Pacquiao em ritmo de festa
Presidente parabeniza boxeador
Os filipinos gritam por um herói, um que já foi padeiro e pedreiro e essa figura está em Manny Pacquiao que nesta quarta-feira teve uma recepção digna de campeão ao retornar para sua terra natal, mesmo tendo lutado sem um título na disputa, a maior coroa foi o nocaute técnico por abandono do seu maior e mais renomado adversário, Oscar De La Hoya, o Golden Boy, superado neste sábado em Las Vegas no MGM Grand.
O lutador, melhor da atualidade independente de peso, foi recebido pela presidente das Filipinas Gloria Macapagal Arroyo em sua residência oficial com bolo de luva de boxe e transmissão pelas emissoras de TV locais. Ao contar como superou o rival em oito assaltos em uma apresentação soberba a estadista ensaiava socos no ar.
Pacquio de 29 anos se tornou um ícone para 90 milhões de habitantes de sua nação que vivem com menos de um dólar por dia. O PIB (Produto Interno Bruto) do país é de US$ 409.445 milhões, enquanto o Brasil tem US$ 1.835 trilhão e os Estados Unidos apresentam US$ 14.020 trilhões. Os dados são de 2007.
“Minha vitória é a vitória de todos. Sei que todos rezaram por mim e ficaram nervosos durante a luta” declarou o campeão do povo que planeja férias com sua esposa que está grávida a espera do quarto filho dele e o aguarda nos E.U.A.
A luta contra De La Hoya foi marcada por uma escolha do Golden Boy de um adversário que o favorecesse pelo ranqueamento, mas que ele também acreditou não lhe ser uma grande ameaça por ser baixo e mais leve. Enganou-se o lutador-cantor e acabou sua carreira em uma apresentação apática dominado em uma cena que parecia o garoto franzino batendo no valentão da escola durante o recreio.
O filipino completa 30 anos dia 17 e descarta se afastar do ringue na hora certa – ao contrário do que fez seu último oponente – “Boxe é diferente, não é para viver disso”, avalia o melhor da atualidade.
Fonte: Agências Internacionais
O uso político dos pugilistas
Em seu livro O Homem Cinderela, o jornalista Jeremy Schaap cita que os campeões dos peso-pesados já foram mais conhecidos pelo povo do que presidentes, na biografia de Muhammad Ali de David Remnick, Floyd Patterson conversa com o presidente John F. Kennedy antes de enfrentar o perigoso Sonny Liston. O chefe de estado americano via no esportista uma forma de manter os valores e moral de seu povo naquele que era tido como um dos homens mais poderosos do mundo no imaginário das pessoas, o campeão de boxe.
Éder Jofre na década de 70 da século passado entregou uma de suas luvas para o presidente Garrastazu Médici durante o período ditatorial. O atleta fez o ato contrariado como relatado em sua biografia O Galo de Ouro de Henrique Mateucci, mesmo porque sua família tem origem no proletariado, enquanto, o governo militar reprimiu esse setor da sociedade. Outro caso na política brasileira foi o apóio dado pelo então deputado Jânio Quadros, o vassourinha, para o meio-pesado, Luiz Ignácio, o Luizão, primeiro medalhista Pan-Americano feito conquistado nos Jogos do México em 1955.
A ação de Gloria Macapagal Arroyo tem cunho político, tenta promover a sua imagem ao ligá-la a um atleta de sucesso que serve como ídolo em sua nação, mas não deixou de fazer a coisa certa já que o pequeno-grande lutador defendeu as cores de seu país em terras estrangeiras. Por sua vez Pac-Man agiu de maneira correta ao receber a homenagem merecida, nações carecem da imagem do herói. A brasileira, por exemplo, não encontra mais identificação com os jogadores da seleção-internacional de futebol e busca nos atletas de seus clubes prediletos essas figuras fragmentando cada vez mais o povo em agremiações esportistas bairristas.
Fotos da festa de Pacquiao nas Filipinas