terça-feira, 25 de outubro de 2011

Entrevista com João Cardoso


 João Cardoso de Oliveira / (Foto: Divulgação)
Nos anos 1990 a emissora Band teve um crescimento chamativo na cobertura de boxe tendo como estrela principal Adilson “Maguila” Rodrigues. Neste elenco também esteve João Cardoso que tinha suas lutas transmitidas em cadeia nacional e chegou à disputar o cinturão mundial dos galos da Organização Mundial de Boxe.

O ex-pugilista tem um cartel de 20 vitórias, 13 nocautes e 6 derrotas e em entrevista revela sua rotina de professor de boxe em uma academia de ponta na capital paulista assim como também fala do problema de saúde que o levou aos ringues e posteriormente o início no profissionalismo.

O que o levou a pratica de boxe e posteriormente a sua estreia como profissional?

Sempre tive problemas respiratórios na infância e de alguma forma sabia que a atividade física seria o caminho para minha melhora ao mesmo tempo ouvia falar muito de Éder Jofre e Miguel de Oliveira, campeões do mundo. Pratiquei caratê como defesa pessoal e por meio de um amigo iniciei no boxe com duas intenções, melhora da condição cardiorespiratória e autoconfiança. Fui muito bem recebido na academia BCN por Ralph Zumbano e Sidnei Ubeda e os atletas da época Mario Sérgio, Wilson, (Peter) Venâncio entre outros.
O ingresso no profissionalismo se deu aos meus 26 anos. Naquela época na Pirelli e estava em dúvida entre parar, sabia que minha condição de campeão amador era questão de tempo e na Pirelli só havia lugar para os melhores na condição de atleta adotado logo vi no boxe profissional a oportunidade e a chance de seguir tentando uma melhor condição financeira, afinal trabalhar sem ter na época uma profissão seria começar do zero.
Tendo sido peso galo, categoria na qual se consagrou Éder Jofre, você sentiu algum tipo de pressão ou comparação com o Galo de Ouro?

Nunca houve nenhuma pressão e a comparação seria injusta, pois lutamos em épocas diferentes e eu lutei com a guarda invertida pois sou canhoto.

Como foi o trajeto que o levou à disputar o cinturão supergalo da Associação Mundial de Boxe contra Luis Mendoza na Espanha em 1991?

Havia feito uma sequencia de lutas através da TV Bandeirantes e perdi a oportunidade de lutar o titulo mundial da Organização Mundial aqui no Brasil em 1989, tive problemas em encerrar o contrato que tinha com a Luqui propagandas que organizava as lutas no Show do Esporte, após o rompimento do contrato surgiu a oportunidade de ir aos Estados Unidos e lá que as coisas acontecem.

Depois de Mendoza seu cartel altera em vitórias e derrotas. O que justifica estes resultados?

Tendo disputado o campeonato mundial e retornado ao Brasil mantinha ainda a esperança de uma segunda chance. A grande dificuldade ainda hoje são a realizações de eventos pugilísticos. Tive a oportunidade de defender o campeonato brasileiro que estava em meu poder e desafiei o campeão sul americano da categoria o argentino Roberto Moran em Hernando, Córdoba na Argentina para conseguir uma segunda chance. (Cardoso perdeu o combate para Moran em 1993)

Tendo visto os pontos alto e o baixo da carreira de pugilista como avalia as duas posições?

O boxe Brasileiro carece de eventos de qualidade nós temos material humano o que não temos é um trabalho sério visando dar condições reais de disputas em igualdade de condições.

Em sua avaliação como observa o trabalho dos empresários e dirigentes de boxe do Brasil?

Penso que fazem muito pouco tendo em vista o investimento com o qual trabalham e talvez não haja recursos.

Fale um pouco da rotina de professor de boxe:

Às vezes sinto vontade de treinar atletas para competir, mas na Cia. Athletica só trabalhamos com esporte recreativo de acordo com a denominação de Miguel de Oliveira. Penso também que no Brasil há pessoas capacitadas para se fazer um bom trabalho visando reconhecimento mundial, porém os investimentos são escassos.