domingo, 5 de fevereiro de 2012

Jackson Jr. vence, mas não empolga

Jackson Jr. (esq.) e Ricardo Ramallo (dir.) / (Foto: Ivan Monticelli) 


Atleta não estava em um de seus melhores dias no ringue, porém seu jab melhorou

Em 2011, a vitória sobre Pedro Otas foi considerada a batalha do ano, porém na noite de sábado o meio-pesado Jackson "Demolidor" Jr., 26, não apresentou seu melhor boxe diante do aguerrido argentino Ricardo Ramallo, 28, original da categoria supermédio, o superando por decisão unânime em disputa na categoria meio-pesado (79,9 kg) no CarnaBoxe na quadra da escola de samba Nenê de Vila Matilde na capital paulista.

Ramallo (9-3-0, 8 KO's) apresentou boa esquiva e vontade de lutar, tanto que no 2º assalto já sangrava pelo nariz, mas continuava oferecendo combate para Jackson (11-0-0, 9 KO's) que soltou alguns golpes no ar durante o combate perdendo chances de sequências no estilo 1-2, entretanto seus jabs melhoraram e deformaram o rosto do rival.

Ramallo mostrou se apetite por combate e a força de Jackson e após o combate o argentino declarou: "sabia que era um pegador e eu tinha de passar dos 3 rounds para cansá-lo e golpeá-lo com jabs, no último round me sai melhor e se tivesse mais creio que poderia derrotá-lo, mas é uma satisfação lutar todos esses rounds com Jackson que é um pegador".

As papeletas apontaram 80-77, 79-75 e 77-76, o último round foi de Ramallo, mas Jackson apenas administrou o saldo, não foi uma luta fácil e em combates "até a distância", o brasileiro adquire maturidade. Seu olho direito terminou inchado.

"Não foi o Jackson que estamos acostumados a ver, mas estes eventos são bons para percebemos pontos a serem trabalhados", declarou Ivan Oliveira, o "Pitu", técnico de Jackson Jr. que conduz a carreira do atleta ao lado de seu pai, Servílio de Oliveira, único brasileiro com medalha olímpica no boxe, manager de Jackson Jr.

O Demolidor viu em Ramallo um "cara que surpreendeu por ser forte e humilde além de vir sozinho da argentina e que bate forte", mas reconhece: "não fiz o meu melhor". Jackson é o 30º do ranking mundial do Conselho Mundial de Boxe e com o resultado pode subir posições.

Rodada de nocautes rápidos e samba

O superleve (63,5 kg) Rafael Macktavisch (2-0-0, 2 KO's) não é um pugilista técnico, mas violento e finalizou com um nocaute técnico no 2º assalto a disputa com Felipe dos Anjos Matos (2-3-0, 1 KO) tendo dominado o primeiro assalto.

Um "toma lá da cá" coordenou a ação do provocador Daniel Saboia (8-3-1, 3 KO's) e Sergio Lázaro na categoria dos super meio-médios (69,9 kg), Lázaro enviou nos primeiros segundos Saboia ao solo que devolveu o "favor" e ainda fez provocações no seu estilo showman, e depois o enviou por definitivo à lona.

Hamilton Vieira é conhecido como "Geladeira" (5-0-0, 5 KO's) por ter esmurrado uma em seus treinos, mas Roberto Martins parece ter encontrado o que havia nela antes, sua barriga saliente era um convite aos golpes do rival, mas boxe não é um concurso de fisiculturismo, tanto que George Foreman era bem "gordinho" quando obteve seu segundo cinturão, e Martins (18-19-1, 14 KO's) foi um duro adversário para um jovem Lino Barros em início de carreira, sabe boxear. Caiu com um nocaute técnico diante de Geladeira no 2º assalto, mas apesar do fim precoce foi combativo e aplaudido pelo vencedor.

Os galos (53,5 kg) Nelson Santos (0-10-1) e Gilliarde Paulino (8-0-0, 5 KO's) fizeram luta parelha que foi "até a distância" de 6 rounds. Santos tem esquiva e sabe boxear, mas em alguns momentos cabeceou Gilliard. A luta foi muito psicológica com ambos se provocando, e Gilliarde em alguns momentos esqueceu sua boa esquiva entrou no jogo de Santos e foi trocar golpes, entretanto a vitória lhe veio por decisão unânime. Santos foi um adversário bom que o fez crescer. No o vencedor foi erguido pelos membros da comunidade que são seus vizinhos.

Douglas Ataíde (4-0-0, 2 KO's) bateu por nocaute no 1º round o forte, mas sem técnica Donizete que substituiu Willian Parzino anunciado no card. Donizete disparou golpes antes mesmo de se aproximar de Douglas e até o acertou com força, mas o pupilo de Cido no Guarani o pegou com socos precisos levando-o ao chão e faturando por nocaute. Donizete é forte, corajoso e tem bom físico, precisa de maior preparo. Já Douglas Ataíde enfrenta dificuldades em encontrar pessoas dispostas a subir no ringue com ele.

Foi feito um minuto de silêncio em memória ao árbitro Adriano Carollo e ao ex-pugilista Milton Rosa. Foram homenageados no ringue o técnico Adriano Carollo que conduziu Miguel de Oliveira ao cinturão mundial e participou de 5 jogos olímpicos, inclusive guiando Servílio ao bronze em 1968 no México. Servílio também foi homenageado. O ativista social Nilson Garrido e o comentarista Sidnei Dal Rovere, ambos ex-pugilistas, também foram homenageados.

O evento contou com o Senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP), show da banda Tia Zica e da bateria da Nenê que teve sua madrinha Debora Caetano como ring girl. Outro trunfo foi ter no público pessoas da região e não só fãs ardorosos do boxe como ocorre na maioria dos eventos. Para assistir aos combates bastava doar um quilo de alimento não perecível.

Errata: a luta de Jackson Jr. foi pelos meio-pesados (79,9 kg).