quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"tenho o respeito dos melhores do mundo e vou voltar com as duas mãos na próxima"


Antonio Mesquita / (Foto: Divulgação)


Antonio Mesquita, 39, é um pugilista brasileiro que saiu do país e se estabeleceu em Las Vegas, um dos centros do esporte de luvas no mundo. Um dos arquitetos da ida de Raphael Zumbano “Love” e Marcus “Ratinho” Vinícius de Oliveira para os E.U.A tendo o segundo assinado contrato com o empresário Don King.

Em entrevista ao Córner do Leão fala sobre sua derrota para Lamont Peterson, que se tornou campeão interino mundial e hoje é desafiante à duas coroas, e também das dificuldades que encarou no novo país. Mesquita (35-2-0, 27 KO’s) também fala de sua amizade com o pesado brasileiro Marcelino Novaes que reside na mesma região e sobre planos de voltar aos ringues.

Como foi aberta a porta para lutar nos ringues americanos?

As portas foram  abertas por meio das lutas que fizemos no México e também aqui nos E.U.A  com o empresário mexicano Nacho Hulsar e também com meu patrocinador da Memorial de Santos Pepe Alstut


"...é difícil ser igual ou ter seu carisma (Don King)" 


Muito se fala de Don King e muitos criticam seu caráter e personalidade. Como tem sido sua experiência com ele?

Muitos falam de Don King eu pelo menos na  época  que assinei com ele fiquei supreso porque já na estreia por ele disputei cinturão mundial contra Marcos Colley, portanto muitos amam a Don King, enquanto outros muitos falam besteira dele, enfim é uma maravilhosa  e seu filho Carlos King, a presidente de seu grupo Dana Madson e todas as pessoas que trabalham com o homem são respeitáveis e profissionais capacitados no que fazem por isso a maioria  dos campeões estão com o Don e digo que se ele fosse tão mal assim não teria ninguém. Todos promotores criticam uns aos outros, mas infelizmente no mundo do boxe é fácil falar do grande e popular Don King, porém é difícil ser igual ou ter seu carisma. Estou muito feliz de trabalhar e ter o Marcus “Speed” de Oliveira trabalhando com King assim como estou feliz por trazer outros brasileiros para se apresentar na América e trabalhar com o Don King, porém aviso que para vir lutar precisa do visto de trabalho (work visa) ou o P1, porque se o pugilista vir lutar aqui sem  com visto b1 ou b2 pode ser preso e pagar multa de até US$ 15 mil e quem estiver trazendo também pode ser processado e banido do país. Fiquei 3 anos aqui sem lutar por não ter o visto e perdi a chance de peitar o mexicano Antonio Margarito.

Sua primeira derrota se deu em 2008 por decisão unânime para Lamont Peterson, que hoje é um desafiante a cinturão. Como explica o ocorrido naquela noite?

Minha derrota pro Lamont foi porque estava morando na rua em meio de problemas financeiros e pessoais, então me ofereceram o combate com 2 semanas de antecedência para me apresentar com 64 kgs. Aceitei porque tinha que pagar minhas contas e não ficar na rua como mendigo. Muitos assistiram a luta e eu não tinha nada, perdi por pontos para um cara que depois veio a ser campeão mundial batendo Vitor Ortiz, numa luta que terminou para os jurados em empate, e Ortiz depois perdeu pro Floyd Mayweather Jr. Muitos me criticaram afirmando que eu mereci perder, e admito que mereci perder, mas o fiz com honra, não fiz feio como outros que vem aqui tomar coro perdendo feio. Não sou este tipo de lutador que fica no computador escolhendo adversário. Vou lá e luto. Se Mayweather, (Shane) Mosley, (Ricky) Hatton, (Ricardo) Mayorga, Canelo (Saul Álvarez), (Julio Cesar) Chavez Jr., se eles quiserem lutar comigo sou como meu amigo Marcelino Novaes, nós damos porrada em todo mundo. Na verdade o Lamont é bom lutador agora pergunta pro time dele se terei uma revanche na categoria 147 lbs (66,7 kg – meio-médio). Tem palhaço que me criticou no (site) Round 13 e pergunto se está disposto a vir aqui perder 15 kg em 2 semanas antes da luta e só essas semanas para treinar contra um cara que tem tudo aqui. Quero ver se esse cara perder de pé como eu. Fui pra luta sou o Mesquitinha e estou voltando ano que vem, perdi uma luta séria por lesão e passei por 3 cirúrgias no ombro esquerdo, enquanto, fiquei todo esse tempo lutando com apenas uma mão e mesmo assim tenho o respeito dos melhores do mundo e vou voltar com as duas mãos na próxima.

Muitos brasileiros deixam o país para perder e passear. Como o mercado exterior vê o Brasil?

Verdade, e isso ocorre porque tem uns “empresários” no Brasil que arrumam lutas fáceis demais com uns caras que dá vergonha de assistir. Falo que tem brasileiro que vem e toma pau já no sparring de peixe-pequeno. É algo que o Xuxa (técnico Edson Nascimento) e eu sempre falamos dos mortos daqui e os vivos do Brasil e ainda tem lutador que põe vídeo no youtube. Fui negociar um lutador aqui com o Don King, olharam o cartel e acharam bom, então quando viram o vídeo me perguntaram se eu estava louco em oferecer um pugilista de tão baixo nível. Aqui só estou apostando no Ratinho (Marcus Vinícius de Oliveira) que luta em dezembro e no (Raphael) Zumbano que sobe no ringue ano que vem.