sábado, 25 de julho de 2009
Entrevista: Ratinho
Marcus Vinícius de Oliveira em meio a multidão não chama atenção, não tem a beleza de um modelo tão pouco o porte de um milionário, é na verdade um rapaz de pele bronzeada, cabelos negros e estatura média como tantos jovens brasileiros de 24 anos. Sua principal habilidade é apresentada no esporte de luvas no qual se mantém invicto e é considerado o melhor super-médio do país.
Em entrevista ao Córner do Leão, o boxeador conhecido como Ratinho revela seu desejo de enfrentar um argentino que está entre os melhores meio-pesados do mundo, a falta de ter suas apresentações transmitidas pela TV e as responsabilidades de ser um pugilista em um país com sérios problemas sociais.
Suas lutas eram transmitidas pelo “Sábado Campeão” pela Rede TV!. Qual é a falta que faz uma emissora exibindo apresentações do boxe nacional para o público de TV aberta?
Leão, quando se luta com interesse da mídia você se compromete mais, e isso também te compromete mais com o público, fora que as chances reais de se encontrar empresas para te patrocinar são maiores e até hoje sou reconhecido como campeão pelos fãs do esporte.
O término do programa afetou muito a sua carreira?
É claro que quando se faz um show para uma TV aberta tudo fica melhor. Depois do término do programa fiz mais algumas lutas boas, mas sem aquele prestigio e de certa forma me afetou um pouco sim.
A Showtime anunciou neste mês um torneio milionário envolvendo os super-médios Carl Froch, Mikkel Kessler, Jermain Taylor, Andre Ward, Andre Dirrel e Arthur Abraham que subiu de categoria para disputar. Em sua opinião quem sairá vitorioso?
Fico em duvida entre Carl Froch e Arthur Abraham, mas Froch é mais forte e tem um bom jab, portanto, fico com Froch.
O que falta para “Ratinho” estar entre esses nomes?
No momento só faltam as lutas acontecerem, estou treinando na Companhia Atletica, sendo assistido pelo fantástico Miguel de Oliveira e tenho bons companheiros de sparrings como o super médio Miro que tem 3 vitórias em suas 3 apresentações, também conto com o Leandro, peso médio canhoto vitorioso em 2 de seus 3 combates e não posso esquecer o Alexandro “Pit” Cardoso, ex-campeão brasileiro dos cruzadores invicto há 10 lutas,por isso digo que estou muito feliz.
Você é um dos melhores super-médios da América Latina. Há algum lutador na região que gostaria de enfrentar?
Quero fazer lutas fora do país, preferencialmente por títulos, o Brasil está muito devagar para o Boxe. Sei lá... Talvez o ex campeao mundial dos meio pesado Hugo Herman Garay, queria vingar o meu amigo Peter Venancio. (Nota do Editor: Garay derrotou Venâncio por decisão unânime em 2003).
Sua última luta conforme o site Boxrec foi dia 12 de setembro de 2008 na Alemanha contra Jurijs Boreiko da Letônia que até o combate apresentava um cartel de 15 vitórias sendo 10 por nocaute e número igual de derrotas. O que ocasionou seu empate com ele?
Leão, eu lutei com muita certeza e bem preparado e achei que venceria por nocaute, mas encontrei um lutador muito defensivo que lutou para não cair, o empate não foi justo. Fui melhor em todos os sentidos e peço que assistam no Youtube e tirem suas duvidas!
Os lutadores brasileiros tem tido uma média negativa em apresentações no exterior. Quais dificuldades seus colegas e você passam quando desembarcam em terras estrangeiras?
A maior dificuldade é a proteção que os adversários têm em relação aos promotores, pois lutadores brasileiros são mal vistos porque só vão atrás de dólares, digo, os lutadores de fora, além de serem muito respeitados são melhores preparados para lutar.
Um de seus principais adversários foi Rapadura. Como foi esse combate?
Vendo o filme da luta hoje, dá para se dizer que foi fácil, mas na época foi muito duro com todos os treinamentos físicos e técnicos e o desgaste que uma luta por título nacional pode trazer.
Sua infância foi marcado por muitas brigas de rua. Conte como era o seu temperamento naquele período e se o boxe teve alguma influência nele:
Verdade, sempre gostei de briga, meu pai na década de 70 e 80 foi um bom brigador de rua, isso de certa forma influenciou na minha personalidade, mas meu pai foi melhor como jogador de futebol e eu como boxer, essa é a influencia do boxe.
Como surgiu o apelido “Ratinho”?
Quando comecei a treinar boxe no Centro Olímpico do Ibirapuera tinha um estagiário muito divertido e naquela época ele colocou meu apelido de ratinho. Aproveito a oportunidade e falo pra quem quiser começar a treinar boxe e não tiver condições de pagar vá ao Centro Olímpico, é uma boa escola de boxe.
Você assistia muitas lutas de boxe com seu pai. Fale de sua relação com ele naquele período até os dias de hoje.
Meu pai é a inspiração que eu preciso, todos os momentos que me sinto cansado para treinar, sair para correr de manhã... Sempre lembro dele me cobrando treinamento, ele é especial como pai em todos os sentidos. Sempre jogou futebol, e agora já veterano, vai voltar, e quem quiser ver o pai do Ratinho jogando bola vá a Portuguesinha da Vila Mariana, meu pai vai jogar pelo tradicional time de várzea Black Power do Ipiranga, é o popular Paulada da Vila Brasilina, bairro do Saúde em São Paulo. Mas minha família irmã, mãe e filho) são igualmente importantes.
O boxeador tem para muitos a imagem do herói capaz de feitos impossíveis para pessoas comuns. Para você quais são os lados positivo e negativo dessa imagem?
O positivo é que você é reconhecido pelo o que faz em cima do ringue, mas isso não o faz uma pessoa diferente, pelo contrário, busca sempre a perfeição para não decepcionar os fãs e admiradores do Boxe. Um ponto negativo é a falta de apóio de órgãos governamentais para o Boxe Profissional.
Entre os atletas, o pugilista é o que desenvolve um dos relacionamentos mais íntimos com seu empresário. Qual a importância do seu empresário em sua carreira?
Verdade. Sabe por que os lutadores de boxe e os empresários se apegam muito? Porque a nossa é uma classe sofrida, e os empresários que se envolve com os lutadores também sofrem junto com eles, meu empresário é importantíssimo na minha carreira e apesar dele ficar meio triste comigo por falta de compreensão da minha parte, sei que ele gosta de mim e no final vai dar tudo certo nós.
Quais são seus planos para as próximas lutas?
Logo terei novidades para vocês que acompanham o blog do Leão, meu empresário só esta acertando o meu adversário e será uma luta por titulo Internacional aqui no Brasil. Aguardem...
Ratinho (preto) x Jurijs Boreiko (azul) - Alemanha, 09/12/2008 - Empate