João Cardoso de Oliveira / (Foto: Divulgação)
Nos anos 1990 a emissora Band
teve um crescimento chamativo na cobertura de boxe tendo como estrela principal
Adilson “Maguila” Rodrigues. Neste elenco também esteve João Cardoso que tinha
suas lutas transmitidas em cadeia nacional e chegou à disputar o cinturão
mundial dos galos da Organização Mundial de Boxe.
O ex-pugilista tem um cartel de
20 vitórias, 13 nocautes e 6 derrotas e em entrevista revela sua rotina de
professor de boxe em uma academia de ponta na capital paulista assim como
também fala do problema de saúde que o levou aos ringues e posteriormente o
início no profissionalismo.
O que o levou a pratica de boxe e
posteriormente a sua estreia como profissional?
Sempre tive problemas respiratórios
na infância e de alguma forma sabia que a atividade física seria o caminho para
minha melhora ao mesmo tempo ouvia falar muito de Éder Jofre e Miguel de Oliveira,
campeões do mundo. Pratiquei caratê como defesa pessoal e por meio de um amigo
iniciei no boxe com duas intenções, melhora da condição cardiorespiratória e
autoconfiança. Fui muito bem recebido na academia BCN por Ralph Zumbano e Sidnei
Ubeda e os atletas da época Mario Sérgio, Wilson, (Peter) Venâncio entre outros.
O ingresso no profissionalismo se
deu aos meus 26 anos. Naquela época na Pirelli e estava em dúvida entre parar,
sabia que minha condição de campeão amador era questão de tempo e na Pirelli só
havia lugar para os melhores na condição de atleta adotado logo vi no boxe
profissional a oportunidade e a chance de seguir tentando uma melhor condição
financeira, afinal trabalhar sem ter na época uma profissão seria começar do
zero.
Tendo sido peso galo, categoria
na qual se consagrou Éder Jofre, você sentiu algum tipo de pressão ou
comparação com o Galo de Ouro?
Nunca
houve nenhuma pressão e a comparação seria injusta, pois lutamos em épocas
diferentes e eu lutei com a guarda invertida pois sou canhoto.
Como foi o trajeto que o levou à
disputar o cinturão supergalo da Associação Mundial de Boxe contra Luis Mendoza
na Espanha em 1991?
Havia
feito uma sequencia de lutas através da TV Bandeirantes e perdi a oportunidade
de lutar o titulo mundial da Organização Mundial aqui no Brasil em 1989,
tive problemas em encerrar o contrato que tinha com a Luqui propagandas que
organizava as lutas no Show do Esporte, após o rompimento do contrato surgiu a
oportunidade de ir aos Estados Unidos e lá que as coisas acontecem.
Depois de Mendoza seu cartel
altera em vitórias e derrotas. O que justifica estes resultados?
Tendo
disputado o campeonato mundial e retornado ao Brasil mantinha ainda a esperança
de uma segunda chance. A grande dificuldade ainda hoje são a realizações de
eventos pugilísticos. Tive a oportunidade de defender o campeonato brasileiro
que estava em meu poder e desafiei o campeão sul americano da categoria o
argentino Roberto Moran em Hernando, Córdoba na Argentina para conseguir uma
segunda chance. (Cardoso perdeu o combate para Moran em 1993)
Tendo visto os pontos alto e o
baixo da carreira de pugilista como avalia as duas posições?
O boxe
Brasileiro carece de eventos de qualidade nós temos material humano o que não
temos é um trabalho sério visando dar condições reais de disputas em igualdade
de condições.
Em sua avaliação como observa o
trabalho dos empresários e dirigentes de boxe do Brasil?
Penso que
fazem muito pouco tendo em vista o investimento com o qual trabalham e talvez
não haja recursos.
Fale um pouco da rotina de
professor de boxe:
Às vezes sinto vontade de treinar atletas para competir, mas na Cia. Athletica só trabalhamos com esporte recreativo de acordo com a denominação de Miguel de Oliveira. Penso também que no Brasil há pessoas capacitadas para se fazer um bom trabalho visando reconhecimento mundial, porém os investimentos são escassos.