segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Entrevista com Adailton dos Santos

Adailton dos Santos / (foto: reprodução)

O médio-ligeiro (69,9 kg) paulistano Adailton dos Santos é uma figura popular no bairro de Itaquera, zona leste de São Paulo. Em suas apresentações no Club Elite é perceptível a identificação do público com o rapaz. Em sua terceira luta já era campeão brasileiro pela Associação Nacional de Boxe (ANB) de Adimilson Vasconcelos da Cruz, o "Pai Lalá".

Nos eventos que participa é comum ver apresentações de rap e o atleta tem amizade com os respeitados rappers Mano Brown dos Racionais MC's e Dexter. Em Entrevista ao Córner do Leão Dos Santos (4-2-0, 4 KO's) fala de seu começo no pugilismo a perda da mãe, a última batalha que terminou em derrota na Bolívia e sua relação com o ritmo musical daqueles que assim como ele buscam sua voz e espaço na sociedade.


Por onde e como você conheceu o pugilismo?

Foi no Viaduto Alcântara Machado na Moóca com o Nilson Garrido*.

Tem passagem pelo amador? 

Tive oito lutas amadoras

No BoxRec figura que você estreou em 2005 e só voltou a lutar como profissional em 2011. Ao que se deve todos esses anos afastados?

Foi falta de apoio para poder continuar lutando e muitas coisas aconteceram comigo, por exemplo a perda de minha mãe, muitas outras responsabilidades que tive que arcar, mas mesmo assim continuei treinando firme e forte sem desistir, e detalhe como muitas pessoas sabem: o Brasil não investe no boxe nacional e sem patrocínio não se chega muito longe.

"...  o rap só fala realidade isso que nos faz acreditar em nossos objetivos e como fala nossos parceiros do rap, que nem preciso dizer todos os nomes, eles somam com os periféricos para dar um passo para realidade".

Com apenas 3 lutas e 2 vitórias disputou o cinturão nacional da ANB. Considera que foi uma subida rápida?

Sim, porque nem importa a quantidade de lutas, mas sim a disposição para lutar com qualquer um, e em qualquer lugar.

Em seu último combate, julho deste ano, encarou o experiente Franklin Mamani da Bolívia. Quem foi o agente que o levou para esta luta?

Adimilson Vasconcelos (da Cruz).

Mamani o nocauteou no 1º round. Foi a diferença de experiência que levou a este resultado ou existe outra explicação?

Vou falar a verdade ele nem bate forte, mas sim a altitude que levou a esse resultado. Porém desafiei ele para vir ao brasil em televisão boliviana, não importa a quantidade de luta dele, mas ele não é macho para lutar no brasil e se vocês forem ver vão ver que as duas lutas que ele perdeu foram fora de casa, e não foi nocaute, o juiz que parou a luta, eu fiquei sem respiração.

Nos eventos que luta em São Paulo, no bairro de Itaquera há apresentações de rap com nomes como Dexter e Mano Brown. O que você acha da relação entre o rap e o boxe?

Sim tem tudo a ver, pois é que o rap só fala realidade isso que nos faz acreditar em nossos objetivos e como fala nossos parceiros do rap, que nem preciso dizer todos os nomes, eles somam com os periféricos para dar um passo para realidade.

Mano Brown (esq.), Adailton dos Santos (centro) e Dexter (dir.) / (foto: arquivo pessoal)

*Nilson Garrido é conhecido por manter academia embaixo de viadutos paulistanos e realizar por meio de boxe e atividades culturais resgate de excluídos sociais. O projeto já foi indicado à prêmios no Brasil e Alemanha.