Jackson Jr. (esq.) e Pedro Otas (dir.) / (Foto: QaaNaaQ Sports Marketing)
O Boxe nacional é visto como uma modalidade mambembe por diversos setores de nossa sociedade e de outros países. Como um maltrapilho que vive de antigas glorias, mas hoje curva a espinha com a mão estendida pedindo trocados.
Matérias jornalísticas na maior parte do tempo abordam o abandono do boxe que vem ocorrendo há mais de uma década, e quando falam das atletas focam nas belas – ou ditas belas – esquecendo outras complexidades do universo feminino, principalmente dessas lutadoras. São poucos os casos nas últimas décadas que fugiram dessas infames regras. Há matérias sérias que expõem estes lados citaods acima, mas alguns setores da mídia não lucram com a pobreza alheia expõem pelo viés da sexualidade.
O embate entre Pedro Otas e Jackson Jr. de amanhã (02/08) traz um novo ar para o pugilismo nacional, algo que os argentinos fazem há muito tempo, mas aqui poucos tem coragem de fazer – o que em parte se justifica pelas baixas bolsas – colocar conterrâneos no mesmo ringue em uma apresentação oficial e não num sparring.
Observando o cartel de argentinos é possível ver que eles quando lutam entre si se desenvolvem mais do que quando lutam com sul-americanos e atletas de outros países de menor tradição no esporte. Não que os outros países são piores por uma questão geográfica, mas a República Platina é um dos melhores celeros do mundo, e os melhores entre si apenas desenvolvem seus atletas.
Nos tempos dos Zumbanos, Paulo Sacomã, Milton Rosa, Paulo de Jesus, Peter Johnson e outros, os ginásios do Pacaembú e Ibirapuera viviam cheios e estes homens eram as estrelas de sua época. Os ginásios de hoje são sujos e os brasileiros boxeadores são praticamente invisíveis para a sociedade.
A ação de Jackson Jr. e Otas, que não traz animosidade entre as partes, mas uma disputa para saber quem é o melhor, segue o modelo argentino e faz com que isso fortalece o currículo de ambos, pois independente de vitória ou derrota as portas de combates maiores serão abertos, cabe descobrir se a mentalidade da “comunidade” do boxe brasileiro acompanha esses vanguardistas gladiadores.