segunda-feira, 12 de março de 2012

"...até ele (Patrick Teixeira) me enfrentar realmente em uma luta não terá um sono tranquilo"

Samir dos Santos / (Foto: Guga VW)

Na última terça-feira (06/03) os presentes no Conjunto Desportivo Baby Barioni assistiram Patrick Teixeira, 21, vencer com um avassalador nocaute técnico Samir Santos, 31, após quatro quedas e um round que durou aproximadamente quatro minutos, as regras são de três minutos.

Em entrevista respondida por e-mail ao Córner do Leão, Samir fala sobre o que ocorreu no ringue, uma possível revanche com Samir, o reencontro com o técnico Miguel de Oliveira e dispara contra seu desafeto Michael Oliveira e o deputado Acelino "Popó" Freitas.

Olhando com calma agora. Como você avalia seu combate com Patrick Teixeira?

Bom, me criei vendo lutas de boxe e foi o que fez eu me apaixonar por este esporte, vi grandes campeões que passaram por isto e como te falei descendo do ringue no dia da luta não vi a a luta... Houve um segundo de distração ou mesmo de bom momento do meu adversário onde soube colocar o melhor golpe para ter a definição de todo um combate, mas para te dizer o que aconteceu digo que fiquei frustrado da mesma forma em que vi grande nomes do boxe mundial passarem por isto e recentemente no MMA o grande ídolo Vitor Belfort foi surpreendido por um golpe inesperado de Anderson Silva que acabou com um trabalho inteiro e com certeza o que seria uma grande luta. Em todas estas situações sofri o mesmo tipo de frustração antes como espectador, mas naquele dia senti na pele.

Houve quatro quedas no primeiro round até o encerramento do embate. O número pode ser acertado entre os promotores, mas no exterior geralmente optam por 3 quedas. O que você diz sobre isto?
Sobre isto fomos avisados que seria desta forma com mais de três quedas nos rounds só dando o nocaute final ao final de uma contagem ou não podendo o lutador retornar, portanto estavamos cientes disto.

O jornalista Wilson Baldini, presente no evento, apontou que o round parece ter durado mais de 3 minutos e outros no local tiveram a mesma impressão. O que pode falar disto?

Bom, isto realmente pude ver e sentir em cima do ringue no decorrer do round, realmente estava um pouco zonzo, sem noção de distância por causa do golpe, mas noção de tempo é o que mais se tem nesta hora. Percebi que o round não acabava mais e que realmente se passaram bem mais que os três minutos do round e já houvi de algumas pessoas que estiveram presente que o round teria chegado perto dos quatro minutos e meio. O jornalista Wilson Baldini está acostumado e escreve sobre boxe há anos e tem a mesma noção de tempo de um round que um lutador, temos isto gravado por treinarmos à exaustão sobre o tempo de três minutos dos rounds e quando isto passa nem que for pouco é visivelmente notado ou pelo lutador ou por quem esta acostumado como é o caso de Wilson. E com certeza se fosse dado os tres minutos do round daria para voltar ao córner respirar e voltar para um segundo round com a casa organizada e aí sim poderiamos ter um combate com o resultado bem diferente.

"Michael é 'guri de apartamento',ele não desce para o campinho de terra para não se sujar" 

No Facebook seu técnico Paulo Lima declarou que houve uma conversa pessoal entre vocês e que devolveriam o "caroço enlatado" em uma revanche com direito a "devolver a promissória em mãos". Houve algo nos bastidores?
O que o Paulo disse assino embaixo, pois sou um lutador de enfrentar meus desafios e de sobre tudo subir no ringue para lutar, se por algum motivo, e veja bem deixar bem claro que não foi falta de técnica, a luta teve este desfecho,... Bom alguém vai sofrer o penâlti... Tenho um respeito não só a meu adversário Patrick e toda sua equipe assim como sempre tive aos meus adversários e não seria diferente, pois sou um profissional e sei diferenciar meu trabalho de rixas pessoais, mas o Patrick sabe e todos que lá estiveram e que me conhecem sabem que já fiz lutas duríssimas, e ano passado fiz 43 ronds de lutas duras dentro e fora do país e que esta luta com o Patrick não aconteceu, mesmo estando hoje no seu cartel, ele sabe que não me enfrentou numa luta e não provou que suportaria uma luta comigo até o fim. Por isto com certeza a revanche já é nosso pedido junto a equipe dele e ao seu empresário Edu Mello e que só depois dele lutar de verdade e sentir a patada do gaúcho poderá deitar a cabeça no travesseiro sem ficar incomodado pensando: "com este eu já lutei", até ele me enfrentar realmente em uma luta não terá um sono tranquilo.

Você é gaúcho e Patrick catarinense, dois estados com uma certa "rixa". Há rivalidades entre vocês dois?

De maneira alguma, mesmo porque tenho vários atletas amigos de Santa Catarina e quando resolvi que queria lutar sempre senti uma realização pessoal em minhas lutas. Sou bairrista, sou gaúcho de coração, mas o que faço no ringue é uma realização pessoal e não ponho bandeiras lá até porque tenho fãs e seguidores da minha carreira em todo Brasil e vários países que lutei.

Como foi a sensação de ter mais uma vez o técnico Miguel de Oliveira em seu córner?
Fico sem palavras para dizer a alegria que sinto toda vez que estou com o Miguel e que foi não só meu treinador mas como um pai para mim na temporada de 5 anos em que morei em São Paulo sob os treinamentos e ensinamentos dele e tê-lo mais uma vez junto a minha equipe no meu vestiário e no meu córner faz com que eu me torne um lutador realizado quanto a pessoas especiais que tenho ao meu lado.

Você vem desafiando Michael Oliveira nas redes sociais. Após esta derrota irá manter o desafio? Se vê em condições de desafiá-lo?

Como falei antes esta luta não credenciaria nem eu nem meu adversário a lutar com o Michael, se bem que posso arriscar a dizer que enfrentaria ele mesmo zonzo depois da minha luta, Michael é "guri de apartamento",ele não desce para o campinho de terra para não se sujar. Em outra entrevista antes da luta falei que vinha de uma temporada de 6 lutas duras sendo a última no mês de dezembro e que estava planejando voltar aos treinos a partir de fevereiro ou março para lutar em abril, não obstante aceitei a luta com Patrick e fui para a guerra, pois sou lutador de verdade, e não vejo a minha derrota como algo que me desqualifique para voltar a lutar seja com quem for pois sei do que sou feito

Agora ter que aceitar as últimas notícias de que o nosso "Menininho de Ouro" Michael que quer tanto "ajudar" o boxe brasileiro, vai lutar com o senhor ilustríssimo deputado federal Acelino Freitas, o "Popó", que foi eleito por brasileiros para representar o país, e fez fãs no Brasil e mundo inteiro e que a luta deles será no Uruguai... Deixa meu round com os 4 minutos e meio que tá tranquilo, mas isto eu já não aguento!


Vídeo de Samir Santos x Patrick Teixeira - cinturão AMB Fedecentro - (06/03):