sábado, 1 de janeiro de 2011

O peso de Battisti, Lara e Rigondeaux

Cesare Battistti (esq)., Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux (dir.) / (FotoMontagem: Gamma / Other Images e EFE)

A não extradição do ativista de extrema-esquerda italiano Cesare Battisti no último dia do governo Lula mostrou que na política internacional existem medidas (e pesos) diferentes conforme os envolvidos. Em 2007, os pugilistas cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux tentaram fugir da competição, mas foram enviados agilmente pelo governo federal para a ilha dos irmãos Fidel e Raul Castro.

Battisti participou na década de 1970 do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, conhecido como PAC – irônica coincidência, esta é a sigla que determina a bandeira do governo Dilma, Programa de Aceleração do Crescimento.

Battisti foi preso em solo brasileiro em uma ação nas quais trabalharam as polícias locais e francesa, em março de 2007. O então ministro do Interior e candidato a presidência da França, Nicolas Sarkozy explorou o feito de seus agentes na prisão do escritor e ex-terrorista em sua campanha eleitoral.

Conforme matéria da revista Época da Editora Globo, a primeira-dama francesa, Carla Bruni e sua irmã a atriz Valeria Bruni Tedeschi, italianas de nascimento, fizeram lobby para que Battisti não fosse devolvido ao governo italiano, país no qual fora condenado à prisão perpétua por 4 assassinatos.

Também atuou nesse lobby a intelectual e escritora francesa Fred Vargas que conversou com autoridades brasileiras próximas ao ex-presidente Lula, segundo a matéria. Um dos principais responsáveis pela permanência de Battisti, foi o então ministro da Justiça e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, também do Partido dos Trabalhadores.

Os boxeadores cubanos bicampeões mundiais Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux foram devolvidos durante a meia-noite de sábado, 4 de agosto de 2007, à jato para os domínios de Fidel Castro.

O voo foi num jato executivo privado registrado na Venezuela, país para o qual presta serviços, segundo texto da Isto É. Na tripulação estava o agente do governo venezuelano e cubano - além dos atletas.


"Olha pros neguinhos"


Os pugilistas não tinham uma primeira-dama influente de um país desenvolvido fazendo seu lobby, mas sim, um chefe de estado (Hugo Chávez) aliado aos interesses de Fidel. O ministro Genro não poupou ambos e os devolveu a Cuba. Sua situação lembra o refrão da música "Olha pros neguinhos" de MC Xará.

O senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP) e o ex-bicampeão mundial de pugilismo profissional e ex-vereador de São Paulo Éder Jofre, enviaram uma carta a Fidel pedindo clemência no tratamento aos pugilistas, Miriam Lara, mulher de Erislandy avisou a Suplicy que a família preferia ficar calada para que ninguém os acusasse de “traidores da revolução”.

A não extradição de Battisti é o último ato da ópera de Lula que será ofuscado na memória do povo com sua despedida do poder. Por outro lado, Lara e Rigondeaux conseguiram fugir da ilha-prisão, hoje seguem carreira no profissionalismo e são apontados como prospectos com chances mundialistas reais, mas não graça a justiça brasileira.