em 4 anos.
Devido a sua malha colada ao corpo o esporte tem uma imagem vinculada ao homossexualismo para parte do público. O que tem sido feito para desfazer essa imagem?
Isto se deve a falta de conhecimento e tradição do esporte no Brasil, este quadro começou a mudar quando os lutadores de Luta olímpica começaram a mostrar a sua eficiência nos eventos de MMA, hoje em dia todos os atletas que se dedicam a esta modalidade treinam Luta, pois sabem de sua importância...não temos muita incidência de homossexuais na modalidade não, mas para ser sincero, essa preocupação nem passa pela minha cabeça, pois todos que querem praticar a luta olímpica são muito bem vindos independente de suas preferências sexuais, não temos preconceito algum, nos preocupamos com a dedicação do atleta para com a modalidade, e isso é o que importa para a Confederação.
Em quanto tempo o Brasil poderá ser considerado uma potência?
Acredito que avançamos muito para nos tornarmos uma potencia Pan-Americana, o que deve acontecer definitivamente depois de mais um ciclo Pan-Americanos, ficamos a frente da Colômbia e do Canadá, potencias mundiais da modalidade na soma dos Pontos, isto demonstra uma campanha homogênea da nossa equipe em todas as modalidades de Luta, isto com um orçamento que não chega nem perto do deles, que alem de recursos tem milhares de praticantes em seus paises, o que não acontece aqui, onde só temos perto de 3.000 praticantes e cerca de 500 atletas de alto rendimento.
Para nos tornarmos uma potência olímpica, o trabalho tem que ser de longo prazo, coisa de 3 ou 4 ciclos Olímpicos, precisamos de mais recursos, mais praticantes, melhores conhecimentos técnicos, mais intercâmbio, um centro de treinamento decente, e por aí vai...As demandas são muitas e os paises estrangeiros tem muita tradição no esporte. Começamos 100 anos atrasados, mas pelas características de nosso povo, extremamente lutador, buscaremos esta diferença neste período de 12-16 anos, basta que o trabalho seja feito certinho, sem atropelo, sem pular degraus na escada, tem que ser passo a passo.
Qual é o valor do patrocínio da Caixa Econômica Federal e até quando vai o contrato?
O valor acertado era de 300.000 Reais de Janeiro a Julho (até os jogos), mas já conversamos com o pessoal do marketing da Caixa, que ficou super satisfeito com os resultados e eles irãoi continuar com o patrocínio. Esta é uma grande vitória para a nossa modalidade, e temos que aplaudir a iniciativa da Caixa em apoiar uma modalidade que devido a sua pouca tradição no Brasil, não dá o mesmo retorno dos outros patrocinados como no caso da Caixa, o atletismo e a Ginástica. Esta é uma aposta de longo prazo que com certeza saberemos retribuir em alguns anos, deixo aqui meu agradecimento público ao Patrocinador oficial da CBLA, a Caixa Econômica Federal.
Quais são os outros patrocinadores?
Não temos ainda outros patrocinadores, temos alguns apoiadores, a empresa Motormax de óleo para motor automotivo, a NO GI, marca de roupas esportivas voltada para o segmento de lutas e a Rio Sports Tour, agência de turismo esportivo. Estamos a procura de uma empresa aérea para ser o nosso segundo patrocinador, uma vez que uma de nossas grandes demandas para evoluirmos são competições no exterior e intercâmbios de treinamento, com as passagens garantidas, nosso retorno em termos técnicos seria bem mais rápidos, uma vez que as mesmas são o nossa principal fonte de custo durante os últimos anos.