segunda-feira, 4 de junho de 2012

"Falta algo que eu espero sempre: reconhecimento do Brasil."



Rosilete dos Santos / (foto: Leilane Pereira / Olhar Fotografias)
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No próximo dia 29, a paranaense Rosilete dos Santos, 36, defende seu cinturão mundial da WIBA (Associação Internacional de Boxe Feminino) diante da uruguaia Maria Jose Nuñez em São José dos Pinhais no Paraná, cidade que a adotou.

Rosilete (26-5-0, 14 KO's) fala de sua preparação, do trabalho com o técnico Miguel de Oliveira, e do colega Negreti também dono de cinturão e assim como ela de pouco reconhecimento em seu próprio país.


Como está a preparação para a próxima defesa de cinturão?

Estou dedicando o máximo que meu corpo pode, minha preparadora física Bia Ramos diz que estou ótima, me sinto bem. Estou tendo como parceira de sparring a atleta Vanessa Guimarães de Curitiba, ela já lutou com a mexicana Ana Maria Torres e está me ajudando muito.


Quais são as principais alterações ao trabalhar com Miguel de Oliveira?

Técnica é a parte que mais trabalhamos, detalhes fazem a grande diferença. Miguel quer trabalhar minha técnica com segurança, para que eu saiba sempre o que estou fazendo no combate.

Na sua vitória sobre Paulina Cardona você sentiu o ombro. Como ele está agora?

Foi uma luxação simples, mas que de vez em quando sinto dor, nada assustador. Os treinos continuam e estou tranquila quanto ao meu ombro.

Quais argumentos a COPEL (Companhia Paranaense de Energia) utilizou para não prosseguir patrocinando você e sua equipe?

Quando voltamos à COPEL, o argumento que me passaram é que o patrocínio para atletas tinha sido terceirizado para a Secretaria de Esporte do Estado do Paraná e a Secretaria em nada me ajudou.

Há outros interessados em patrociná-la?

Sim, sempre tem, não tão fortes quanto a COPEL, mas tenho a ÓTV comigo que transmite as minhas lutas ao vivo e isso me ajuda com outros patrocinadores.

Você já superou Maria Jose Nuñez no passado. Acredita que ela venha com algo novo para este embate?

Com certeza ela vem confiante para ganhar de mim e levar meus cinturões para seu país (Uruguai), assim como eu revejo minha luta (com ela) para tentar corrigir erros. Acredito que para ganhar de mim tem que ser melhor do que da outra vez.

Entre as supermoscas, há os cinturões da AMB, FIB, OMB e CMB, entidades longevas no boxe. Pensa em lutar por estes títulos?

Hoje eu sou a única do Brasil entre homens e mulheres que está entre os cinco melhores colocados de três das grandes entidades. Sou segunda na FIB categoria galo, quarta no CMB entre os supermoscas e na AMB apareço como quinta entre os galos. No ranking do Boxrec supermosca sou quarta colocada. Tenho dois cinturões unificados, um da WPC* (Comissão Mundial de Pugilismo) e outro da WIBA (Associação Internacional de Boxe Feminino), maior entidade do boxe feminino.

Sou a única brasileira nascida no país campeã mundial e se me convidarem eu irei, pois vivo das lutas, mas já estou satisfeita com meus títulos, principalmente com o da WIBA que é uma grande entidade do boxe mundial.

Mesmo com um cinturão mundial o que lhe falta para uma exposição maior em território nacional?

Moro no Brasil, se morasse em outro país a história seria diferente. Nossa política é muito pobre em relação ao esporte, tem muita gente esperando uma chance para brilhar, porém falta algo que eu espero sempre: reconhecimento do Brasil.

Recentemente seu vizinho Adonísio Reges, o "Negreti" conquistou a cinta Internacional da AMB na Itália. O que esta vitória trouxe para o boxe nacional e paranaense?

Reconhecimento internacional, mas aqui dentro não trouxe nada, pois o que falta para mim, para ele falta muito mais, tem que ter alguém para ajudar esse nosso campeão. Eu estou feliz por ver um amigo com quem sempre treinei junto e que fez preliminares minhas hoje com um cinturão da AMB. Pena que o Brasil não sabe que duas de suas maiores conquistas no boxe atual estão no Paraná.

*World Pugilism Commission é uma entidade de 2º escalão do pugilismo