segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Entrevista com Renato Roma
Um dos principais nomes do wrestling nacional, Renato Roma é penta-campeão brasileiro na categoria até 74kg, o que lhe garantiu respaldo na América do Sul. O wrestler se aposentou no dia 18 de janeiro deixando suas sapatilhas sobre o tapete olímpico.
Aluno de Edson Kudo, atual técnico da seleção brasileira estilo livre, Roma falou sobre a importância de seu mentor em sua vida, a utilidade de se treinar outras modalidades e do ensino superior na vida do atleta.
Você iniciou no judô, passou pelo jiu-jitsu e firmou-se na luta olímpica. Existe alguma outra modalidade que você tem interesse em praticar?
Eu adoro artes marciais, já pratiquei judô, jiu, capoeira, kung-fu e luta olímpica. Eu sempre estou aberto novos conhecimentos e a novos convites.
Os ensinamentos das outras artes marciais ajudam no tapete olímpico?
Sim, o atleta já vem para o tapete olímpico com a coordenação motora bem desenvolvida, experiência de luta, bom condicionamento físico e disciplina.
De todos os senseis e técnicos pelos quais passou qual mais marcou sua vida?
Com certeza eu devo a todos os meus mestres, em especial o Edson Kudo que me preparou tecnicamente. Ele é o maior estrategista de luta que eu conheci.
Você ensina wrestling em São Caetano, interior de São Paulo. O que Kudo te passou que o faz ser um bom técnico?
Eu procuro sempre observar o que ele faz de melhor e passo esse conhecimento adiante procurando sempre colocar meu estilo de luta em treinos dos meus alunos, para que esses alunos um dia se tornem professores e sigam a mesma linha de raciocínio meu.
Como é sua aula voltada para o wrestler e para o lutador de M.M.A?
Meus treinos são voltados apenas para luta olímpica e suas regras de acordo com a FILA. Já para o lutador de MMA a luta olímpica é muito eficiente para trabalhar velocidade de raciocínio, força física, resistência, coordenação motora, disciplina, tática de raciocínio de combate e determinação para aplicar uma técnica e obter êxito...
Você pensa em competir no vale-tudo?
Não, minha meta é passar esse conhecimento para meus alunos e lutadores interessados em conhecer a luta olímpica.
Qual foi o motivo de sua derrota nos Jogos Pan-Americanos do Rio 2007?
Eu não me considero nunca um derrotado, pois, os títulos que conquistei foi por minha determinação e meu esforço em desenvolver a melhor e mais apurada técnica em luta olímpica. O fato de chegar a um Pan e disputar uma medalha já foi a maior vitória da minha vida. Mas o que importa é o conhecimento que carrego hoje... Apesar de todos os mestres que eu tive, com certeza o maior de todos os mestres foi a VIDA, só a vida é capaz de nos ensinar a verdade.
Com a atuação no Pan surgiram outros patrocinadores e melhorias nas condições de treino?
Não, os patrocinados não observam a luta olímpica como um bom empreendimento; com relação as condições de treino, eu sempre procuro treinar com meus alunos e amigos e quem mais estiver disposto a ajudar um atleta a treinar, eu realizo meus treinos normalmente no tatame da A.D São Caetano e também treino em um espaço na loja de suplementos de um parceiro (Derô), a Max
Muscle em São Caetano.
Durante cinco anos consecutivos você foi campeão brasileiro. Como fez para conquistar esse lugar e manter-se nele?
Através de muita determinação, treinos extensivos, treinos intensivos, treinos explosivos, treinos técnicos e treinos táticos.
O que falta para disputar uma olimpíada?
Como todos os esportes do Brasil, falta mais empenho das federações em desenvolver projetos que beneficiam não somente os atletas, mas também seus técnicos.
No passado você teve de largar o curso de fisioterapia, pretende voltar? Qual a importância do ensino universitário para um wrestler?
Pretendo voltar a estudar não sei se fisioterapia ou talvez outro curso em outra área. Mas a importância do ensino universitário para qualquer atleta é fundamental, pois no futuro toda experiência e bagagem profissional é importante.
Como veio a decisão de se aposentar?
Simplesmente me aposentei.
Foto: Arquivo Pessoal