domingo, 26 de setembro de 2010

Entrevista Breno Macedo

Marcos Macedo, Breno Macedo (Centro) e Leo / Arquivo Pessoal

Breno Macedo assim como Éder Jofre teve como berço o ringue de boxe, seu pai Marcos Macedo é um respeitado treinador em Rio Claro, interior de São Paulo. O jovem treina boxe amador no Centro Olímpico Mané Garrincha com Messias Gomes. Tendo o auxílio de ambos os mestres conquistou ano passado o Luvas de Ouro como Meio-Pesado (até 81kg).

Sua categoria original é a de peso-médio (75 kg) e busca novamente o título. Em conjunto com suas atividades no ringue cursa História na universidade e pretende realizar um estudo acadêmico sobre a nobre arte. Em entrevista ao Córner do Leão conta a necessidade de ensino aos pugilismo e denuncia a falta de apoio de dirigentes para sua participação em um importante torneio universitário internacional.

Você é campeão do Luvas de Ouro? Como pretende manter o título?

Fui campeão do Luvas de Ouro em uma categoria acima da minha (meio-pesado) e agora estou na disputa para o Paulista no meu peso original.

O Luvas abre portas para o pugilista nacional?

Os campeonatos da Federação paulista são muito valorizados no cenário nacional. Tanto o Luvas de Ouro quanto o Paulista, até mesmo a Forja de Campeões são campeonatos que dão um retorno muito grande aos atletas em termos de visibilidade. Há uma certa “mística” com os campeonatos realizados pela federação Paulista, talvez pela tradição e por sabermos que os grandes nomes do pugilismo nacional passaram por eles.

Seu pai é técnico de pugilismo. Ele influenciou na sua escolha?

Com certeza. Meu pai é um dos meus maiores incentivadores. Foi com ele que eu comecei a treinar, ainda como uma brincadeira, e por causa dele peguei gosto pelo Boxe. Quando era pequeno, ele levava eu em meu irmão ao Centro Olímpico ver os treinos, assistimos inúmeras finais de campeonatos com ele no Baby Barioni, por isso posso dizer que nasci no meio do Boxe.

Tendo pai técnico, porque treina com Messias Gomes?

A academia da minha família fica em Rio Caro, mas estou estudando em São Paulo e durante a semana treino aqui na Capital. Quando vim para a São Paulo, logo procurei o Centro Olímpico, pois tenho uma história com a academia e sabia que era um dos melhores lugares para meu treinamento. Mas mesmo assim continuo treinando com meu pai e meu irmão, em Rio Claro, aos finais de semana.

Como são os treinos com Messias?

Definitivamente, Messias é um dos melhores treinadores de Boxe do Brasil. Os detalhes que nos passa durante os treinamentos são essenciais para nossa evolução. Ele nos passa uma ideia do Boxe como uma coisa inteligente, onde a tática é muito importante. Quando vamos subir ao ringue ele sempre nos fala: “inteligência, campeão!”, ao invés de nos dizer : “vai lá e acaba com ele!”, como outros treinadores costumam dizer.

Você faz curso universitário. Projeta seu futuro com um diploma ou nos ringues?

Ao entrar na faculdade sabia que teria que fazer a escolha entre o Boxe e os estudos um dia. Até agora (estou no segundo ano) estou conseguindo conciliar os treinamentos e competições com as provas e trabalhos do meu curso. Estou cursando História, e tenho planos de fazer uma pesquisa relacionada ao Boxe, pois não há um trabalho científico sobre o tema no Brasil. Mas de qualquer forma, minha vivência no Boxe já marcou minha vida para sempre.

Acredita que pugilistas deveriam receber bolsas em universidades?

Infelizmente não há no Brasil a tradição de esportes universitários. O Boxe é mais fraco ainda neste segmento. Em outubro, teremos o 3º Mundial de Boxe Universitário na Mongólia, competição que o Brasil nunca participou. Eu mesmo tentei participar, mas a Confederação Brasileira de Boxe negou minha inscrição, apesar da insistência dos meus técnicos e o fato de que a CBBoxe não teria que gastar nenhum centavo com minha participação. Se os próprios dirigentes não apoiam o Boxe no segmento universitário, fica difícil. Porém, seria muito bom se as universidades começassem a olhar para o boxe com mais carinho, dando mais oportunidades à seus atletas.

E aqueles que não concluíram o ensino médio?

É uma pena ver que á tantos pugilista que largam os estudos sem ao menos concluir o ensino fundamental. Meus treinadores, Marcos Macedo e Messias Gomes sempre dizem a seus atletas a importância de estudar, uma vez que o Boxe não dura para sempre.

Breno Macedo em uma de suas vitórias / Arquivo Pessoal

Lutas de Breno Macedo