quinta-feira, 14 de junho de 2012

Falece Luizão Wolfmann, ex-diretor do Carandiru

Sidnei Dal Rovere (esq.) e Luiz Wolfmann (dir.) / (Foto: Arquivo Pessoal)


Faleceu hoje em São Paulo, o ex-diretor do Carandiru, Luiz Camargo Wolfmann, mais conhecido como Luizão, tinha 80 anos de idade, em sua casa, no bairro do Tremembé em São Paulo. As informações são de sua esposa, Auta Aparecida Wolfmann, 59.

O corpo de Luizão está sendo velado na Fundação de Amparo ao Preso (FUNAP), na Vila Buarque, no centro da capital, a partir das 16h desta quinta. O velório será sexta-feira (amanhã) às 9h, quando o corpo será levado para o Crematório da Vila Alpina, em Vila Prudente.

Wolfmann sofria de câncer na próstata há dois anos, porém não quis ser tratado em um hospital e, conforme a assessoria de imprensa da Funap, ele preferiu permanecer em sua residência durante o período de tratamento. A reportagem da Agência Estado aponta que conforme sua viúva o tumor não foi a causa de óbito.

Conforme relatado pelo ex-pugilista, técnico e comentarista de boxe Sidnei Dal Rovere, Luizão treino com Aristides "Kid" Jofre, pai de Éder Jofre, sendo contemporâneo de Paulo Sacomã, Lúcio Inácio, Antônio "Tonico" Zumbano e Ralph Benedicto Zumbano.

Nos anos 1980 implantou o boxe para os detentos do Carandiru obtendo resultados satisfatórios na reabilitação dos mesmos, subia no ringue com eles e exclamava: "aqui não tem diretor e nem detento" e trocava golpes com todos.

Dal Rovere em seu relato lembra que quando um presidiário estava bêbado de "Maria Louca" (bebida produzida na penitenciária) e armado com estilete, Luizão entrava na cela para desarmar o sujeito. O ex-diretor também era faixa preta de judô.

A fotográfa e documentarista Maureen Bisiliat, o jornalista André Caramante, a atriz Sophia Bisilliat e o foto-jornalista João Wainer produziram o livro Aqui Dentro, páginas de uma memória: Carandiru (2003) de fotografias e relatos da extinta penitenciária.

As fotografias são cruas, assim como a realidade desses homens. Duas páginas falam sobre a vivência de Luiz Camargo Wolfmann, o Luizão, Diretor da Casa de Detenção Professor Flamíio Fávero (nome do Carandiru) durante 1980 à 1986 e abordam como o mesmo implantou o boxe:

Detento pratica boxe no Carandiru / Vídeo-Imagem de Maurren Bisilliat


“Aqui é o único lugar que você pode quebrar a cara do Diretor e não vai de castigo!”, era a forma que Luizão chama os detentos para entrarem nas aulas da nobre arte, ministradas pelo próprio. O diretor via no esporte uma forma de deixá-los menos agressivos e uma saída dos vícios.

Para os críticos ao esporte no recinto, Luizão respondia que nunca vira alguém assaltando banco apenas com os punhos, mas sim com metralhadoras. O advogado também tinha nesse trabalho um método de descobrir quem traficava internamente e os planos de fuga.

Chiquinho (esq.) e Luiz Wolfman ( / Vídeo Imagem Maurren Bisilliat

Fonte: Agência Estado e Veja.com