terça-feira, 15 de maio de 2012

Entrevista com Frans Botha

Frans Botha / (Foto: divulgação)

Uma das figuras mais carismáticas do boxe e respeitado nos ringues pela forte pegada e vontade de lutar, o veterano sul-africano François "White Buffalo" Botha, 43, já dividiu o quadrilátero com alguns dos maiores pesos-pesados da história como Mike Tyson, Evander Holyfield, Wladimir Klitschko, Lennox Lewis e Michael Moorer além de disputas mundialistas pelas grandes entidades do esporte.

O regime de segregação racial do Apartheid da África do Sul o impediu de entrar nos Jogos Olímpicos. Em entrevista ao Córner do Leão, Frans Botha, o "Bufalo Branco", fala de questões político-raciais, suas grandes batalhas na nobre arte e a vontade de combater no Brasil.

O que pode dizer do seu início no boxe?

Eu tinha 6 anos de idade e nunca pensava na minha vida que um dia me tornaria boxeador e até mesmo campeão do mundo*.

O boxe tem portas abertas para pessoas de diferentes origens, raças, grupos étnicos e classes sociais. O seu país passou pela política do Apartheid e o presidente Nelson Mandela foi peça chave para encerrar este sistema além de ser grande fã de boxe e ex-pugilista amador. Você pode descrever a relação entre o boxe e a sociedade sul-africana?

Como você colocou o boxe não vê cor e permite aos lutadores alcançarem seus sonhos. O Apartheid foi algo muito estúpido e errado, pois nos tirava a liberdade de sermos o que podíamos ser. Primeiro, não podíamos competir nos Jogos Olímpicos, me imagino ganhando o ouro ou até mesmo uma medalha de bronze e minha bolsa na primeira luta seria US$ 100 mil ao invés de (US$) 100.

Hoje você tem 43 anos. Como se sente seguindo boxeando com esta idade?

Eu creio que nós pesados envelhecemos menos com o tempo do que pugilistas mais leves, ainda me sinto bem e creio que posso dar uma surra nesses que se chamam campeões dos pesados.

Frans Botha colocando perucas sobre imagens dos irmãos Vitali e Wladimir Klitschko, atuais campeões de boxe / (Foto: Arquivo Pessoal - Facebook)

Você recentemente combate Evander Holyfield, Michael Grant e Carlos Takam. Sofreu alguma lesão nestes encontros?

Sinceramente não, exceto minha mão direita, mas posso dizer que nenhum desses pugilistas, menos Takam com o qual eu realmente não estava em condições de combater e me evitou, é o mesmo depois de lutar comigo. Tyson, Holyfield, Michael Moorer e Michael Grant apanharam muito e estavam atrás na pontuação então tiveram sorte e me pegaram de repente.

No passado o presidente da World Boxing Federation** (Federação Mundial de Boxe), Howard Goldber, pensou em colocá-lo no ringue com Raphael Zumbano "Love". O que pensa deste embate se acontecesse?

Pode ser uma boa luta se rolar. Falei com o Zumbano antes e me pareceu um cara legal, mas infelizmente não há vez para caras legais quando soa o gongo e o Bufalo Branco passar por cima dele, estou treinando e vou estar mais esguio e em forma e mais cruel em meu retorno.


"Será ótimo ir e mostrar o meu atropelo sobre o herói pugilista do Brasil, Zumbano"

Você já cogitou lutar no Brasil?

Tenho amigos do Brasil vivendo na África do Sul e eles voltam para visitar o país. Será ótimo ir e mostrar o meu atropelo sobre o herói pugilista do Brasil, Zumbano. Se ele puder passar pelo Bufalo Branco terá coisas maiores em sua trilha, mas o Bufalo Branco é mortal e certamente vai passar por cima e aposentar Zumbano.



* Botha foi campeão pela World Boxing Foundation (Fundação Mundial de Boxe), liga de 2ª grandeza, mas não pertencente ao grupo das quatro grandes composto por Federação Mundial de Boxe (FIB), Organização Mundial de Boxe (OMB), Associação Mundial de Boxe (AMB) e Conselho Mundial de Boxe (CMB).


** Entidade em ascensão conforme o site americano especializado em boxe EastsideBoxing e a mesma também trabalha na América Latina, inclusive Brasil.