segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Entrevista com Sergio "Maravilla" Martínez

Sergio "Maravilla" Martínez / (foto: reprodução)

Sergio Gabriel "Maravilla" Martínez, 37, é considerado pela Ring Magazine o melhor peso médio (72,6 kg) da atualidade mesmo não possuindo cinturão no momento. O argentino foi campeão supermeio-médio (69,9 kg) do Conselho Mundial de Boxe (CMB) e rei dos médios pelo CMB e Organização Mundial de Boxe (OMB).

Em 2010, foi laureado "Lutador do Ano" pela Ring Magazine. Além das conquistas no ringue, o lutador latino é porta-voz de campanhas contra o bullying (assédio moral) e ajuda crianças carentes do mundo todo, o mesmo vem de uma infância pobre na Argentina.

Antes de brilhar no boxe foi garoto propaganda de empresas como Nike e Adidas, mendigo, bailarino Martínez (49-2-2, 28 KO's) e teve de deixar seu país pela Espanha junto a mulher por conta da crise econômica. Nesta entrevista ao Córner do Leão intermediada por sua equipe pelo e-mail fala destas questões e planos futuros.

Muhammad Ali afirma que o round mais longo de sua vida foi o terceiro contra George Foreman no combate do Zaire em 1974. Qual foi o seu assalto mais longo?

Hummm... Não poderia escolher apenas um assalto. O primeiro combate contra Richard Williams em Manchester (2003) foi um inferno. Fui à lona, me levantei e ganhei a luta. Tive de colocar o melhor de mim para obter o cinturão*. Pode escolher qualquer round daquele combate.

Éder Jofre considera que a luta com Joe Medel foi o ponto de virada em sua vida por quê depois lutou e conquistou o cinturão mundial dos galos (1960). Qual foi seu ponto de virada na carreira?

Volto a citar o combate na Inglaterra contra Richard Williams, esse foi meu ponto de virada. Naquele momento me dei conta que podia competir entre a elite, poderia vencer em qualquer país e qualquer rival. É um dos melhores momentos da minha vida e mudou minha maneira de pensar e competir. Depois, quando lutei pela primeira vez com Paul Williams (2009), também foi importante, porque aquele combate me fez conhecido ao fã americano e me abriu portas para lutar mais uma vez com Paul Williams. O que é curioso, é que às vezes derrotas são vitórias.

Crê que por ser argentino tem menos oportunidades no mundo do boxe que é comandado por mexicanos, americanos e europeus?

São negócios. Nos Estados Unidos há mais mexicanos do que argentinos, e o boxe é um esporte muito passional. As pessoas apoiam seus compatriotas mesmo sem gostar. Entendo isto, também tenho negócios agora e começo a compreender como tudo isto funciona. De toda forma creio que pouco a pouco todos começam a me respeitar e aceitar como igual.

Julio César Chávez Jr. é protegido por ser filho de uma legenda? 

Não creio que Chávez Jr. é protegido, mas sim que foi favorecido. Deveria ter me enfrentado há muito tempo. De certo modo também é uma vítima, pois o utilizaram para ganhar dinheiro. Só sei que ele não está me iludindo, mas a Top Rank não quer ouvir de mim desde que acabei com Kelly Pavlik.

Além de Chávez Jr. quem gostaria de enfrentar nos pesos médios?

Depois de Chávez tem que ser o Mayweather. Chávez é mais um passo, a luta que quero é com Mayweather. Gostaria de defender o cinturão dos médios com ele.

Hoje tem 37 anos. Quando pensa em deixar os ringues? Pensa em unificar os títulos?

Como lhe disse antes minha intenção é buscar a luta com Mayweather, quero ser o melhor quilo por quilo (pound-for-pound). Se nã conseguir este combate trataria de conseguir um outro cinturão, mas quero Floyd. Creio que ainda me sobrem dois à três anos de alto nível, espero que me deixem chegar ao ponto máximo e não se escondam como fizeram até agora.

Trabalha pelas crianças que sofrem bullying (assédio moral). Como são estes trabalhos?

Trato de lhes aconselhar e dar apoio emocional. Também sofri assédio moral na escola e sei o mal que pode causar. Eles têm de ser fortes e olhar sempre para a frente. É duro, mas pode se sair desta situação.

Sergio Martínez e Monique McClain / (foto: DiBella Entertainment)

No último ano o Conselho Mundial de Boxe (CMB) promoveu um encontro entre sua fã americana Monique McClain, estudante adolescente e você. Ainda mantém contato com a jovem Monique McClain?

Si, claro. Veio assistir meus combates com (Darren) Barker e (Mathew) Macklin, espero que este também em Las Vegas.

Argentina passa por dificuldades político-econômicas. As pessoas o têm como um herói e alguém para torcer em tempos duros. O que pode dizer disto?

Me dá muita pena ver a Argentina em momento tão frágil. Quando sai do país a crise era horrível, só tinha o que comer. Tive de ir para outro país e deixar minha família, e isto nunca é agradável. Agora a coisa está um pouco melhor, mas continua com grandes problemas. Mantenho atenção no que acontece ali e também em toda América Latina. Me alegra que os brasileiros comecem a melhorar sua situação, merecem, são um grande povo.